HISTORIOGRAFIA DA LINGÜÍSTICA BRASILEIRA NO SÉCULO XIX.
Olga Coelho (USP) e Maria Mercedes Hackerott (IP/PUC-SP)

A Historiografia Linguística é a disciplina que descreve e explica como o conhecimento linguístico foi obtido, formulado e comunicado através do tempo (Swiggers, 1990). O historiógrafo da linguística analisa os conceitos apresentados em uma dada obra e reconstroi aspectos do cenário que tenham sido relevantes para sua emergência, seu sucesso ou fracasso. Assim, o historiógrafo da linguística admite que a continuidade ou descontinuidade de uma determinada teoria, de determinados conceitos ou de determinadas práticas não depende exclusivamente da coerência  interna de sua fundamentação. Fatores externos interferem sobremaneira no percurso desenvolvido por um autor, uma escola, uma tradição. Para analisar como uma dada teoria se sobrepõe a outra concorrente, Murray (1994) propõe como parâmetro de análise a investigação da capacidade de liderança intelectual ou organizacional da geração que propôs e/ou utilizou a teoria. Essa lideraça é que seria responsável pela formação de grupos de pesquisa e a circulação efetiva de suas ideias nos canais apropriados de divulgação.
A partir destes pressupostos sobre o fazer historiográfico, o presente minicurso pretende analisar como se realizou o debate sobre a autonomia do Português do Brasil, emergente no século XIX. Para tanto, serão analisados textos canônicos como gramáticas e dicionários e textos não canônicos publicados pela imprensa periódica da época.