REPRESENTAÇÕES DE LÍNGUA E DE CULTURA DO BRASIL
NA PERSPECTIVA DE ESTRANGEIROS DA ÁREA DE NEGÓCIOS

Andrea Belfort (UFRJ/UFF)

Os primeiros anos do século XX foram marcados por mudanças significativas, pois observamos o estabelecimento de uma nova ordem político-econômica em paises classificados normalmente como emergentes. Nesse cenário, podemos incluir o Brasil graças, entre outros fatores, à estabilidade conquistada ao longo das últimas décadas. Diante do exposto, verificamos um aumento crescente do interesse de outros países em estabelecer relações comerciais com nosso país e da necessidade do aprendizado da língua portuguesa e da cultura brasileira para a concretização de negócios. Como decorrência desse processo, surgiram, então, propostas efetivas de material didático para ensino de Português do Brasil para Estrangeiros-Negócios (PBE-N). Registra-se, entre os textos inseridos nesses materiais, um número significativo de depoimentos de estrangeiros sobre suas experiências no país. Para este estudo, selecionamos, então, um desses materiais para análise das representações do Brasil e da língua falada no país nesses depoimentos. Utilizando como fundamentação a teoria das Representações Sociais (JODELET,2001), selecionamos quatro textos da seção De braços abertos objetivando fazer um levantamento das representações de língua e de cultura presentes nos mesmos. Como resultado de nossa análise, apontamos elementos eufóricos e disfóricos atribuídos ao povo brasileiro e ao país na perspectiva de estrangeiros inseridos no mundo dos negócios.

PALAVRAS-CHAVE: Português do Brasil para estrangeiros-negócios (PBE-N).
Análise de material didático de PLE. Representações sociais.

 

DA GEOLINGUÍSTICA PARA A SOCIOGEOLINGUÍSTICA

Adriana Cristina Cristianini – UFU; GPDG/USP

Nas falas de sujeitos, percebemos a interferência, em suas escolhas, daquilo em que ele acredita, nos costumes, nas ideologias, no como ele se vê e no como ele vê o outro. Além disso, os sentidos se dão na interação entre os sujeitos, que estão situados num determinado tempo, num dado espaço, e pertencem a um grupo. Esses sujeitos carregam a ideologia da comunidade na qual estão inseridos e trazem consigo crenças, costumes, valores culturais e sociais.
Segundo Orlandi (2002), ao significar, o sujeito também se significa e é devido a isso que podemos dizer que o sujeito e o sentido se constituem simultaneamente. Diante do exposto, surge a necessidade de ampliarem-se os horizontes dos estudos geolinguísticos e cunhou-se o termo Sociogeolinguística. Os estudos sociogeolinguisticos, mais que apresentar um rol de designações por meio dos atlas, retratam a cultura, as crenças, as memórias e o modo de ver o mundo dos integrantes de uma comunidade linguística em dado espaço geográfico, numa determinada época.
Apesar de se tratar de estudos de determinada etapa sincrônica, essas pesquisas também revelam aspetos que se reportam à atualização do léxico num processo de mudança linguística e à compreensão das subjacências presentes a cada designação.
Este trabalho tem como objetivo:
(i) propiciar uma discussão sobre o termo Sociogeolinguística para estudos com essas características;
(ii) apresentar exemplos de possíveis análises na perspectiva sociogeolinguística.

PALAVRAS-CHAVE: Sociogeolinguística; Geolinguística; Língua Portuguesa.

 

LÍNGUA PORTUGUESA COMO MARCO DE PODER
NA OBRA DE JOÃO DE BARROS E NA CPLP.

Adriana de Souza (PUC-SP)

Esta comunicação traz como problema a visão política e econômica da Língua Portuguesa exposta pelo gramático João de Barros no século XVI e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Temos como objetivos observar os papéis que a Língua Portuguesa tem representado desde o século XVI até os dias atuais. O trabalho justifica-se pela necessidade de observar a língua como marco de poder, mas especificamente, no modo de relação, pois a língua pode surgir como língua oficial, de mercado e de trabalho. Para desenvolvermos a pesquisa utilizamos como corpus a obra Grammatica da Lingua Portuguesa de João de Barros e as informações do site da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Por se tratar de um estudo historiográfico da obra de João de Barros utilizamos os princípios de Koerner, observando a contextualização, a imanência e a adequação. Como resultados da pesquisa temos a perspectiva de uma língua que é utilizada por mais de 200 milhões de falantes em quatro continentes, e que, portanto continua a ser um marco de poder pelo número de falantes e pelas possibilidades dessa língua que transfigura como língua materna,oficial, de mercado e de trabalho.
Palavras-chave: CPLP, gramatização, língua portuguesa, Portugal

 

UM OLHAR SOBRE O ENSINO DA LÍNGUA PADRÃO NA ESCOLA

Adriana Eugênia Antony Afonso (UNINORTE)

O ensino da língua materna vem sofrendo inúmeras mudanças desde o surgimento da linguística. As discussões sobre a linguagem e sobre o desenvolvimento linguístico do falante tentam mostrar uma nova prática de ensino, inovadora e eficiente, mas que suscita muitas dúvidas aos educadores, fazendo-os praticar ainda a educação tradicional e gramaticalista. Esta pesquisa pretende analisar a prática docente no Ensino Fundamental (3º e 4º ciclos) observando o nível de educação linguística e prática de ensino da língua padrão utilizada nas escolas. Educadores, de escolas públicas e particulares, foram questionados sobre o assunto, para que fosse possível estabelecer uma reflexão entre a teoria e a prática da sala de aula. Observou-se que, apesar das novas tendências e discussões no âmbito educacional, os educadores ainda possuem certo tradicionalismo evidenciado no ensino da gramática normativa, utilizando, muito pouco, das práticas da linguagem sugeridas pelos PCNs. Da mesma forma, há pouca compreensão acerca desse documento, além de também não conseguirem entender a real importância que a linguística possui no processo de ensino da língua materna. Por tudo isto, o resultado corroborou a não conscientização dos profissionais da educação acerca da importância de se trabalhar a língua padrão, partindo, todavia, de uma educação linguística, que busca a adequação e, principalmente, garante o desenvolvimento linguístico, cognitivo e idiomático do falante e ainda, que é necessário se repensar a formação inicial dos professores de língua portuguesa.

Palavras-chave: Ensino de língua portuguesa, Língua Padrão, Prática docente.

 

O LÉXICO E OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE SENTIDOS PARA UMA LEITURA SIGNIFICATIVA: UMA FÁBULA E SUAS VERSÕES EM TRÊS TEMPOS

Adriana Menezes Felisbino  (PUC-SP)

Este trabalho resulta de uma pesquisa realizada com alunos de 6ª série/ 7º ano do Ensino Fundamental, que focalizou, por meio da aprendizagem de práticas de leituras significativas, transformar o aluno não-leitor em aluno-leitor desenvolvendo estratégias sócio-cognitivo-interativas de produção de sentidos, que facultam a ampliação dos processos de interpretação, com vistas a descobrir novos-outros saberes. Trata-se de um estudo referente à Educação Linguística, cujos corpora selecionados, incidiram sobre a escolha de um tipo de texto situado na civilização do oral: a fábula. Transcrito para a civilização da escrita esse tipo de texto ou gênero, mantém a sua permansividade nas salas de aulas e se integra a outros textos do denominado ―gênero didático, onde funcionam como textos-produtos. Nesse sentido, para tratar da progressão semântica de um só tema, em três versões - tendo o ensino e a aprendizagem da leitura significativa como sistema de referenciação teórica – foram selecionados, desenvolvidos e organizados pressupostos teóricos da Linguística Textual da vertente sócio-cognitivo-interativa. Adotou-se um procedimento teórico-analítico por meio do qual foram propostas estratégias de leitura de que resultaram um modelo de análise, seguido de uma projeção de proposta didática, com vistas ao desenvolvimento de habilidades de produção de sentidos, de modo a contemplar as funções linguística, comunicativa e epistêmica como fundamento e fundação da leitura significativa, tendo por ancoragem as estratégias léxico-gramaticais.

Palavras-chave: léxico, leitura significativa, Educação Linguística.

 

A “REDE DO TAS” NA DESCONSTRUÇÃO DO ETHOS DO POLÍTICO BRASILEIRO

Adriano Charles Cruz (UFRN)

A crise da política instaurada na pós-modernidade, sobretudo após a queda do muro do Berlim, proporcionou à emergência de uma série de discursos contrários a atuação político-partidária. Nesse contexto, pretendemos investigar como os textos verbais e sincréticos presentes na coluna semanal Rede do Tas, do humorista Marcelo Tas, publicada na Revista IstoÉ, constrói um discurso do político brasileiro por meio da derrisão. Segundo Bonnafous (2001), a derrisão está ancorada no processo discursivo de desqualificação do outro através do que os antigos chamavam de zombaria. O discurso polêmico é a marca da coluna, manifesta na descrição que a acompanha: “polêmica e humor nas redes sociais por um especialista no assunto”. Como suporte teórico-metodológico desta pesquisa em andamento, adotamos a Análise de Discurso de linha francesa. A Rede do Tas tem um caráter inovador tanto na forma como no conteúdo: o humorista elege intervenções dos internautas às suas postagens nas redes sociais (Twitter e Facebook) e traduz, a partir da disposição gráfica, o movimento dos “hiperlinks” nas páginas impressas da revista. Dessa forma, há uma amálgama de textos marcados pela presença da alteridade e pelo funcionamento do interdiscurso.Apesar da diversificação de sujeitos-autores presentes nos textos, defendemos a hipótese de que há opredomínio de um único discurso antipolítico partidário, cujas raízes devem ser encontradas no macro contexto sócio-histórico. Elegemos como materialidade discursiva, os textos de cunho político que explicitavam de maneira clara os sujeitos políticos representados. Nosso recorte temporal abarca os três primeiros meses de 2012. Como resultados preliminares, identificamos a construção de um antiethos do político a partir dos recursos discursivos da paródia, do trocadilho e da ironia.
Palavras-chave: Discurso. Ethos. Rede do Tas.

 

“NO CENTRO DO JOGO, O ARTIGO. VIU, PROVOCOU... PRODUZIU?”

Adriano Neves da Costa
Instituto Federal do Amazonas (IFAM) – Campus Coari

Este trabalho é um registro de uma experiência didática no ano de 2010, com alunos do ensino médio. A finalidade foi promover o letramento, implementando práticas de leitura e escrita com foco em gêneros textuais, trabalhados por meio de sequências didáticas. Sempre se constatou que parte dos estudantes do nível médio não tem o hábito de ler e produzir textos argumentativos com eficácia, por causa de falhas no método de ensino. Por isso, o primeiro gênero foi o artigo de opinião, muito embora já se tivessem previsto as dificuldades de tempo, espaço e inexperiência dos alunos em lê-lo e produzi-lo. Resolvemos utilizar a estratégia do motivo, o para que escrever. Criou-se uma sequência de leituras curtas, inclusive de imagens, como fontes para a realização de debates, nos quais prevaleceu a ideia de construir opiniões que pudessem auxiliar a produção dos alunos no plano do conteúdo para divulgá-la. Houve, posteriormente, a fase de expor a eles os elementos linguísticos do gênero, para que só então pudessem executá-lo. Entendeu-se que o trabalho só era possível com planejamento, cumprimento de etapas e aferição de resultados por meio da correção, refacção e avaliação criteriosa dos textos. Para isso, foram cruciais os princípios sociointerativos propostos pela obra da pesquisadora Irandé Antunes sobre leitura e escrita na sala de aula.
 Palavras-chave: Leitura, produção, sequência didática.

 

“É PROIBIDO PROIBIR”: ESTILO E SUBJETIVIDADE
NO DISCURSO DE CAETANO VELOSO
Agenor Ribeiro de Lima
 
O principal objetivo desta comunicação é o de identificar traços de subjetividade e estilo em um enunciado de Caetano Veloso, proferido no III Festival Internacional da Canção. No discurso improvisado do artista, ao ser impedido pelo público de defender sua música, é possível localizar marcas de diversos elementos como a situacionalidade, a expressividade e a subjetividade em uma tensão entre os envolvidos no processo enunciativo, representados pelo artista, pelo público, por membros do júri e da comissão organizadora. Nossa pesquisa justifica-se pois o estudo desses elementos, em uma instância determinada, pode nos amparar em uma ampla compreensão da subjetividade e do estilo. A metodologia que decidimos empregar foi a de analisar o enunciado com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, procedendo a um estudo da enunciação sem deixar de observar a situação de repressão política da época, as diversas questões circunscritas naquele festival e sua manipulação pela mídia televisiva. Como fundamentação teórica buscamos os pressupostos da Linguística da enunciação, em especial as contribuições de Émile Benveniste e Dominique Maingueneau. Como resultado parcial de nossa pesquisa, parte do projeto Enunciação, sentido, expressividade e ethos discursivo do programa de mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul, identificamos uma intensa e conflituosa dinâmica de troca verbal, produzindo fórmulas fáticas e julgamentos repletos de palavras evocativas, com valores emotivos e avaliativos.
Palavras-chave: Subjetividade. Enunciação. Caetano Veloso

 

A INTERGENERICIDADE NO TEXTO PUBLICITÁRIO

Alaíde Aparecida dos Santos Fernandes – Faculdades Atibaia – FAAT

Esta pesquisa insere-se na área da Linguística do Texto e do Discurso e propõe-se a estudar a intergenericidade como recurso estratégico na produção de textos publicitários. Esse estudo justifica-se pela atualidade do conceito, na literatura linguística, e pela presença desse recurso na mídia impressa atual, o que incita uma melhor compreensão do tema. Tem-se, por objetivo geral, contribuir com as pesquisas acerca dos gêneros textuais/discursivos, principalmente, no que diz respeito às transmutações genéricas. Tem-se, por objetivo específico refletir sobre as estratégias cognitivo-discursivas que a leitura  dos gêneros transmutados possibilitam, sendo estas consideradas em relação aos gêneros que não sofrem transmutação. Tendo por referencial teórico os estudos de Bakhtin (2000) acerca dos gêneros discursivos e de Marcuschi (2002) sobre intertextualidade tipológica, pretende-se verificar, em anúncios televisivos, como ocorre o processo inter-genérico. Uma questão que se colocou, durante a pesquisa, diz respeito aos procedimentos de leitura que esses textos híbridos requerem, ou seja,  as estratégias utilizadas para a construção de sentidos de um texto intergenérico são as mesmas que se utilizam para a compreensão dos demais textos? As considerações de Kleiman (2004) sobre os aspectos cognitivos da leitura e as de Orlandi (2001) sobre os discursivos, subsidiaram essa parte da pesquisa. Apesar de não serem conclusivos, os resultados até então obtidos, além de propiciarem uma melhor  compreensão do processo inter-genérico, evidenciam as razões pelas quais o texto publicitário o utiliza.

