A INTERFACE DISCURSO E GRAMÁTICA: COMO TIRAR PROVEITO DAS ESTRATÉGIAS DE CAPTAÇÃO DO DISCURSO DA PUBLICIDADE NA AULA DE PORTUGUÊS
Rosane Santos Mauro Monnerat  (UFF)

Neste minicurso, pretende-se mostrar que é possível dinamizar as aulas de língua portuguesa, articulando categorias de língua e categorias de discurso. Assim, a partir da análise do fenômeno da publicidade pela ótica da sedução/persuasão, pretende-se investigar as estratégias do contrato comunicativo do texto publicitário, começando-se pela da singularização, procedimento por meio do qual se procura distinguir o produto de todos os outros, tornando-o único. Um dos mecanismos característicos desse tipo de estratégia é o da definitivização, ou seja, o destaque conferido pelo artigo definido ao produto. Além deste, podem-se citar outros procedimentos, tais como as escolhas lexicais, responsáveis pela direção argumentativa do texto, o emprego do grau superlativo dos adjetivos, do nome próprio, que confere identidade à marca, o emprego do imperativo, usado mais para sugerir do que para ordenar, dos adjetivos e dos advérbios, de valor axiológico, dentre outros. Destacam-se, portanto, categorias gramaticais colocadas a serviço da construção da mensagem publicitária. Serão focalizados, ainda: a organização discursiva do texto publicitário (tipos enunciativos, narrativos, argumentativos); os processos de intensificação responsáveis pelo sentido hiperbólico do discurso da publicidade; as ideologias e os mitos a ele subjacentes; a mensagem simbólica construída na interseção entre o dizer e o não dizer e as estratégias comunicativas desencadeadoras do humor e da ironia; a interação entre os códigos linguístico e icônico, atravessados pela simbologia das cores. Enfim, procurar-se-á estabelecer por meio de que codificações linguísticas se apresentam as imagens de mundo reveladas, na publicidade, pela ideologia euforizante da sociedade de consumo. E isso porque na análise do discurso da publicidade, deve-se levar em conta não só os mecanismos ideológicos que levam o consumidor a comprar e, até mesmo, a modificar seus julgamentos de valor, mas, sobretudo, o aspecto linguístico que suporta e veicula esses argumentos publicitários.