CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FONOLÓGICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: A QUESTÃO DA ADAPTAÇÃO DE ESTRANGEIRISMOS
Gladis Massini-Cagliari (UNESP/Araraquara; CNPq)

Esta sala temática discute a questão da identidade fonológica, investigando a maneira como falantes nativos de Português Brasileiro (PB) pronunciam palavras estrangeiras, sobretudo de origem inglesa. Do ponto de vista da identidade fonológica do PB, a questão a ser examinada é a seguinte: pode a pronúncia dos estrangeirismos ser considerada "brasileira"? Em outras palavras, em que consiste a identidade fonológica do PB? Essa "identidade" estende-se à pronúncia dos empréstimos, mesmo recentes? No entanto, há que se considerar que há diferenças quanto à adaptação de estrangeirismos, se se consideram, por um lado, os nomes comuns e, por outro, os nomes próprios. Em contraste com os nomes comuns, antropônimos de origem estrangeira nem sempre se "enquadram" bem nos parâmetros da fonologia do PB. Muitas vezes, os falantes carregam para o PB traços da pronúncia original do nome, trazendo para o sistema desta língua características que não lhe são comuns, principalmente em termos prosódicos. Neste sentido, o estudo da pronúncia de nomes próprios de origem estrangeira usados no Brasil pode trazer importantes contribuições para a determinação da identidade fonológica do PB, por constituir-se em um caso em que os limites entre o que é e o que não é português são explorados pelos seus próprios falantes nativos. Pretende-se, também, discutir as motivações para a adoção de nomes estrangeiros prosodicamente tão "estranhos" ao contexto da prosódia do PB, principalmente ligadas a questões extralingüísticas, de desejo de mudança de status quo, ou a questões estilísticas (caráter "diferente", "exótico" dessas palavras).