 

A ABORDAGEM DO TEXTO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM SALA DE AULA

Alessandra Fabiana CAVALCANTE (Universidade Cruzeiro do Sul)

O uso da língua nas mais diversas situações de comunicação deve ser uma preocupação dos professores de Língua Portuguesa. Estes devem ser apropriar de uma variedade de gêneros textuais que circulam em vários contextos de comunicação, como textos jornalísticos, textos publicitários, artigos de revistas de divulgação científica e trazê-los para a sala de aula. Esse tipo de abordagem suscita no aluno a busca de um conhecimento das variadas formas de se comunicar e de se construir um texto. Sendo assim, elencamos para a apresentação deste trabalho, o texto de divulgação científica publicado na Revista Língua Portuguesa, cuja abordagem figura em torno dos diversos conceitos da gramática normativa. Nosso objetivo é investigar tanto a organização textual desses textos quanto a linguagem utilizada na sua redação. A análise consiste em identificar de que maneira o texto de divulgação científica contempla esses elementos e qual a sua implicação no ensino de conceitos gramaticais e de estratégias de leitura. Para cumprir os objetivos pretendidos, fundamentamo-nos nos postulados teóricos da Linguística Textual de linha sócio interacional cognitiva e em teorias que consideram a Enunciação. Para os estudos sobre leitura em geral, tomamos como base os estudos de Koch e Elias (2006). Para questões ligadas à gramática normativa, recorremos aos conceitos apresentados por Neves (2002). Com respeito às questões relativas à organização textual do texto jornalístico, tomamos como base os estudos de Bonini (2003). No que se refere aos estudos do texto de divulgação científica, utilizamos como referência básica, principalmente, os estudos de Zamboni (2001).

 

E-FORUM e o Ensino de língua portuguesa

Alex Batista Lins (IFBA/UFBA/PROHPOR/GELING)

O presente estudo centra-se nas tipologias textuais que se apresentam no e-forum, mídia que tem conquistado cada vez mais lugar na sociedade, no mercado e até na escola. Pretende-se discorrer sobre o e-forum, os usos do discurso nesse ambiente, seu funcionamento e aplicação pedagógica nas aulas de língua portuguesa, como meio instigante ao alunado na identificação de tipos discursivos e textuais, na exploração da linguagem e no aprimoramento dos mecanismos de coesão e corência. Apresenta-se uma classificação dos tipos textuais no e-forum, refletindo sobre as inúmeras possibilidades de trabalho via essa ferramenta em sala de aula. Toma-se, como corpus, um conjunto de 62 intervenções de indivíduos sobre a reportagem “Ministro nega irregularidades em obras apontadas por revista”, veiculada em 16/07/2011 no portal Terra. Abordam-se os tipos de textos presentes nesse fórum, seguindo-se da exploração de seus aspectos linguísticos e literários. O estudo fundamenta-se na Linguística Textual, nos pressupostos teóricos de Marcuschi (2003), Koch (2007, 2004), Koch e Travaglia (1989) e Fávero (1991), com aportes nas preceptivas retóricas de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2000). As análises mostraram uma variedade de textos e discursos, muitos destes fogem ao tema central da discussão, numa falta de coerência e coesão textuias. Tal gênero pode colaborar na reflexão sobre os processos de constituição textual e de manutenção temática, servindo sobremaneira ao ensino de língua portuguesa, notadamente na abordagem linguística, literária e da própria produção textual.
PALAVRAS-CHAVE:  E-forum; Novas mídias; Ensino de Português.

 

BRASIL E PORTUGAL: ANÁLISE DE UM AMBIENTE DE CONVERGÊNCIA NA LUSOFONIA – MÚSICA COMO EXPRESSÃO CULTURAL”

Alexandre Miguel Rosella Porfirio (UPM)

Esse trabalho se propõe a apresentar uma análise das culturas brasileiras e portuguesas. Desejando contribuir para os estudos da lusofonia, pois o abstrato de vínculo entre Portugal e Brasil é a Língua Portuguesa. Serão realizadas analises de letras de músicas destes dois países. As peças utilizadas para demonstrar a manifestação cultural brasileira será música caipira, conhecida como moda de viola. Na manifestação cultural portuguesa, será o estilo musical chamado fado. Alguns usos e costumes descritos nestes estilos musicais serão destacados, demonstrando a presença da pertença identitária. O objetivo é responder perguntas como: 1) Existe comunicação intercultural entre Portugal e Brasil nos aspectos visíveis da manifestação cultural musical destes países? 2) Esta mesma comunicação intercultural revela aspectos de manifestação de identidade destes povos? Para responder estas questões serão levantadas peças musicais gravadas nos gêneros apontados no período de 1930 e 1940;
Palavras Chaves: Lusofonia, Identidade, Questões Culturais.

 

A GRAMATICALIZAÇÃO DA EXPRESSÃO A GENTE COMO PRONOME PESSOAL
DO CASO RETO

Almir Grigorio dos Santos (PUC/SP)

O tema desse trabalho é a gramaticalização da expressão a gente como pronome pessoal do caso reto. A pergunta de pesquisa proposta é se a expressão “a gente” está substituindo o pronome pessoal do caso reto nós e sofrendo, portanto, processo de gramaticalização na língua escrita?
Sabemos que muitas palavras, na língua em uso, mudam de classe gramatical e de função, processo denominado gramaticalização. Nesse sentido, nosso principal objetivo foi verificar se essa expressão está substituindo o pronome pessoal do caso reto nós na língua escrita, em crônicas de Arnaldo Jabor publicadas no jornal “O estado de São Paulo” no Caderno 2, baseando-nos teoricamente nos estudos sobre gramaticalização propostos por Castilho (1997) e Gonçalves et alii (2007).             
Gonçalves (2007) diz que a constante renovação do sistema linguístico – percebida, sobretudo, pelo surgimento de novas funções para formas já existentes e de novas formas para funções já existentes – traz à tona a noção de “gramática emergente” (Hopper, 1987), concepção assumida de modo explícito por diversos estudiosos da gramaticalização. Já Castilho (1997) define gramaticalização como sendo o trajeto empreendido por uma forma linguística, ao longo do qual, ela muda de categoria sintática (= recategorização) recebe propriedades funcionais na sentença, sofre alterações semânticas e fonológicas, deixa de ser uma forma livre.
O resultado obtido na análise mostra que a expressão a gente está se gramaticalizando.

Palavras-chave: gramaticalização; mudança linguística; funcionalismo.

 

FORMAS DE ARTICULAÇÃO TEXTUAL NA MÚSICA O PULSO, DE ARNALDO ANTUNES.

Anaíza Rodrigues da Silva – (Mestranda LPO - PUC-SP)

O objetivo do trabalho é apresentar formas de articulação ou progressão textual, fundamentais para a obtenção da coesão textual, e demonstrar como se dá a articulação textual na canção O Pulso, de Arnaldo Antunes.
Um dos desafios ao se elaborar um texto é a obtenção da progressão textual, garantindo  que a mensagem seja transmitida com fluidez, coesão e coerência textuais.
A escolha deste texto se deu por tratar-se de exemplo de produção que não se pode analisar por frases ou parágrafos isoladamente, cujo sentido só se estabelece quando extrapolamos o limite da frase e analisamos o texto como um todo.  Obtém-se a articulação textual de maneira não convencional, privilegiando o uso de substantivos e utilizando apenas um verbo, sem conectivos, o que foge à construção mais comum de textos, que se dá com os articuladores textuais. É nosso objetivo responder: como se dá a articulação textual na música? Quais os efeitos de sentido que os recursos utilizados trazem ao texto? O texto pode ser considerado coeso?
Para tentar responder a essas questões, baseamo-nos em Fávero (2006), Koch (2009), Koch e Elias (2007).  Organizamos o artigo em três seções que abordam: um breve relato sobre o desenvolvimento dos estudos em Linguística Textual; o conceito de coesão e as formas de progressão textual e, por fim, a aplicação dos conceitos e demonstração dos recursos utilizados pelo autor da música para a articulação ou progressão textual na canção analisada.
Palavras-chave: progressão textual, coesão, coerência

 

A ABORDAGEM COMUNICATIVA COM ENFOQUE INTERCULTURALISTA NO ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA.

Ana Katy Lazare Gabriel (PUC/SP)

Esta comunicação situa-se na área de ensino de língua portuguesa na modalidade brasileira, para falantes de outras línguas e tem por tema tratar da formação de professores especialistas desenvolvida no NUPPLE (Núcleo de Pesquisa Português Língua Estrangeira), filiado ao IP (Instituto de Pesquisas Sedes Sapientiae) da PUC/SP. Assim, busca colocar em discussão como a abordagem comunicativa com enfoque interculturalista é aplicada como elemento facilitador em situações de entraves interculturais e normativos em sala multicultural de PLE. O NUPPLE objetiva capacitar professores técnicos de PLE com especificidade para a atuação no ensino/aprendizagem de português para estrangeiros em face da falta de cursos de formação inicial e continuada de profissional para este tipo de docência. O mercado de trabalho em questão demanda um profissional capaz de interrelacionar as abordagens do ensino de língua estrangeira às do Português Língua Materna. Percebe-se que alguns professores ainda têm a crença em que ensino interculturalista é a apresentação de aspectos específicos e/ou peculiares de uma determinada cultura dissociados do ensino da língua alvo. Contudo, no enfoque interculturalista a cultura é subsídio para explicar as construções em língua. Conforme Kramsch (1993), no diálogo entre culturas há a possibilidade de compreender a posição do outro e refletir a nossa própria cultura, desse modo, reelaboramos e ressignificamos nossas práticas discursivas. Portanto, o aprendizado se dá pela comparação e confronto da cultura do aprendiz e da língua-alvo, o que propicia melhor compreensão e uso da língua. A metodologia utilizada nesta pesquisa etnográfica, de base qualitativa, envolveu sessões colaborativas e entrevistas semi-estruturadas com os professores e coordenadores d o NUPPLE. Os resultados obtidos indicam que: 1. Há a necessidade de uma formação inicial e contínua específica de professor especialista de PLE; 2. A utilização da abordagem interculturalista propicia condições de diagnosticar e sanar as dificuldades em sala de aula multicultural; 3. O enfoque interculturalista capacita o aprendiz a compreender e se fazer entender em situações de uso cotidiano.

Palavras-chave: professor técnico, abordagens, interculturalismo


LÍNGUA PORTUGUESA NO MARANHÃO, NO SÉCULO XIX, NA VISÃO DE ANTÓNIO DA COSTA DUARTE, EM UMA PERSPECTIVA HISTORIOGRÁFICA

Ana Lucia de Jesus Ribeiro (UEMA)
Sônia Maria Nogueira– IP-PUC/SP (UEMA)

Essa pesquisa faz parte do Projeto PIBIC/UEMA, bolsa de Iniciação Científica, centrado em fazer uma reflexão acerca da Gramaticografia Maranhense, no início do século XIX, a fim diferenciar as diversas concepções de gramática e, a partir delas, ver as várias formas de entender o ensino de Língua Portuguesa, no Maranhão. Mostrando, assim, as contribuições desses gramáticos para os dias atuais. Nosso corpus constitui-se em fonte documental primária, escrita e produzida, nesse período, a obra Compendio da Grammatica Philosophica da Língua Portugueza, de António da Costa Duarte, 1829. Com isso, embasamo-nos, teoricamente, nos procedimentos metodológicos da Historiografia Linguística, com Koener (1996), partindo de seus três princípios básicos: Contextualização, Imanência e o de Adequação. Para tanto, utilizaremos para a adequação a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara (2000). Vale ressaltar que este estudo encontra-se em fase inicial.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, Historiografia Linguística, Gramaticografia Maranhense.

 

GÊNEROS TEXTUAIS E EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA - SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO MÉDIO

Ana Lúcia Ferreira Alves (PUC-SP)

A pesquisa destinou-se a apresentar uma proposta no âmbito de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa e, mais especificamente, no tocante ao estudo de sequências didáticas que contemplem os gêneros textuais como ferramenta para a formação dos estudantes dentro dos preceitos da Educação Linguística.      O objeto de estudo foi a produção textual dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola pública de São Paulo, escolhida em detrimento das instituições de caráter privado pelos problemas financeiros, sociais e gestores que permeiam as escolas públicas do país. Os métodos para obtenção dos resultados ao longo da pesquisa se deram por realização de aulas ligadas especificamente à produção de gêneros textuais, pelo acompanhamento de tais produções e pela comparação das práticas utilizadas em sala com teorias já existentes.
Para a consolidação da pesquisa, foram utilizados, dentre diversos outros, dois autores principais como fundamentação teórica essencial: Bakhtin, com seus estudos sobre a linguagem e os gêneros do discurso; e Marcuschi, a partir de suas análises sobre os gêneros textuais. Os resultados da pesquisa são constatados a partir da análise das produções obtidas durante e ao final do processo, as quais mostraram evoluções significativas no que diz respeito à qualidade de escrita dos alunos e adequação ao gênero textual proposto. Tais resultados podem ser conferidos nos anexos da pesquisa, publicada na biblioteca virtual da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Palavras-chave: Educação linguística, Gênero textual, Sequências didáticas.

 

ARGUMENTOS QUE FUNDAM A ESTRUTURA DO REAL EM ARTIGO JORNALÍSTICO
EM CARTA DE LEITOR

Ana Lúcia Magalhães FATEC e Grupo ERA (PUC-SP)

A retórica está, ao menos em alguma medida, presente em todas as manifestações discursivas. Revela-se principalmente por meio de argumentos utilizados para persuadir (pela emoção) e convencer (pela razão) um auditório sobre determinada questão polêmica. Embora convencimento e persuasão tenham sido divididos com finalidade didática, alguns autores consideram que não há essa divisão. O objetivo deste artigo é evidenciar o caráter retórico de textos a partir do estudo de argumentos conforme a classificação de Perelman y Tyteca. Não é intenção esgotar o assunto, nem mesmo mostrar toda a classificação, que é extensa e faz parte de um Tratado da Argumentação, mas verificar em que medida os argumentos que fundamentam a estrutura do real (exemplo, ilustração e modelo) podem ser reforços decisivos para a efetividade daqueles discursos. A metodologia inclui a análise retórica específica de três textos veiculados na imprensa escrita.Os resultados apontam para a comprovação da importância dos argumentos que fundam a estrutura do real.

Palavras-chave: análise do discurso, classificação de argumentos, retórica

 

CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA PARA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: QUESTÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS

Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL)

A oferta de cursos de licenciatura na modalidade a distância difunde-se no Brasil, com a expansão de cursos oferecidos pelas universidades federais, e as universidades privadas seguem a mesma tendência. Esta comunicação apresenta questões teóricas e metodológicas envolvidas na elaboração de um curso de Letras a ser ofertado a distância por uma universidade privada. Os trabalhos contemplam a concepção do curso, a elaboração do material e a formação dos profissionais para atuar a distância, considerando que a interação e a transmissão de conhecimento, centradas no uso predominante da linguagem verbal, impõem constante reflexão em torno das práticas linguísticas próprias dos ambientes virtuais de aprendizagem. Partindo de um tema comum, as comunicações abordam aspectos teóricos, expõem desafios e indicam possibilidades metodológicas: Magalí Elisabete Sparano e Ana Lúcia Tinoco Cabral expõem parâmetros que nortearam a concepção do curso e as orientações aos responsáveis pela elaboração dos materiais; Manoel Francisco Guaranha aborda estratégias para a elaboração do conteúdo teórico de disciplina, considerando-o um gênero que exige cuidados especiais do ponto de vista textual e discursivo; Sonia Sueli Berti Santos aborda as estratégias de elaboração de material para o ensino de leitura verbo visual, considerando diferentes aspectos que permitem essa leitura; Silvia Albert expõe relato de experiência em tutoria de um curso de formação de tutores, evidenciando o uso da linguagem na interação. Os trabalhos fundamentam-se na Linguística Textual de abordagem sócio-interacional cognitiva, na Análise Dialógica do Discurso, e em teorias que tratam da enunciação, da interação verbal e da polidez.

 

COLÉGIOS CATÓLICOS FEMININOS: A EDUCAÇÃO NO COLÉGIO
NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO

Ana Paula Sapaterra (PUC/SP)

Este trabalho tem por objetivo analisar a educação nos Colégios Confessionais Femininos que se instalaram no Brasil, em especial o Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, de Itu, modelo ideal de educação das meninas pertencentes a alta oligarquia paulista. Para tal, optou-se pela escolha da História das Ideias Linguísticas (Auroux, Fávero, Orlandi) como vertente teórica para subsidiar este artigo.

Palavras-chave: História das Ideias Linguísticas, Colégios Confessionais Femininos, Colégio Nossa Senhora do Patrocínio.

 

ÁLVARES DE AZEVEDO E WILLIAM BOUGUEREAU: DIÁLOGOS INTERARTES

 Ana Paula de Toledo Soares  (PUC-SP)
Orientadora: Prof. Drª Vera Bastazin  (PUC-SP)

Literatura e pintura são manifestações de linguagem que expressam formas sensíveis de percepção do mundo. A presente pesquisa tem como objetivo estabelecer possíveis diálogos entre algumas telas de William Bouguereau e alguns textos de Álvares de Azevedo, bem como entre as estéticas nas quais se encerram as obras dos referidos artistas, considerando que ambos pertencem ao período romântico nas artes. Todavia, enquanto Álvares de Azevedo adere fielmente ao romantismo, o pintor francês William Bouguereau volta-se para o neoclassicismo. São realizadas as leituras das telas e textos por meio de um estudo teórico-crítico das manifestações artísticas pictóricas e literárias ligadas ao romantismo, a partir de procedimentos de análise que possibilitem a aproximação de elementos comuns entre as duas manifestações artísticas e, consequentemente, a distinção entre os elementos que marcam a especificidade de cada uma das produções. Algumas escolhas temáticas são tomadas como hipóteses para a realização das aproximações comparatistas, que podem indicar que movimentos artísticos divergentes são complementares. São elas: a representação da mulher, a sensualidade e o onírico. Como resultados, ainda que preliminares, apresentamos a seleção de títulos que nos parecem mais pertinentes para consolidar o suporte teórico que dará sustentação ao trabalho, cuja característica básica deverá ser fundamental para dominante reflexiva, crítica e analítica. Realizou-se também, até o presente momento, um estudo sobre os movimentos romântico e neoclássico e um estudo biográfico e contextual sobre os autores que compõem o corpus.

Palavras-chave: literatura comparada, romantismo, neoclassicismo.


REPRESENTAÇÕES DE LÍNGUA E DE CULTURA DO BRASIL NA PERSPECTIVA DE ESTRANGEIROS DA ÁREA DE NEGÓCIOS

Andrea Belfort (UFRJ/UFF)

Os primeiros anos do século XX foram marcados por mudanças significativas, pois observamos o estabelecimento de uma nova ordem político-econômica em paises classificados normalmente como emergentes. Nesse cenário, podemos incluir o Brasil graças, entre outros fatores, à estabilidade conquistada ao longo das últimas décadas.
Diante do exposto, verificamos um aumento crescente do interesse de outros países em estabelecer relações comerciais com nosso país e da necessidade do aprendizado da língua portuguesa e da cultura brasileira para a concretização de negócios. Como decorrência desse processo, surgiram, então, propostas efetivas de material didático para ensino de Português do Brasil para Estrangeiros-Negócios (PBE-N).
Registra-se, entre os textos inseridos nesses materiais, um número significativo de depoimentos de estrangeiros sobre suas experiências no país. Para este estudo, selecionamos, então, um desses materiais para análise das representações do Brasil e da língua falada no país nesses depoimentos. Utilizando como fundamentação a teoria das Representações Sociais (JODELET,2001), selecionamos quatro textos da seção De braços abertos objetivando fazer um levantamento das representações de língua e de cultura presentes nos mesmos. Como resultado de nossa análise, apontamos elementos eufóricos e disfóricos atribuídos ao povo brasileiro e ao país na perspectiva de estrangeiros inseridos no mundo dos negócios.

Palavras-chave: Português do Brasil para estrangeiros-negócios (PBE-N).
Análise de material didático de PLE. Representações sociais.

UM MODELO DE ESTRUTURA RETÓRICA DO GÊNERO
INTRODUÇÃO DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Andréa Pisan Soares Aguiar – PUC/SP

No ambiente acadêmico, são produzidos variados gêneros textuais, tanto orais, quanto escritos. Entre esses últimos, o gênero introdução reveste-se de especial importância, uma vez que é por meio dele que o autor apresenta sua pesquisa e explicita sua relevância. No caso da introdução de dissertação de mestrado, objeto deste estudo, sua organização baseia-se em uma estrutura textual prototípica, definida pela comunidade discursiva que a utiliza. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2005), o gênero citado é a parte inicial do texto mais amplo, na qual devem constar a delimitação do assunto, os objetivos da pesquisa, dentre outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. Tal indicação, contudo, parece não esclarecer de forma adequada a estrutura ideal de um texto introdutório dessa natureza. A fim de verificarmos os movimentos e passos retóricos específicos do gênero introdução de dissertação de mestrado comparamos as ocorrências observadas em nosso corpus com os achados de Swales (1990), que analisou introduções de artigos de pesquisa, e de Bunton (2002), que examinou introduções de teses de doutorado. Para procedermos a uma análise abrangente do gênero, selecionamos seis dos sete passos metodológicos propostos por Bhatia (1993). Optamos pela abordagem qualitativa e pelo método teórico-dedutivo. Entendemos que o modelo resultante desta pesquisa pode constituir um elemento auxiliar para a elaboração de textos do gênero, uma vez que possibilita a compreensão de sua estrutura retórica.
Palavras-chave: gênero textual, introdução, movimentos retóricos

CORDÉIS SUL-BAIANOS NAS AULAS DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Andréia Batista Lins (UESC)

Reflete-se sobre as diferentes possibilidades de uso da Literatura de Cordel como instrumento para formação de leitores literários conscientes, críticos e reflexivos em turmas do Ensino Médio, evidenciando a importância do cordel enquanto elemento literário e pedagógico-educacional. Fundamenta-se nos conhecimentos advindos do quadro atual das pesquisas desenvolvidas no campo do ensino de leitura e de literatura no Brasil, com enfoque nos usos, funções e nas manifestações da literatura de cordel, com destaque para a que se vem produzindo no eixo Sul da Bahia. Observam-se, para tanto, os aspectos teóricos e os procedimentos didáticos e metodológicos contemporâneos de que se valem os profissionais do ensino da leitura e da expressão literária na escola, sobretudo nas concepções bakhtinianas, nas disposições da Estética da Recepção e dos Parâmetros Curriculares do Ensino Médio, utilizados para respaldar as discussões. Argumenta-se sobre a importância de um ensino de literatura coadunado ao contexto sociocultural em que vivem os alunos e a própria comunidade escolar, no qual se procura integrar ao currículo letivo manifestações literárias da região em que a escola se insere. Os folhetos cordelísticos constituem-se em expressão literária de valor reconhecido; seus autores esbanjam em criatividade, ritmo e musicalidade. A composição dos cordéis obedece à métrica cuidadosa. Os textos impressionam pela observância temática, riqueza linguística e por instigar o leitor. Apresentam-se, assim, como importante recurso ao professor de Português e Literatura no Ensino Médio.

Palavras-chave:  Literatura, Cordel sul-baiano, Ensino Médio.

 

O USO DO MOODLE COMO APOIO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Andressa Cristina Coutinho Barboza
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Este relato de experiência pedagógica objetiva apresentar as possibilidades de utilização de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e suas mídias de comunicação para o gerenciamento de atividades de disciplinas curriculares que sejam desenvolvidas em múltiplos tempos e espaços educativos. Esse é o caso do Estágio Supervisionado, uma disciplina que acontece em diversos espaços e tempos. No caso dos cursos de licenciatura, com exceção dos encontros presenciais para orientação de estágio na universidade, os alunos cumprem as exigências do estágio em diferentes campos, como escolas públicas e instituições socioeducativas. Com a proposta de coordenar os trabalhos e sistematizar os produtos do Estágio Supervisionado, desde 2010, professores responsáveis por essa disciplina no curso de Licenciatura em Língua Portuguesa da Universidade de Ouro Preto investem na utilização do ambiente virtual de aprendizagem Moodle. Até o momento, foi possível perceber que a disposição estratégica de conteúdo e orientações no AVA, tendo em vista as metas e ações a serem cumpridas na disciplina, faz com que a sala virtual seja um forte ponto de apoio e referência aos alunos do Estágio Supervisionado. Isso tem garantido a articulação das variadas atividades realizadas nos diferentes campos de estágio e a vinculação destas ao Plano de Disciplina estabelecido pelo professor no início de cada semestre letivo.


PALAVRAS-CHAVE: Estágio supervisionado de licenciatura; Ambiente virtual de aprendizado; Formação de professores.

 

O USO DE MÁSCARAS NA LITERATURA:
PSEUDOINOCÊNCIA DE FLORBELA ESPANCA

Andressa Cristine Marçal da Silva
Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter/Grupo Uninter)

Costuma-se ensinar biografias de escritores nas aulas de literatura como fundamentais para a compreensão dos textos: é o dilema do autor e da autoria que ainda circula erroneamente entre professores de língua materna e estrangeira, principalmente na leitura de poesia, por ser um gênero literário carregado de polissemia e ambiguidade no uso das palavras. Este trabalho tem como objetivo desmistificar a relação estreita entre autor biográfico e obra literária a partir das máscaras poéticas utilizadas pela escritora portuguesa Florbela Espanca, cujos textos se mostram uma vivência literária do trágico, da mulher vítima e inocente, como uma experimentação ao mesmo tempo do drama em não ser possível dizer a verdade e da fuga de dizê-la. Para retirar a inocência que na tradição está atrelada a essa poetisa, será feita uma análise de alguns de seus poemas, contos e páginas de diário. Também será preciso um embasamento teórico sobre literatura a fim de se apreender o verdadeiro sentido do fazer poético moderno e contemporâneo; nesse caso, serão analisados os conceitos filosóficos de máscara e mentira com base em Nietzsche (Sobre a Verdade e a Mentira) e a distinção autor-pessoa X autor-criador feita por Mikhail Bakhtin em “O autor e o herói na atividade estética”. Por fim, será discutido um ensino voltado à fruição da obra literária em si, em substituição do ensino que hipervaloriza os fatos biográficos.

Palavras-chave: Autoria, Máscara poética, Florbela Espanca.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA A DISTÂNCIA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA

Angélica Lino dos Santos Moriconi (UNISA)
 Márcia Antonia Guedes Molina (UNISA)

O aluno que decide realizar um curso superior a distância deve ter habilidades específicas: concentração, possibilidade de dedicar algumas horas de seu dia para estudo, ser independente, etc. Essas características não são tão recorrentes em jovens recém saídos do Ensino Médio, até mesmo por falta de maturidade e, hoje, de acordo com recentes pesquisas, esse é o principal público da EaD. Somado a isso,  fazer com que tenham  domínio do padrão culto da Língua Portuguesa tem sido um problema a ser enfrentado pela Escola. Cada vez mais o texto escrito distancia-se do texto oral e as novas tecnologias foram registrando uma nova forma de expressão: a Língua Portuguesa utilizada nos meios mediáticos, segundo Marcuschi  (2003), une características do texto oral  com o do escrito. Assim, tornou-se um desafio para nós, professoras de Língua Portuguesa de  uma Instituição da Zona Sul de São Paulo, fazermos com que os estudantes da Educação a distância, futuros professores de amanhã, adquiram competência na forma padrão, dedicando-se ao seu estudo,  reconhecendo-a como uma das nossas variedades lingüísticas,  em especial, a  que deve chegar à escola, visto  que a não-padrão os alunos já dominam. Nosso objetivo neste trabalho é o de relatar as principais dificuldades apresentadas pelos alunos, descrevendo as ações propostas para saná-las. Constituíram nosso aporte teórico os ensinamentos da Linguística Textual, Sociolinguística e  Educação a distância.

PALAVRAS-CHAVE: Educação a distância; Ensino; Língua Portuguesa.


 

ESTUDO AMOSTRAL DA PONTUAÇÃO  E  DA ACENTUAÇÃO NOS TEXTOS DAS ORDENAÇÕES AFONSINAS  E  DO  CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 1916

Antonio Dall Fabbro (PUC SP)

Acentuação e pontuação sempre foram questões bastante controversas entre os estudiosos da língua portuguesa. Embora subordinadas a regras rígidas, as tarefas de acentuar e pontuar estiveram sob a discricionaridade de escritores, legisladores, juristas e gramáticos. Porém, com o crescimento do número de publicações e com o advento da informática, dissenções em torno do assunto tendem a abrandar-se.
O objetivo deste trabalho é comparar textos oficiais de boa lavra separados um do outro por lapso considerável de tempo, constatando a variação da tipologia desses sinais gráficos e do seu uso. Com essa abordagem, a pesquisa se torna relevante para todos os interessados nas mudanças havidas na Língua Portuguesa ao longo da sua existência, uma vez que a norma culta é bastante exigente quanto ao uso correto dos sinais de pontuação e dos acentos diacríticos.
A base metodológica empregada é a utilização dos princípios de Koerner: contextualização, imanência e adequação. Dessa forma, as comparações entre universos de dados são feitas por intermédio de técnicas de amostragem. Neste estudo, tomam-se como dados de comparação artigos de códigos de leis em que há semelhança de propósitos.
Constataram-se poucas diferenças entre o uso das regras vigentes de acentuação e de pontuação nos textos em comento. Porém, observaram-se iguais palavras nas Ordenações Afonsinas acentuadas de maneira diversa; semelhante fenômeno ocorreu respeitante ao Código Civil de 1916.
Palavras-chave: sinais diacríticos, pontuação, historiografia linguística.

 

AS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: NOVOS OLHARES SOBRE
O LETRAMENTO DIGITAL

Arlinda Cantero Dorsa  (UCDB-MS)

Esta pesquisa em andamento volta-se para a análise da formação discursiva docente no curso de direito de uma universidade privada, no uso de tecnologias de informação e comunicação, com um duplo objetivo: investigar (i) como tem ocorrido a formação continuada de cada professor participante do curso e que atua em cursos presenciais, semi presenciais e não presenciais na universidade; (ii) analisar as estratégias de leitura, produção e comunicação nas práticas discursivas dos docentes voltadas ao letramento digital. Tem como ponto de partida os estudos já realizados pelo Grupo de Pesquisas e Estudos em Tecnologia Educacional e Educação a Distância (GETED) no qual a pesquisadoras está inserida. Ao longo das décadas têm ocorrido profundas transformações e ampliações das possibilidades textuais e discursivas na comunicação mediada pelas novas tecnologias digitais e sobre esse assunto, vários estudiosos têm se debruçado na análise dessas mudanças. Investigar as práticas textuais e discursivas existentes implica analisar a formação docente em seu lócus de atuação e o esforço realizado para conseguir adaptar as suas práticas pedagógicas a essas transformações.
PALAVRAS CHAVE: Práticas discursivas; Letramento digital; Comunidades virtuais.

 

EXPRESSÕES CORRENTES NO PORTUGUÊS CAUSADORAS DE  DIFICULDADES PARA O APRENDIZ  ESTRANGEIRO

Aurora de Jesus Rodrigues (UBC)

Esta comunicação está situada na área do ensino de português língua estrangeira e trata do uso de formas gramaticais que contêm implícitos culturais e ideológicos. Tem-se por tema o uso da negação, da solicitação e da ordem que apresentam vários problemas de aprendizagem para os estrangeiros. O problema consiste nas lacunas existentes nas gramáticas tradicionais do Português que apresentam os itens gramaticais por regras construídas a partir do uso escrito literário para construir o idioma nacional. Dessa forma, as regras gramaticais impostas pelo uso do padrão normativo só conseguem dar conta do uso efetivo da língua  no discurso literário. Tem-se por pressuposto que, entre a designação lexical e as suas combinações gramaticais, responsáveis por construir a linearidade do texto-produto verbal, há um espaço preenchido por um conjunto de valores culturais e ideológicos.  Silveira (2009) diferencia cultura e ideologia. Segundo a autora, a cultura expressa um conjunto de valores construídos a partir do vivido e do experienciado socialmente pelas pessoas, inter-relacionando-se com a cognição e o discurso. Por sua vez, os  valores ideológicos são impostos pelo poder para discriminar os grupos  que interferem no interesse social. A pesquisa realizada selecionou o traço cultural da cortesia do brasileiro, examinando-o como guia para o emprego de formas gramaticais e lexicais do uso da negação, da solicitação e da ordem, durante interações comunicativas a partir de contextos discursivos selecionados na internet. Foi constatado que a solicitação e a ordem se confundem pela utilização do pretérito mais que perfeito do indicativo e que o não é sempre evitado e substituído por expressões mais amenas.
Palavras-chave: cultura; ideologia; internet.
latino-americana.     

 

BABEL: entre Língua, Identidade e Cultura

Bárbara Baldarena Morais (UPM)
Vanessa Maria da Silva  (UPM)

Do olhar que a identidade é um processo que se constrói ao longo da vida, e língua é um produto da identidade de um grupo, uma vez que língua diz tudo de um povo, suas crenças, valores, sua história, em fim sua cultura, não há como distanciar a língua falada pelos membros de uma sociedade e a identidade deste grupo social. Para exemplificar  a problemática entre língua, identidade e cultura apresentamos um recorte do filme Babel (2006), com a direção de Alejandro González Iñárritu. Na cena, uma babá (chicana) conversa com as crianças (estadounidenses) na hora de dormir e a linguagem usada por ela será vista como a de dualidade - o sujeito entre sua língua e a língua do outro em um contexto fronteiriço, México-Estados Unidos. A mistura cultural na fronteira se manifesta, pois, diferentes fatores propiciam a heterogeneidade deste grupo e, aos poucos, se distanciam do conceito de que identidade nos dá uma localização no mundo, de quem nós somos, de como nos relacionamos com os outros e com o mundo.  Assim sendo, o embate entre a língua do individuo e a língua do outro é inevitável e o cruzamento de fronteira transforma o imigrante num ser transitório e incerto da formação da identidade social e cultural, onde passado e presente, o aqui e o lá, conflitam  com o sentimento da pertença identitária característico da língua.

Palavras-chave: Língua, Identidade, Cultura

 

O TEMPO NUM CONTO DE MÁRIO DE CARVALHO

Beatriz Teixeira Fiquer ( Doutoranda LPO – PUC/SP)

A literatura contemporânea portuguesa apresenta uma série de novos escritores, entre eles poetas, romancistas, contistas, pouco conhecidos e estudados. Um deles é Mário de Carvalho, nascido em Lisboa, em 1944. Advogado e jornalista, publicou o seu primeiro livro em 1982. Desde então tem mantido um ritmo contínuo de publicações, obtendo um alto nível de recepção crítica e pública das suas obras, sendo considerado por estudiosos como um dos importantes ficcionistas portugueses da atualidade. Objetivando divulgar os textos do citado autor, que se destaca pela sua extrema modernidade, o presente trabalho, partindo de uma análise literária que tem como foco a questão temporal, apresenta a interessante trama de A inaudita guerra na Avenida Gago Coutinho, em que Mário de Carvalho cultivando uma tonalidade frequentemente irônica, e mesmo humorística, nos leva a uma reflexão crítica do tempos de outrora e de hoje, numa mistura de mitologia, crenças e preceitos culturais ligados pelo contexto de cada época que busca compreender os fatos apenas com a mentalidade de seu tempo. Ao final, ficará evidente que tal literatura deve fazer parte dos estudos literários e linguísticos, bem como ser mais apreciada por estudiosos e profissionais da área da Língua Portuguesa em nosso país.

Palavras-chave: Mário de Carvalho, Literatura portuguesa, Inaudita guerra.

 

Produção escrita e inclusão escolar: um estudo neurolinguístico

Breno Luís DEFFANTI
Mestre em Linguística (IEL/Unicamp)

Este trabalho orienta-se pelos pressupostos teórico-metodológicos da Neurolinguística Discursiva (COUDRY, 1986/1988) e parte de uma concepção abrangente e dialógica de linguagem (FRANCHI, 1977; BAKHTIN, 1929/2003) e apresenta análises da produção escrita de um aluno em processo de inclusão, inserido em atividades regulares em uma escola particular orientada pelos pressupostos Pedagogia Freinet.
A análise dos dados – de natureza microgenética - parte de sua materialidade linguística, atentando para a relação que o sujeito estabelece com a escrita, bem como a relevância do papel da professora em um processo efetivo de inclusão. Os dados são constituídos por um conjunto de textos produzidos pelo sujeito CY e foram analisados a partir da perspectiva metodológica do Dado-achado, proposto por Coudry (1986) e que permite ao pesquisador um olhar sobre os dados a partir da teoria que o acompanha e o constitui.
Os dados evidenciam como a interação dialógica entre CY e a professora, mediada pelo trabalho com a linguagem, propicia que os textos incorporem marcas de subjetividade, ainda que necessitem fortemente da ação do outro (neste caso, da professora) para lhe dar acabamentos e garantir a adequação do texto.
Nas análises, o olhar, orientado pela Neurolinguística Discursiva (ND), busca nos desvios com relação ao que é considerado normal os indícios do trabalho de um sujeito. Serão apontadas também questões relativas ao papel desempenhado pela escola em nossa sociedade, com destaque para a questão escrita no ambiente escolar e a formação imaginária acerca do texto escrito.

Palavras-chave: Neurolinguística, Produção escrita, Freinet.

 

A RELAÇÃO ENTRE IDENTIDADES ATRIBUÍDAS E A INTERAÇÃO NA SALA DE PLE

Bruna dos Anjos Crespo
Daniel Augusto de Oliveira
Universidade Federal de Juiz de Fora    

As inquietações vividas e compartilhadas por professores da área de Português como Língua Estrangeira (PLE) em contexto homoglota – questões diferentes das do ensino de outras línguas estrangeiras – estimulou nosso trabalho. O objetivo era verificar como se caracteriza a conversação em uma sala de aula de PLE, em termos da interação entre os participantes, sob duas perspectivas. Na primeira, a conversação como estratégia de exposição do aluno a estruturas da língua-alvo e a aspectos sócio-culturais da cultura-alvo em contexto específico da aula de PLE. No mesmo contexto, investigou-se a conversação enquanto espaço de negociações de sentido para uma aluna alemã da UFJF. Para isso, dialogamos com diversos teóricos - Bronckart (2007), Garcez (2008), Goffman (2002) etc - da Sociolinguística Interacional, campo que tem como foco empírico analisar o significado do discurso como ação social humana construída a partir de um contexto interacional. Com esse aparato, observamos, presencialmente, conversações na disciplina Português para estrangeiros. A diversidade da turma, compostas por estrangeiros intercambistas, permitiu a investigação de questões pedagógicas relacionadas aos padrões de comportamento dos participantes em ambiente multicultural, de onde emergiu o caráter de líder da discente analisada. Como metodologia, escolhemos o modelo proposto pela Análise de Conversação Etnometodológica (ACE), pois entendemos ser a mais adequada, por seu caráter sociológico. Pretendemos, com os resultados, promover diálogos e reflexões no ensino de PLE, contribuindo para o aprimoramento de práticas pedagógicas interacionais e, consequentemente, a formação de professores da área.

Palavras-chave: Identidade; Interação; ensino de PLE

 

O BOOM LITERÁRIO E A CULTURA POLÍTICA DA REVOLUÇÃO CUBANA.

 Bruno de Carvalho Belmonte (UNESP/UFSCAR)

Os anos 1960 foram matriz de profundas mudanças ideológicas, e a América Latina foi, em momentos da segunda metade do século XX, tomada pela idéia de revolução. Não por acaso, houve também, nessa época, um movimento cultural que ficou conhecido como o “Boom” da literatura latino-americana, que diversas revistas e artigos passaram a debater após a Revolução Cubana, de 1959. Nesse trabalho, investigo o desenvolvimento deste movimento literário conhecido por boom, os debates que se seguiram e sua repercussão entre o povo latino-americano. Além disso, estabelecer as relações entre este movimento e a difusão de uma cultura política revolucionária estabelecida após a Revolução Cubana, que se evidencia ao longo dos decênios que seguem o êxito da guerrilha rebelde, através de suas políticas, uma vez que Cuba sob o governo Fidel Castro passa a desempenhar o papel de epicentro irradiador da cultura revolucionária entre a camada intelectual da esquerda latino-americana. Essa política agregadora se dá a partir da criação de diversas fundações e núcleos culturais, como a Casa de las Américas fundada em 1959, que surge com o propósito de promover, publicar e premiar o trabalho de escritores e demais artistas de distintos campos culturais, além de congregar uma ampla estrutura como sua biblioteca, editora, revista e departamentos dedicados à pesquisa literária, e, dessa maneira, ampliar sua relação com os demais países latino-americanos.
Em outro prisma pretendo analisar como os escritores, críticos literários e o público leitor, os três setores protagonistas do movimento, recebem e transmitem essas idéias. A crítica literária recebe destaque, pois, é nesse momento que ela surge como uma disciplina especifica, com fins cientificistas, e tem como representantes Antonio Cândido (Brasil), e Angel Rama (Uruguai). E, desse modo, pretendo explicitar a ligação que literatura e política têm historicamente na América Latina.
Palavras-chave: Boom literário. Revolução Cubana. América Latina. Nova narrativa

 

Linguagem verbovisual e construção de sentido nos enunciados de uma homepage do site da IG

Carla Lima Massolla Aragão da Cruz,
Maria Valíria Aderson de Mello Vargas
Universidade Cruzeiro do Sul

Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado, que consiste num estudo das teorias e práticas discursivas em ambientes virtuais. Pretendemos aqui promover uma análise linguística de alguns enunciados de um texto do ambiente virtual, levando-se em conta a linguagem verbovisual que constitui esse texto. O objetivo principal é evidenciar a construção dos sentidos a partir dos princípios textuais de informatividade, situcionalidade, aceitabilidade e intencionalidade. Com base na concepção de “tessitura” textual (KOCH, 2004, p.35), ou seja, considerando-se o texto como “uma unidade de nível superior ao da frase, que dela difere qualitativamente”, buscamos alcançar o objetivo da análise proposta, apontando, primeiramente, algumas especificidades dos gêneros digitais e, na sequência, analisando os princípios textuais acima referidos, para demonstrar como a articulação desse conjunto contribui para construção do sentido do texto. Utilizamos como corpus uma homepage do site da IG – Internet Grátis e justificamos tal escolha pelo fato de, pelas especificidades dos gêneros digitais, o site representar bem as novas possibilidades de interação entre os sujeitos da linguagem no ambiente virtual e contemplar uma multiplicidade de opções hipertextuais.

PALAVRAS-CHAVE: Princípios de textualidade;Linguagem verbovisual; Gêneros digitais.


LEITURA DE TIRAS DE HUMOR: O VERBO-VISUAL EM AÇÃO

Carlos Augusto Baptista de Andrade (Universidade Cruzeiro do Sul – SP)
João de Oliveira (Universidade Cruzeiro do Sul – SP)

Ainda hoje, o país sofre por não ter formado alunos-leitores mais proficientes. Há muitos artigos sobre a questão, porém, levar a produção científica às escolas é uma dificuldade proeminente. As diretrizes curriculares da área ressaltam a importância do trabalho com gêneros discursivos, pois ele facilita o processo de aquisição de leitura e capacita o aprendiz em contextos histórico-culturais próprios. O que fazer diante desse problema que parece infindável? Não há respostas prontas para essa indagação, apenas propostas diferenciadas para o ensino e a aprendizagem da leitura. Assim,  neste trabalho, procura-se apontar para um caminho possível.
O objeto aqui são as tiras de humor, que têm como suporte os jornais de circulação diária. Gênero de fácil acesso, que possibilita uma leitura entre o verbal e o não-verbal.
As tiras surgiram nos Estados Unidos, com formato desdobrado em três tempos ou três quadros, devido à escassez de espaço nos jornais. O autor desse gênero utiliza texto e imagem, na maioria das vezes, para comunicar questões relativas à vida cotidiana, procurando captar o leitor a partir do humor, construído pela ironia e pela pluralidade de sentidos.
Espera-se contribuir para a reflexão sobre estratégias de compreensão da leitura verbo-visual, que permitam ao leitor não só a decodificação de imagens e signos linguísticos, como também a percepção da importância da interação discursiva entre eles.
O presente estudo pautou-se na abordagem de enunciados verbo-visuais inspirada na teoria dialógica do Círculo de Bakhtin e na teoria do humor em Bergson.

Palavras-chave: leitura, tiras em jornais, verbo-visual

 

O gênero depoimento: uma experiência de integração e inclusão

Cátia Luciana Pereira – PUC-SP / Colégio Bandeirantes

Desde 2009, são oferecidas aulas de Língua Portuguesa para o grupo de inspetores do Colégio Bandeirantes, com o objetivo de desenvolver a competência comunicativa do usuário, de modo que seja capaz de empregar adequadamente a língua nas mais diversas situações, nos moldes do que Evanildo Bechara cunhou de “poliglota na própria língua”. Tal intenção gera um duplo desafio de integração: por um lado, das práticas de leitura e produção de gêneros orais e escritos, bem como de reflexão-uso da língua; por outro, dos inspetores com os professores, alunos e demais funcionários do colégio, pessoas com as quais participam das diversas situações comunicativas no cotidiano de trabalho. Fundamentando-nos nos estudos de Luiz Antonio Marcuschi, desenvolvemos, em 2011, um trabalho com o gênero depoimento, relatos de experiências marcantes, sejam elas tristes, alegres, constrangedoras, angustiantes, gratificantes, vivenciadas pelos inspetores no ambiente de trabalho. Assim, após exercícios de rememoração e contação de tais experiências, elas foram, numa primeira etapa, escritas e reescritas pelos inspetores, e, numa segunda, oralizadas e gravadas em vídeo. O produto deste trabalho foi compartilhado com toda a comunidade escolar por meio de uma exposição no pátio e, com o apoio do Departamento de Atividades Net Educacionais (ANE), da criação de um blog no site do colégio. Dessa forma, além da dupla integração mencionada, atingimos também, ainda que timidamente, a inclusão no meio digital desse grupo marcado pelas diferenças de idade, escolaridade, experiência de vida, mas igualado pelas condições socioeconômicas. 
Palavras-chave: Educação Linguística – Gênero – Inclusão Digital

 

A LEITURA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA INTEGRADA

Cátia Rodrigues – UNIITALO/PUC-SP

A leitura é uma competência essencial para a formação do futuro professor e, por meio de pesquisas com os alunos ingressantes no Ensino Superior, constatou-se uma defasagem significativa, capaz de comprometer sua futura atuação profissional.  Por esta razão, a presente comunicação tem por objetivo identificar o perfil do aluno ingressante nos cursos de Licenciatura e apresentar uma proposta de formação, integrada à graduação, para ampliação da competência em Leitura, apoiando-se nos pressupostos teóricos da Lingüística Textual. A relevância justifica-se, pois a qualidade da formação inicial de professores tornou-se um requisito fundamental para garantir a melhoria e o aprimoramento do processo educacional.

Palavras-chave: Leitura – Formação – Professores

O ENSINO DE PORTUGUÊS NO NÍVEL MÉDIO PROFISSIONALIZANTE: CONCEPCÕES DE LINGUAGEM, LÍNGUA E GRAMÁTICA NOS TEXTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

Célia M. M. Barbosa da Silva (Universidade Potiguar)

A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB/96) trata a educação profissionalizante como forma integrada às diferentes etapas de educação: o ensino básico – fundamental e médio, ou o superior. No ensino médio, a LDB/96 rompe com a dualidade antes existente entre formação básica X formação profissional e promove a articulação dessas duas formações.  Considerando, pois, a relevância do ensino de português na promoção dessa articulação, este estudo visa analisar as concepções de linguagem, língua e gramática dos textos didático-pedagógicos trabalhados na aula de português. A escolha por uma análise de tais concepções justifica-se pelo fato de entendermos que o modo como o professor organiza a aula de português pode ter implicações na articulação ou não dos saberes e práticas tanto da formação básica como da profissionalizante. Para essa análise, o corpus se constitui de textos didático-pedagógicos, utilizados na aula de língua portuguesa de uma escola pública de ensino médio profissionalizante da cidade de Natal. Situado no âmbito da Linguística Aplicada, o estudo é conduzido numa perspectiva qualitativa e interpretativista, seguindo-se procedimentos da etnografia da comunicação e aportes da linguística funcional, do sociointeracionismo da linguagem e da didática de língua materna. Nas constatações, verificamos que o livro didático continua sendo o principal texto didático-pedagógico utilizado nas aulas de língua portuguesa e que, em sua prática, o professor estrutura as aulas por meio de concepções ainda centradas no estudo isolado de questões de língua, sem levar em conta situações efetivas de interação do dia-a-dia dos alunos.

Palavras-chave: ensino, língua portuguesa, linguagem, gramática.

 

“LIXO E VIDA”: UMA CONVERGÊNCIA SIMBÓLICA NA CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NO TEXTO FICCIONAL DE MOACYR SCLIAR

      Cely Miranda Sanchez

A presente comunicação, parte do projeto Enunciação, sentido, expressividade e ethos discursivo, do Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul, objetiva investigar a construção de sentido e expressividade na crônica “Lixo e vida” de Moacyr Scliar. O estudo que realizamos justifica-se por representar uma prática de análise que pode nortear outras pesquisas e pela importância dos resultados obtidos quando conseguimos construir um sentido possível que amplia a compreensão das relações do homem com o mundo. A metodologia adotada foi a de, primeiramente, selecionar a crônica, publicada no jornal Folha de São Paulo, assim como as notícias que inspiraram o autor a escrevê-la. Posteriormente, fizemos um levantamento bibliográfico com ênfase nos estudiosos de Análise do Discurso de linha francesa. Buscamos, então, uma teoria que nos permitisse identificar alguns aspectos relacionados a transposição não apenas do fato para a ficção mas da mudança de tipo e gênero do discurso. Encontramos, com Dominique Maingueneau, uma teoria ligada à construção de cenas enunciativas que nos pareceu bastante pertinente e, com ela como norteadora, pudemos, além de analisar o texto ficcional, investigar um pouco mais do sentido que se pode extrair das mudanças de tipo e gênero, respectivamente ligados à cena englobante e genérica, também realizadas por Moacyr Scliar. Como resultado parcial de nossa pesquisa passamos a compreender um sentido que nos leva a reflexões sobre questões fundamentais para a convivência em sociedade identificando, na crônica que analisamos, uma nova oportunidade de conhecer o que está além do expresso.

Palavras-chave: Construção de sentido. Cenas enunciativas. Moacyr Scliar

 

A COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA E
A IDENTIDADE NACIONAL ANGOLANA

Cinthia Aparecida Lemes

O objetivo desta comunicação é divulgar as reflexões feitas a respeito da história de formação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a identidade nacional angolana.  Para tanto, apresentaremos uma breve análise dos fatores sociolinguísticos e históricos relevantes para o entendimento da constituição do português de Angola e aspectos da norma linguística praticada no país.
Como problematização da pesquisa, buscaremos apresentar quais são as concepções de língua presentes na Carta Magna do país (a constituição) e a concepção de língua da CPLP. Além desses fatores, serão respondidas perguntas como: o que significa ser membro dessa comunidade e, sendo membro, a questão de identidade linguística ou nacional seria influenciada? Quais são os ditames políticos, linguísticos e sociais divulgados pela CPLP? Como é a participação angolana nessa comunidade?
Para refletir sobre a identidade nacional, trabalharemos com contos do escritor angolano Luandino Vieira, Luuanda (1982). Nossa fundamentação teórica serão os princípios postulados por Korner (contextualização, imanência e adequação) para a historiografia linguística.
Como resultado, verificamos que as influências dialetais fizeram a língua portuguesa em Angola diferente do português do Brasil e de Portugal. Os textos de Luandino Vieira refletem a história de um povo que lutou, e ainda está lutando, na construção de sua nação e a sua identidade nacional e, fazendo parte da CPLP, o país fortaleceu o seu relacionamento com os seus demais membros e recebeu o auxílio necessário para a “divulgação” e o ensino da língua portuguesa.

Palavras-chave: CPLP, língua oficial, identidade nacional

TRABALHO COM LEITURA NO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Cirlei Izabel da Silva Paiva (PUC/SP/UNINOVE)

Esta comunicação procura explorar a hipótese de que o ensino de língua portuguesa em curso de licenciatura em Ciências Sociais é fundamental para a formação de educadores capazes de colaborar para o processo de transformação de seus educandos, a partir de uma prática pautada na leitura e no diálogo. O estudo, ainda, analisa o programa da disciplina Leitura e Produção de Texto (LPT) existente no curso de licenciatura em Ciências Sociais, de uma Universidade privada da cidade de São Paulo, a fim de compreender se a proposta da disciplina colabora na formação de leitores competentes e sujeitos capazes de entender os diferentes discursos presentes na sociedade. É preciso defender a idéia de que o ensino de língua portuguesa no curso de Ciências Sociais seja voltado para a formação do sujeito leitor e p roporcione uma reflexão sobre a relação entre o uso adequado da língua e a formação de uma postura critica e autônoma do cidadão. Objetiva-se, ainda, por em questão o ensino de português para fins específicos e apontar a necessidade de se adequar o currículo da disciplina para atender às necessidades especificas do curso de Ciências Sociais e, para isso, ela deve ser trabalhada dentro de uma visão interdisciplinar, que possibilita articular o conhecimento de forma plural e mostrar ao aluno a possibilidade de se inserir no mundo de forma consciente através do domínio da leitura e da compreensão do seu papel na sociedade. A base teórica do presente estudo estrutura-se nas idéias de Pierre Bourdieu e Kleiman. A metodologia adotada é pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com entrevista com alunos do curso de Ciências Sociais.
Palavra-chave: Ensino, leitura e Ciências Sociais.

LE BRÉSILIEN (LE PORTUGAIS DU BRÉSIL) SANS PEINE: ESTEREÓTIPOS
DO BRASIL E DOS BRASILEIROS

Cirlene Sanson (UFF)
Norimar Júdice (UFF)

Os materiais para o ensino de língua estrangeira deixam entrever a perspectiva do autor sobre a língua e a cultura nele focalizadas e este olhar pode interferir de diferentes normas na construção, pelo aprendiz, de representações sobre a língua e cultura em aquisição. Este estudo aborda representações da identidade brasileira em material didático para o ensino de Português do Brasil publicado, em 1985, na França – Le Brésilien (Le portugais du Brésil) sans peine, de autoria de Marie-Pierre Legriel. Parte da análise realizada em pesquisa de doutorado desenvolvida na UFF (Sanson, 2011), intitulada Representações do Brasil em materiais didáticos de PLE utilizados na França, com recurso a pressupostos da Teoria das Representações Sociais, de Moscovici. Neste trabalho, apresentaremos resultados da análise de 87 textos que, nessa obra, articulam o verbal e o não verbal, neles investigando como o Brasil e os brasileiros são representados pelo material linguístico e imagético e que estereótipos são recorrentes nessas representações. Exemplificaremos os achados com uma amostra do corpus analisado, no qual o “Português do Brasil” representado não condiz com nossa realidade linguística, o contexto brasileiro apresentado se inscreve num quadro extremamente negativo e os brasileiros configurados são fortemente marcados por estereótipos relativos a gêneros e aos latino-americanos em geral.

Palavras-chave: Português para Estrangeiros. Materiais didáticos de Português do Brasil para falantes de francês. Estereótipos do Brasil.

LEITURA DE TEXTOS GRÁFICO-VISUAIS APOIADA NA ANÁLISE LINGUÍSTICA

Claudia de Souza Teixeira (IFRJ)

A escola sempre teve papel essencial na formação de leitores. No entanto, para que atinja plenamente esse objetivo, precisa desenvolver estratégias visando incentivar e habilitar os alunos a lerem textos de diferentes gêneros.  Sendo assim, é importante divulgar pesquisas que ajudem os professores a decidir que estratégias devem ser adotadas.  Este trabalho insere-se nessa tarefa, pois, baseado principalmente em diretrizes dos Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, objetiva mostrar que é essencial os professores de língua materna  realizarem atividades que despertem, nos alunos, a consciência quanto aos usos intencionais dos recursos linguísticos. Dessa forma,  compreenderão que a linguagem dá suporte às intenções do autor. Sugere, então, que seja adotada a perspectiva da análise linguística como parte constitutiva das estratégias do ensino de leitura. Para exemplificar essa proposta, apresentará atividades a partir de dois gêneros textuais que associam elementos verbais e visuais: anúncio publicitário (escrito) e histórias em quadrinhos.  Essas atividades ajudarão os professores a trabalhar, com os alunos,  as pistas de significação dos textos.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Análise Linguística; Textos Gráfico-Visuais

O USO DO BLOG NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Claudia Landgraf Valério
CAPES - PROPG-LP-PUC/SP
SEDUC-CEFAPRO/MT

A presente comunicação é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento no PROPG de Língua Portuguesa da PUC/SP e propõe uma reflexão sobre o uso do Blog como estratégia pedagógica no processo de formação de professores de Língua Portuguesa em escolas públicas de Cuiabá-MT. Para isto, partiu-se das premissas de Gomes (2005) sobre a utilização do Blog no processo de ensino e aprendizagem; das considerações de Quevedo; Crescitelli & Geraldini (2009) sobre a tecnologia na educação; do conceito de letramento digital de Soares (2002) e das discussões de Marcuschi (2008) sobre gêneros digitais. Este trabalho é piloto da proposta de doutoramento mencionada, uma vez que foram utilizadas somente duas escolas públicas, uma que participou do programa UCA (um computador por aluno) em Mato Grosso e outra que não participou do referido programa. Os procedimentos metodológicos empregados contaram com a aplicação de um questionário respondido por docentes de ambas as instituições e a análise do Blog criado pelas duas escolas. A presente pesquisa encontra-se em andamento, entretanto já apresenta resultados parciais que mostram uma escola em processo de letramento digital.


PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores; Tecnologia; Blog.
Palavras-chave: pronome, você, interação.

 

Sequência didática interativa para o ensino dE resumo acadêmico

Clemilton Lopes Pinheiro (UFRN)

As pesquisas sobre o resumo como prática acadêmica constatam que os resumos dos estudantes universitários apresentam alguns problemas em relação ao modo como se relacionam as proposições e as macroestruturas que eles identificam no texto-fonte e selecionam para produzir o próprio texto. Embora muitos estudos mostrem que a tarefa de produção de resumo deve merecer uma prática mais explícita na universidade, sobretudo nas disciplinas dos semestres iniciais, sabe-se que falta espaço nos currículos e na carga-horária dos cursos, em função, principalmente, da prioridade dos conteúdos de formação específica. Uma solução para esse problema é a auto-instrução mediada pelos softwares educativos. As novas tecnologias de auto-instrução incorporam a multimídia, integrando recursos de texto, som, imagem e outras formas de apresentação da informação, e têm servido como um forte fator motivacional ao estudante. Neste trabalho, pretendemos mostrar como é possível aliar à auto-instrução mediada por computador o modelo didático conhecido como sequência didática (Dolz e Schneuwly, 2004), que tem por objetivo entender as particularidades de cada gênero baseado em estudos e teorias já desenvolvidos por pesquisadores da área, a fim de compreender a relação entre os gêneros trabalhados na escola e também os gêneros que, fora dela, funcionam como objeto de referência para o aprendizado do aluno. Para isso, propomos o desenvolvimento de uma sequência didática interativa em CD-Rom tendo em vista a produção de resumo acadêmico por estudantes universitários.
PALAVRAS-CHAVE: Gênero de texto; resumo; sequência didática.

DIÁRIO DE LEITURA: UM JOGO INTERTEXTUAL ENTRE O EXPOR, O NARRAR
E O COMENTAR.

Cleuza Pelá – Escola Cidade Jardim – Play Pen

Muitos são os gêneros textuais, da esfera escolar, a serem usados em práticas de leitura e de produção de texto, no Ensino Fundamental II. Dentre eles, há um que acredito ser adequado a essas práticas: o diário de leitura. Neste sentido, ao comunicar minha experiência pedagógica, tenho por objetivo relatar uma atividade de leitura, de obras literárias, que tem permitido um registro intertextual, em um caderno público, que tem por função ser um diário de leitura. Esse procedimento tem sido desenvolvido por estudantes, dos 6ºs e 7ºs anos, de escola particular, da cidade de São Paulo, nas aulas de Língua Portuguesa. O uso dos diários de leitura tem possibilitado aos estudantes expor informações seletas acerca do lido, bem como comentá-las, promovendo, assim, relações intertextuais entre o “lido” e o “vivido”. Ao final de cada etapa dos registros feitos no diário, tenho constatado que os estudantes passam a firmar um olhar mais intertextual, em relação à leitura de obras literárias, além de, aos poucos, ajustar o entrelaçamento entre as sequências textuais e a organização textual do diário em si. Ressalto que para o desenvolvimento desse trabalho, fundamentei-me em teóricos como Machado (1998) – diário de leitura;  Marcuschi (2008) – produção textual; Schneuwly; Dolz e col. (2004) –  noção de gêneros escritos; Adams (2008) – sequências textuais: argumentativa, expositiva, narrativa; e Koch (2002) – noções de intertextualidade entre outros. Em resumo, é acerca dessa temática que pretendo tratar na Sessão de Experiências pedagógicas.

 

OS PAPÉIS SOCIAIS E DISCURSIVOS NO USO DAS FORMAS PRONOMINAIS
VOCÊ, OCÊ E CÊ.

Clézio Roberto Gonçalves (UFOP, GPDG-USP)

Desde o princípio do século XX que a interação humana tem sido estudada com muito interesse por inúmeros investigadores das diferentes áreas científicas. Desse modo, defende-se, neste trabalho, que o fenômeno da interação tem regras próprias, que nenhum dos intervenientes controla por completo. Portanto, para compreender a comunicação, não basta observar o comportamento e registrar as palavras dos interlocutores, mas é preciso ir mais além e questioná-los sobre a significação que eles próprios atribuem aos seus atos e palavras. Os objetivos deste estudo são: (i) descrever as estratégias discursivas utilizadas pelo falante ao usar o pronome você e suas variantes, no processo de interação não-focalizada; (ii) verificar se o uso das formas em estudo você e ocê epodem ser consideradas, respectivamente, “pronome de poder” e “pronome de solidariedade”. Para isso, esta pesquisa investiga dados extraídos de um corpus constituído por 40 narrativas orais espontâneas de falantes da região do centro-oeste mineiro, moradores das zonas urbana e rural da cidade de Arcos (MG), em um total aproximado de 12 horas de gravação. Em consonância com o arcabouço teórico da Sociolingüística Interacional, a análise desenvolvida é de natureza qualitativa e interpretativa, no sentido de que focaliza as interações construídas pelo informante e o documentador em todos os seus aspectos, observando-se o lingüístico e o não-lingüístico e levando em conta as circunstâncias em que as interações ocorrem. A análise busca a coerência, considerando-se o quadro interacional que se instala para que a interação entre os participantes se estabeleça.

Proposta de ORGANIZAÇÃO DE BILHETES ORIENTADORES PARA O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO BÁSICO

Cristiane Fuzer (UFSM)

No trabalho com produção de textos, a comunicação entre professor e aluno acerca de problemas e de suas soluções é um desafio, principalmente no que se refere a como organizar as orientações de modo a ajudar o aluno a qualificar sua produção. Estudos prévios têm abordado o bilhete orientador como um instrumento importante no processo de produção textual em contextos formais de ensino (BUIN, 2009; RUIZ, 2010). Verificar quais elementos léxico-gramaticais são usados para estabelecer interação nesses bilhetes a fim de propor um roteiro para sua organização é o objetivo desta comunicação. Com base na perspectiva textual-interativa para avaliação de textos (SOARES, 2009; GONÇALVES & BAZARIM, 2009) e em princípios da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY & MATTHIESSEN, 2004; MARTIN & WHITE, 2005), são analisados trinta e três bilhetes orientadores produzidos por uma professora em formação na área de Letras, dirigidos aos alunos participantes de um Ateliê de Textos desenvolvido numa escola pública, em Santa Maria, RS. A análise da léxico-gramática se baseia em categorias do sistema de transitividade e do sistema de modo e modalidade, e a análise semântico-discursiva se baseia em categorias do sistema de avaliatividade, especificamente atitude e gradação. A análise evidenciou quais elementos léxico-gramaticais, relacionados às metafunções ideacional e interpessoal, são mais frequentemente usados para estabelecer interação, provocar e orientar a reescrita. A partir de padrões léxico-gramaticais, quatro movimentos básicos são propostos para a organização do bilhete orientador: reações do leitor ao texto do aluno, elogios à produção, orientações para a reescrita e incentivo à reescrita. 

Palavras-chave: produção textual; bilhete orientador; interação; léxico-gramática.

 

A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO NA LETRA DE MÚSICA DE RAIZ

Cristiane da Silva Ferreira –PUC/SP

O presente trabalho tem como objetivo examinar a constituição do ethos discursivo no discurso da letra de música de raiz, que nos remete a uma cultura permeada de tradições, hábitos e valores sociais que resultou do hibridismo cultural indígena, europeu e africano: a cultura caipira.
A análise assume o referencial teórico metodológico da Análise do Discurso, mais especificamente a concepção de ethos proposta por Dominique Maingueneau, devido a essa categoria ser propícia para examinarmos a forma como o sujeito se expressa. Além disso, o autor concebe o ethos como um processo interativo de influência sobre o outro.
Nosso problema de pesquisa consiste em interrogar em que medida o ethos discursivo da letra de música de raiz revela fatores identitários e culturais do homem caipira.
Para isso, analisaremos o discurso de três letras de música de raiz produzidas entre 1937 e 1961, período que culminou no auge da produção dessas composições que ficaram na memória do povo.
Embora o ethos corresponda ao sujeito-enunciativo e não ao locutor, verificamos que há forte relação entre ambos, o que lhe dá credibilidade no discurso. Como estratégia, no discurso emprega-se um ethos investido de valores cultuados pela sociedade, o que garante a adesão do co-enunciador.

Palavras- chave: ethos discursivo, música de raiz, identidade.

 

A TRANSCRIAÇÃO DO SAGRADO EM ESCRITURA, DE
 BARTOLOMEU CAMPOS QUEIRÓS

Cristiano Camilo Lopes (UNIP/USP)

Como uma “aventura espiritual”, a literatura revela, em diversas de suas produções, uma experiência sobrenatural, uma manifestação do sagrado, que não está vinculada estritamente com questões religiosas, mas volta-se para o homem e sua vivência. Pensando na relevância dessa proposta, entendemos que esse estudo nos permite ver, na literatura, a formação da identidade do homem no contato com o sagrado e em seu reencontro com si mesmo a partir do encontro com o seu Princípio. O sagrado se apresenta como “um vínculo orgânico universal que conecta em rede dinâmica essa pessoa e esse mundo” (TESCAROLO, 2005, p. 158). Portanto, nossa proposta é verificar o retorno do sagrado e sua presença na literatura para crianças e jovens. Além disso, julgamos necessário refletir sobre o eterno retorno do sagrado a fim de podermos identificar sua presença na contemporaneidade. Para isso, analisaremos a obra Escritura, de Bartolomeu Campos Queirós.
Palavras-chave: Identidade. Literatura para crianças e jovens. Sagrado.

 

LEITURA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS

 Daniella Barbosa Buttler
 Colégio Humboldt (LAEL-PUC-SP)

Saber ler é uma exigência sociocultural básica bastante cobrada na sociedade  moderna. Há, entretanto uma diferença entre saber ler e a prática efetiva da leitura. A leitura dos clássicos é um  bom instrumento pedagógico, já que os grandes textos da literatura universal permitem ao leitor descobrir sobre o mundo e os recursos estilísticos da língua. Sabe-se que o aluno   precisa vivenciar experiências literárias ao longo da vida escolar até porque a construção de uma sociedade leitora é responsabilidade principalmente da escola. Mas infelizmente só o trabalho com textos didáticos e literários de forma burocrática tem sido o vilão desse processo. A leitura dos clássicos para um adolescente não é tarefa simples,  às vezes é  desinteressante, porque requer atenção, disciplina, compromisso e um pacto com um assunto às vezes  distante da realidade imediata. Atribui-se a esse   desinteresse às horas dedicadas à televisão,   ao  avanço do cinema e  da internet,  aos smartphones, aos jogos cada vez mais modernos,   gerando como resultado  uma leitura de ficção obsoleta. Todavia não é o que o resultado de um questionário sobre hábito de leitura, aplicado aos alunos de ensino fundamental, de um colégio particular da zona sul de São Paulo, nos revelou.  Ao contrário, há uma geração de leitores movida pelas séries Harry Potter, Crepúsculo,   Percy Jacson, entre outros. O objetivo maior dessa comunicação é propiciar um momento para nós, professores de literatura, à luz de estudiosos como Délia Lerner e Jean-Paul Bronckart, refletir sobre   interesse e   curiosidade dos alunos ingressantes ao Ensino Médio. 

Palavras-chave: leitura, clássico, best-sellers.

 

DICIONÁRIO ELETRÔNICO BILÍNGUE: UMA ALTERNATIVA TECNOLÓGICA PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE)

Daniele Oliveira dos Anjos (UFS)
Milene Luciely Alves dos Santos (UFS)
Lêda Corrêa (UFS)
 
Este resumo trata dos dicionários eletrônicos pela  análise dos principais tipos dessa modalidade de obra lexicográfica e dos recursos multimidiáticos que esse suporte  comporta, com o objetivo de apresentar os recursos  eletrônicos que vêm sendo propostos na elaboração de um dicionário português/ espanhol destinado aos aprendizes de PLE das escolas de nível primário e secundário dos países signatários do Mercosul. Esse estudo é parte integrante do projeto  Formação docente e inovação tecnológica para o ensino-aprendizagem de PLE (CAPES e FAPITEC), que apresenta a confecção dessa obra como uma de suas metas. Embora os dicionários impressos ainda sejam a interface dominante no ensino de línguas estrangeiras, há pesquisas que apontam para um melhor desempenho de leitura aos aprendizes que utilizam os dicionários eletrônicos  em lugar dos dicionários impressos, principalmente pelos seguintes fatores: a) facilidade  de busca do verbete; b) maleabilidade, isto é, por  ser constituído por  bits e não por átomos, pode ser facilmente compactado, ampliado e  atualizado (LEFFA, 2006); c) inclusão de recursos de multimídia (imagem, som, vídeo, links). Reunidos, esses fatores  não só agilizam as consultas, como aumentam as possibilidades de compreensão de um determinado vocábulo pelos recursos de multimídia, evitando que o consulente afaste-se  de seu objeto de leitura por um tempo maior, como ocorre em consultas aos dicionários impressos. Frente ao exposto, a inserção desse dicionário em aulas de PLE é uma iniciativa que busca contribuir com o atual Plano do Setor Educacional do Mercosul, cuja meta prioritária é o bilinguismo entre os Estados Partes do megabloco.   

 

O MERCADO BRASILEIRO E O CONTO DE FADAS: UMA REFLEXÃO SOBRE A DOMINAÇÃO CULTURAL

Débora Cibele de Benedetto e Silva
(Mestranda - UPM)

Os contos de fadas como são conhecidos hoje datam dos séculos XVII, com Charles Perrault, e XVIII, com os Irmãos Grimm. Embora sua produção e divulgação tenha se dado inicialmente na Europa, hoje, poucos são aqueles que de fato associam o gênero com sua origem; quando se pensa em contos de fadas, tende-se a pensar nas imagens criadas pelas releituras fílmicas dos estúdios Disney. Na realidade, tal tendência acontece principalmente em países onde a presença cultural americana se dá  em maior escala, fato que ilustra o conceito marxista de que o discurso dominante na sociedade é aquele produzido e justificado pela ideologia do grupo dominante vigente em dado momento. No Brasil, percebe-se – através da observação, do levantamento de dados e da análise estatística dos mesmos - que a grande maioria de associações e menções aos contos de fadas, desde produtos escolares até peças publicitárias criadas por empresas como “O Boticário”, são, de fato, releituras ou apropriações das versões Disney para cada conto. O objetivo do presente trabalho é, portanto, discutir os conceitos de dominação cultural em uma sociedade (especificamente a brasileira) a fim de se justificar e compreender os motivos que levam um mercado a optar por determinadas imagens, textos e discursos no momento de criar e / ou promover produtos.

Palavras – chave: contos de fadas, dominação cultural, mercado brasileiro

 

PLE: ENUNCIAÇÃO E LÉXICO

Deborah Gomes de Paula (UNIP-PUC/SP)

A comunicação situa-se na área de ensino da língua portuguesa para falantes de outras línguas e Linguística Textual em interface com a Análise Crítica do Discurso e tem por tema a polaridade de antônimos e parassinônimos na construção de notícias. Objetiva-se examinar o léxico enunciado no texto, com enfoque cultural, buscando a partir dos marcos de cognição sociais a modificação do discurso, por meio da polaridade dos antônimos e parassinônimos com valores culturais e ideológicos. O corpus constitui-se por charges, notícias de jornais paulistanos e anúncios publicitários considerados como material autentico para aulas de formação de palavras no português brasileiro. Justifica-se a pesquisa, pois, entende-se que a formação do professor de português brasileiro além que privilegiar a Linguística Aplicada, tem que conhecer outras bases teóricas, metodológicas, inter e multidisciplinares, como a lingüística de texto, do discurso, da conversação e da enunciação, senão o professor não terá condições de diagnosticar as dificuldades dos alunos para poder atender as reais necessidades dos alunos. Assim, a enunciação das notícias pode ser considerada como construção textual nas propostas de aula para o ensino de português brasileiro para falantes de outras línguas. Os resultados indicam: 1. os parassinônimos são construídos textualmente por referenciação garantindo a manutenção temática; 2. os antônimos são selecionados pela progressão semântica do “novo”. Conclui-se que a enunciação lexical decorre da polaridade e similitude, guiadas por valores ideológicos da empresa-jornal que nasce de valores culturais do brasileiro. A partir do enfoque interculturalista os conteúdos linguisticos são ampliados e modificados e construídos simbolicamente a cada contemporaneidade guiando novas significações.

Palavras-chaves: português língua estrangeira, análise crítica do discurso, léxico, discurso jornalístico, enfoque intercultural

 

PRÁTICA PROFISSIONAL EM TURMAS HETEROGÊNEAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: DESAFIOS

Denise Barros Weiss - UFJF

O ensino de português a alunos estrangeiros é uma atividade em ascensão no Brasil hoje. A situação econômica favorável no país e, por outro lado, a crise econômica mundial têm incentivado a vinda de profissionais estrangeiros para o mercado brasileiro. Entretanto, ainda há pouca atividade de formação de professores de português para esse grupo. Muitos profissionais do ensino trabalham sem qualquer orientação específica e acabam por passar por uma série de dificuldades que seriam minimizadas com uma formação adequada. O objetivo dessa comunicação é discutir os efeitos da falta de preparo específico na prática profissional do professor de português como língua estrangeira (PLE) em situação de salas de aula heterogêneas. A pesquisa parte da observação de salas de aula de PLE e de entrevistas com profissionais em atividade. Tem como base as teorias da sociolinguística internacional, em especial os conceitos de footing e alinhamento (Goffman). A análise tem nos mostrado que turmas heterogêneas quanto à origem representam um desafio menor, se comparadas a turmas com diferentes níveis de proficiência em língua portuguesa. Entretanto, esses grupos podem se tornar fonte de problemas quando são ignoradas diferenças culturais entre os alunos e em relação à cultura brasileira. Assim, sugerimos alguns procedimentos no tratamento dos alunos e na preparação das aulas que evitem confrontos desnecessários e proporcionem um ambiente de aprendizagem mais adequado.

Palavras-chave: ensino, formação de professor, português para estrangeiros


 

tecnologia E ensino de líNguas: DESAFIOS PARA O ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA

Dieli Vesaro Palma (PUC-SP)
Lawrence Chung Koo (PUC/SP)

Este trabalho é fruto de situações vivenciadas em sala de aula, diante da popularização das novas tecnologias  em internet e do barateamento dos artefatos em computação, que mudaram  hábitos no nosso cotidiano, mas que ainda se mostram timidamente no mundo da educação. A NMC, uma comunidade internacional de especialistas em tecnologia educacional, que publica anualmente um relatório sobre estágios de desenvolvimento e adoção de tecnologias no campo da aprendizagem, apresenta-nos, em publicação de 2011 e 2012, as principais tendências dessas tecnologias no mundo. Nosso objetivo é debater algumas delas como possibilidades de aplicação no ensino de línguas e, em especial, aquelas aplicáveis no Brasil para a realidade do ensino de Língua Portuguesa. Selecionamos, entre outras, o e-book, amplamente aceito, que pode ser potencializado com a utilização dos tablets, que, brevemente, tornar-se-ão acessíveis à maioria da população como decorrência do grande incentivo do governo para a sua adoção. Essa tecnologia mudará o ensino da leitura, exigindo uma nova concepção do ato de ler, como propõe o Conexionismo (POERSCH, 1999, 2001; ROSSA, 2004; ZIMMER,2004), assim como as técnicas de GBL – aprendizagem por meio de jogos -  e as técnicas de construção coletiva do conhecimento por meio de redes sociais mediadas pela internet e smartphone, baseadas na teoria do Conectivismo, de George Siemens.
PALAVRAS-CHAVE: Internet, e-book; smartphone; tablete; ensino de língua; ensino de leitura; novas tecnologias.

ENUNCIADOS DE PROVAS ESCRITAS: UMA INVESTIGAÇÃO DOS PROBLEMAS DE COMPREENSÃO SUBJACENTES À SUA LEITURA.

Djário Dias de Araújo (UFPE)

É muito comum ouvirmos de nossos alunos, sobretudo no ensino fundamental, reclamações de que não conseguiram responder determinada questão da prova porque não compreenderam o que estava sendo solicitado pelo enunciado. Diante disso, faz-se necessário a seguinte reflexão: “ O educando não respondeu à prova por falta de conhecimento sobre objeto de estudo ou por dificuldade de compreender o que estava sendo solicitado? O enunciado não é mais um texto a ser compreendido nas atividades de língua portuguesa. Mas um texto em que qualquer dificuldade em termos de compreensão pode prejudicar o  desempenho do aluno no resultado final da prova. Objetivando identificar se o problema de compreensão dos alunos estavam relacionados ao fato de não terem um repertório vocabular suficiente para a compreensão de determinado enunciado ou se o problema estava ligado a má construção lingüística dos enunciados produzido pelo professor. Nosso trabalho, que tem uma orientação  qualitativa, tem por referencial uma síntese das teorias dos processos de compreensão, gêneros textuais, avaliação da aprendizagem, entre outras. A pesquisa foi feita com 90 alunos no nono ano da rede municipal de ensino do Recife. Os resultados da pesquisa apontaram que o grande problema de compreensão dos alunos está na dificuldade de compreender determinados vocábulos. O fato de não entender determinada palavra do enunciado os impedia de desenvolver a questão.Faz-se necessário rever as estratégias de ensino de vocabulário urgentemente. Aumentar o “dicionário metal” dos discentes é muito importante. Familiarizá-los com determinados termos, com alguns tipos de perguntas, que normalmente configuram uma prova, é essencial para  que o professor não caia no lugar comum em afirmar que o aluno não respondeu unicamente porque não estudou.

Palavras-chave: compreensão de texto, prova escrita, avaliação.


 

OBSERVAÇÕES SOBRE O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM PORTUGUÊS

Edila Vianna da Silva - UFF

O estudo do objeto direto anafórico tem suscitado pesquisas de bases teóricas bem diversificadas, seja na fala, seja na escrita. Neste artigo, apresentaremos uma retrospectiva dos trabalhos sobre o OD anafórico de terceira pessoa, especialmente os de cunho variacionista, três dos quais orientados (e em co-autoria) pela autora do artigo. O primeiro examinou o fato na linguagem oral de pescadores da região norte fluminense; o segundo teve como corpus  redações de alunos do ensino médio, em escolas de Niterói –RJ, e o terceiro examinou a variável em amostras de língua falada e escrita produzidas por estudantes cariocas, integrantes do acervo do Projeto Integrado Discurso e Gramática. A análise dos resultados, realizada com o suporte da metodologia da sociolinguística quantitativa de base laboviana, indica razões de ordem estrutural e extralinguística de uma provável mudança no comportamento da anáfora, qual seja, o desaparecimento do clítico objeto direto na fala.  
Palavras-chave: Gramática; objeto direto; apagamento do clítico

METAFONIA DO LÉXICO AVÓS

Edilene Maria Oliveira de Almeida (UNIDERC- PE/FAMASUL-PE)

Esta comunicação objetiva explicar as transformações fônicas de avós do latim ao português, visando contribuir para esclarecer à problemática metafonia realizada no eu e no outro com relação ao plural e gênero que induzem machismo e incômodo no uso da língua portuguesa.
Para que fossem atingidos estes objetivos, a metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica com abordagem diacrônica e sincrônica, decorrentes da metafonia por (ữ), (o) e (a) finais em substantivos e adjetivos, sendo que o (o) no masculino singular de um grande número de palavras, o feminino ou plurais levam para o o aberto por derivar esta vogal de (ǒ) breve latino.
O presente estudo pretende como resultado chegar a um entendimento semântico satisfatório do fenômeno metafônico do léxico avós na comunicação social e literária.

Palavras-chave: metafonia, semântica, psicanálise

OS MODELOS CLÁSSICOS: UMA APROXIMAÇÂO INTERTEXTUAL ENTRE OVÍDIO, POETA LATINO, E OS CANTADORES REPENTISTAS DO NORDESTE

                                                                                       Eliana da Cunha Lopes (FGS-RJ)

Pretende-se estudar a obra poética Heróides XVI e XVII do poeta Ovídio, poeta latino do século de Augusto, e os desafios poéticos dos cantadores repentistas Minervina Ferreira e Mocinha da Passiva tratando-se de uma análise intertextual que tem sua matriz oriunda na cultura greco-romana, com Homero, Virgílio, Ovídio entre outros cujas obras clássicas nos mostram claramente que a arte da cantoria ou, dos desafios atravessou séculos, com suas diferentes maneiras de cantar, desafiar, louvar, criticar etc. Inicialmente, fez-se uma revisão bibliográfica partindo-se de Kristeva, Bakhtin, Marcuschi entre outros. As reflexões foram direcionadas para uma pesquisa de natureza qualitativa, efetivada por abordagem plurimetodológica, tentando encontrar identidades e diferenças nas relações intertextuais e interdiscursivas. Para se atingir o objetivo proposto, confrontam-se os corpora, observando-se que nas Heróides o hino de amor nelas entoado eternizou-se através dos séculos pois, a arte de seduzir e deixar-se seduzir será sempre atual e eterna. Nos versos dos cantadores repentistas, o ambiente rústico ligado ao sertão favorece aos poetas populares a fazerem, através de suas cantorias, toda a forma de denúncia, diante dos problemas por eles vividos; na Heróides XVII este refrão faz-se presente no plano imaginário, nas paixões contidas, no querer entregar-se, na linguagem erótica que envolve os amantes. Ao término de nossa abordagem, concluímos que desde os séculos mais remotos, o homem sentia necessidade de expressar seus conflitos amorosos. Para isto, utilizava-se do jogo poético da sedução e da luta por um futuro melhor lançando mão da arte, da eloquência e da retórica.

Palavras-chave: Literatura Latina, Ovídio, Cantadores Repentistas

AS INFLUÊNCIAS AFRICANAS NA FORMAÇÃO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: BANTO UMA DAS VERTENTES DA LÍNGUA PORTUGUESA FALADA NO BRASIL

Elidiane de Farías; Eronita Figueiredo Cotta de Lucena; Michelle Ribeira de Oliveira.
Uniítalo ; Uniítalo; UPM .

A pesquisa apresentada é resultante do trabalho de conclusão de curso, cujo objetivo principal destina-se apresentar um breve estudo da influência das línguas africanas na formação do português brasileiro. Foi feito um retorno ao tempo para verificar como surgiram os primeiros contatos entre africanos e brasileiros para que pudéssemos constatar tal proximidade com nossa língua. O quimbundo uma das principais línguas bantas falada no Brasil foi escolhido para este estudo devido a sua maior influência ou presença nas regiões que tiveram os primeiros contatos com os negros no país. Dentre os autores utilizados destacam-se a contribuição de Fernández, Caniato, Rodrigues, Petter e Fiorin, que muitos esclarecimentos trouxeram ao tema abordado. Como procedimento de pesquisa, foi escolhida a metodologia de análise a Linguística Contrastiva ou Comparativa e a partir da leitura dos contos do livro Luuanda, de José Luandino Vieira utilizado como corpus de pesquisa por meio da análise semântica, morfológica, sintática e lexical comprovar tais influências nos resultados preliminares. Podemos concluir com este trabalho que a língua africana estudada teve influência na formação do português brasileiro e verificamos tal fato por meio de palavras presentes e utilizadas em nosso léxico até os dias atuais.

Palavras chaves: África – Quimbundo - Brasil

 

ASPECTOS DA ORALIDADE EM O DIA DOS PRODÍGIOS

Elisangela Fátima Nogueira Godêncio – USP

A presença da linguagem oral utilizada pelas personagens em O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge,será focalizada nesse estudo. Pretende-se observar como se desenvolve no romance a comunicação entre as personagens e de que maneira isso interfere na interação social dentro e fora do vilarejo fictício que a autora denomina na obra como Vilaminhos. Justifica-se a escolha desse tema por ter significativa relevância dentro da área escolhida, Literatura Portuguesa Contemporânea, e também por abarcar a maneira pela qual a comunicação pode ser estabelecida entre pessoas que possuem baixo nível de instrução e o quanto isso pode interferir na interação dessas pessoas com outros meios sociais. Acredita-se que essa é uma questão que pode interessar não somente aos estudiosos de literatura, mas também pode ser de grande importância para um público não necessariamente universitário que se interesse por estudos acerca da comunicação por meio da oralidade. A operacionalização do tema proposto se processa através da pesquisa qualitativa e bibliográfica, pois se pretende aplicar por meio de análises globais um estudo de casos específicos. Para tanto, utiliza-se a obra de Bakhtin, Marxismo e filosofia da linguagem, Marcuschi, Análise da Conversação, Rocco, A oralidade na escrita de Platão, dentre outros. Os resultados obtidos com a pesquisa revelam que a linguagem utilizada pelas personagens, predominantemente oral, é fator contribuinte para ocasionar possível alienação nos habitantes do vilarejo, pois acabam através da comunicação restrita se isolando num universo particular sem estabelecer relações com aquilo que é externo ao vilarejo.

Palavras-chave: oralidade, comunicação, interação social

Trabalho vinculado ao projeto “Práticas orientadoras para o processo de produção e avaliação de textos na perspectiva textual-interativa” (GAP/CAL029622), com apoio do Programa de Licenciaturas (PROLICEN) da UFSM.

Uniítalo – Centro Universitário Ítalo Brasileiro

Mestrando do programa pós-graduação do curso de Letras - Linguística


GÊNEROS TEXTUAIS OPINATIVOS E O PROCESSAMENTO DA LEITURA

Elizabeth Del Nero Sobrinha
Unicamp/Funcamp - RedeFor - Pós-graduação Língua Portuguesa

A proposta desta pesquisa é indicar alguns parâmetros utilizados no processamento da leitura de gêneros textuais opinativos, veiculados em mídia jornalística impressa e digital. Para a composição do banco de dados, foi composto um grupo focal de estudantes universitários, do curso de jornalismo, universidade privada e selecionados textos veiculados em mídia jornalística e as reuniões, gravadas em áudio. Após a transcrição das gravações, o estudo das ocorrências relacionadas ao gênero em questão foi empreendido e as conclusões orientam para a concepção dos estudantes a respeito da leitura e do papel dos gêneros textuais na comunicação e na leitura. Como paradigma da coleta de dados, foi utilizado o protocolo verbal em grupo (Brown & Litle, 1988; Zanotto & Cavalcante, 1994). Há importantes relações entre a formação acadêmica dos estudantes e as leituras empreendidas. Metodologicamente, foram consideradas todas as etapas de construção do banco de dados, sua transcrição, originando um estudo de ordem qualitativa e interpretativa. Há destaque para a delimitação do conceito de gênero textual e aspectos cognitivos interferentes no processamento da leitura, estes observáveis no banco de dados composto.

Palavras-chave: leitura - cognição - gêneros textuais

 

O TRATAMENTO DA VARIAÇÃO MORFOSSINTÁTICA: UM ESTUDO DE CASO A PARTIR DA COLOCAÇÃO PRONOMINAL
                                                                                
Eloisa Jardim Barino (UFJF)
O presente trabalho apresenta resultados de uma pesquisa realizada como monografia de conclusão de um curso de especialização em ensino de língua portuguesa. Analisamos, primeiramente, questões de variação lingüística para além dos níveis fonológicos e lexical, mais especificamente o tópico gramatical colocação pronominal. A metodologia utilizada foi um estudo de caso em uma escola da rede privada da cidade de Juiz de Fora (MG), em que se realizou a observação da prática pedagógica de um professor, bem como o material didático e os materiais extras por ele utilizados no trato com a colocação pronominal. O referencial teórico adotado é a Teoria da Variação na Escola (Bortoni-Ricardo, 2004), pautada em uma visão sociointeracionista de ensino e em uma pedagogia culturalmente sensível, em que os professores devem valorizar os modos de falar distintos (variedades) do aluno, sem com isso, negligenciar o estudo da norma padrão. Levando em conta a reduzida e peculiar amostra analisada, a necessidade de continuidade da pesquisa se mostra relevante, contudo os resultados parciais demonstram que o ensino restringe-se, na maior parte das vezes, a aspectos do léxico e pronúncia; aliado à consciência do docente pesquisado em relação às teorias lingüísticas vigentes, à produção de materiais extras e a aplicação dessas teorias, em parte, ao ensino.

Palavras-chave:  variação - linguagem- ensino

A LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL SOB A ÓTICA E A ÉTICA DOS PROTESTANTES
O CASO MACKENZIE

Enedino Soares Pereira Filho (USP)

Num quadro de imigração, a cidade de São Paulo viveu um breve período de bilinguismo em que comunidades de imigrantes estrangeiros mantiveram suas línguas nativas funcionando como substratos diante do superstrato da língua portuguesa.
Integrando as pesquisas sobre história social da língua portuguesa, este estudo visa a dimensionar a contribuição dos protestantes da Escola Americana/Mackenzie College na formação da norma culta do português escrito entre o final do século XIX e começo do XX.
Como corpus, analisou-se material impresso relativo à fundação e consolidação do Mackenzie entre os anos 1870 e 1920. Trata-se de cartas, prospectos, polêmicas, discursos de paraninfos, gramáticas e outros gêneros que evidenciam o modo como esse segmento social usava e problematizava o emprego do português culto. Além disso, fontes secundárias relacionadas à história e sociologia do protestantismo no Brasil embasam essa análise que é amparada, sobretudo, por uma metodologia da pesquisa histórica.
Os missionários presbiterianos que fundaram o Mackenzie eram adeptos da difusão da língua portuguesa, pois que, pioneiramente, adotaram-na como língua de ensino em seu colégio. Mais que isso, defendiam uma verdadeira "reforma" nos métodos de ensino da mesma, o que resultou na criação de gramáticas como a de Júlio Ribeiro e Eduardo Carlos Pereira, consideradas inovadoras dentro dos padrões da época e que orientaram a conduta linguística de parte da elite paulistana.
Palavras-chave: Protestantismo, Mackenzie e Língua Portuguesa.

 

GRUPO DE MORFOLOGIA HISTÓRICA DO PORTUGUÊS:
ESTUDOS DIACRÔNICOS SOBRE SUFIXAÇÃO

Coordenadora: Érica Santos Soares de Freitas (FFLCH-USP)

O GMHP – Grupo de Morfologia Histórica do Português (http://www.usp.br/gmhp) – é um grupo interdisciplinar criado em 2005, coordenado pelo Prof. Dr. Mário Eduardo Viaro, cujo propósito é se dedicar aos estudos diacrônicos da formação de palavras na língua portuguesa, concentrando inicialmente seus esforços no viés da sufixação. Para tanto, entre alguns de seus objetivos estão: a catalogação das palavras derivadas por sufixação do português atual; o estabelecimento de critérios semânticos de classificação para definir os significados dos sufixos, separando a palavra de étimo válido dos casos de homonímia e de falso étimo, prevendo os fenômenos de convergência e divergência etimológica; a investigação dos empréstimos, bem como a transmissão do étimo, da palavra derivada ou dos seus componentes para demais línguas, românicas ou não; a elaboração de uma genealogia semântica e funcional para os sufixos estudados; além da datação com mais precisão de fenômenos e acepções de palavras, com base em corpora próprios. Entretanto, para estudar o significado dos sufixos formativos de palavras na língua portuguesa e sua gênese, não se pode prescindir de estudos de Semântica Geral, de Lexicologia, da Estilística ou de outros estudos de caráter sincrônico da Linguística Geral. Assim, o GMHP, segundo seu próprio modelo desenvolvido, investiga palavras e seus sufixos sob o ponto de vista diacrônico e morfológico. O propósito desta sessão é apresentar algumas das pesquisas concluídas e em andamento, que se mostram apenas como um viés das muitas linhas existentes neste amplo projeto, centradas nos estudos diacrônicos dos sufixos e atendendo aos objetivos do grupo, bem como expô-las ao debate para um proveitoso intercâmbio acadêmico e científico.
Participantes: Érica Santos Soares de Freitas (doutoranda - FFLCH-USP), Mariana Giacomini Botta (doutora - FCL/CAr–UNESP), Nilsa Areán-García (doutora - FFLCH-USP), Solange Peixe Pinheiro de Carvalho (doutora - FFLCH-USP), Vanderlei Gianastácio (doutorando - FFLCH-USP)

EQUÍVOCOS EM ETIMOLOGIAS DE PALAVRAS SUFIXADAS EM –MENTO.

Érica Santos Soares de Freitas (FFLCH-USP)

Nosso trabalho é direcionado ao estudo morfológico diacrônico, semântico e paradigmático; nele, observamos as palavras portuguesas formadas pelo sufixo derivacional –mento; de 2.772 palavras terminadas em –mento no Dicionário Houaiss (2001), 1.297 possuem indicação de sua formação (datação); organizando-as por séculos, identificamos os picos de produção das palavras sufixadas em –mento no português nos séculos XV, XIX e XX, respectivamente 19%, 23% e 18%.
De acordo com Barbosa (1998), para se conhecer os neologismos de uma época, é necessário fontes, como dicionários, para confrontá-las com as de etapas posteriores. Para a autora, do ponto de vista diacrônico, um neologismo criado em uma etapa da língua, se não desaparece, se integra à norma e se desneologiza. Conforme Alves (2004), embora ocorram arbitrariedades nas obras lexicográficas, elas são o paradigma que indica se uma determinada palavra faz parte ou não de uma língua e, portanto, deveriam ser confiáveis. Apresentaremos os gráficos resultantes da análise de produtividade das palavras sufixadas em –mento, por séculos, indicando suas origens (formada no português, empréstimo latino ou de outras línguas) e verificando sua produtividade no momento em que surgiram. Além disso, apresentaremos algumas palavras derivadas em –mento inseridas como verbetes em Houaiss (2001) cujas datas de origem estão equivocadas, seja por sua base serem datadas em etapas posteriores, ou ainda por existirem no latim: eram, de fato, neologismos e se desneologizaram (visto que estão indicadas no dicionário), ou simplesmente foram inseridas numa obra lexicográfica por constarem numa abonação confiável?
Palavras-chave: Lexicografia; Morfologia Histórica; Datação.

 

A RESSEMANTIZAÇÃO LINGUÍSTICA NO ESPAÇO HUMORÍSTICO
TELEVISIVO BRASILEIRO

Everaldo dos Santos Almeida - Faculdade Atenas Maranhense (FAMA)

O estudo investiga a programação humorística televisiva brasileira e os bordões por ela criados tendo as dimensões sócio-histórico-cultural dos falantes e as novas molduras coloquiais da linguagem como arcabouços da pesquisa. Estudo cultural do humor como instrumento televisivo capaz de atingir e influenciar a configuração da Língua Portuguesa por meio de bordões e expressões. Objetiva mapear descritivamente como os novos dizeres se inscrevem na fala de adolescentes e jovens adultos. Análise dos vínculos entre a língua e a didática linguística televisual dos programas de humor e suas repercussões semânticas sobre a língua. Relação dialógica entre a linguagem humorística televisiva (o outro) e o sujeito (telespectador) na (re)construção dos sentidos linguísticos a partir da interação verbal, por meio da qual surgem novas formas de dizer e de significar, tendo a língua como produto midiático. A televisão passa a negociar a linguagem, fazendo-o com que a linguagem resultante seja mais que uma palavra. Contribui para um melhor entendimento sobre o funcionamento da língua em contextos audiovisuais, e como propor uma nova abordagem acerca dos estudos da linguagem. 

Palavras-chave: Dialogismo. Interação verbal. Linguagem.

ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS DE OPINIÃO NO JORNAL ESCOLAR: OS MECANISMOS DE ENUNCIAÇÃO COMO FONTE DE AÇÃO LINGUAGEIRA

Fábio Delano Vidal Carneiro Faculdade 7 de Setembro / Université de Genève

O objetivo do presente trabalho é analisar a argumentação expressa nos textos de opinião dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, no âmbito do jornal escolar “Primeiras Letras”. O Interacionismo Sociodiscursivo fundamenta teoricamente o trabalho. Para o ISD, os textos são a materialização linguística das ações de linguagem, constituindo-se, portanto, em “produtos da atividade humana” (BRONCKART, 1999), em articulação com as redes de interesses e representações que suscitam sua produção. O trabalho consistiu em um estudo comparativo-interpretativista de base experimental, com base na análise dos textos de opinião elaborados por alunos no 5º ano do ensino fundamental, assim como do contexto de produção desses textos. Essa metodologia participativa permite uma fundamentação epistemológica que abarque o “agir linguageiro” na sua real efetivação (LEURQUIN, 2001; BRONCKART, 2008). O trabalho abrange escolas da rede pública do Município de Fortaleza, Ceará. Nos textos analisados, a força semântica das frases-argumento é construída através de operações enunciativas que buscam apreender os diversos mundos discursivos capazes de suportar relações não apenas de necessidade causal, mas de necessidade normativo-social, expressas através de acordos e de operações psicológicas veiculadas nos grupos verbais e no gerenciamento da agentividade e da responsabilidade enunciativa. Foi possível identificar cinco modalidades de operações: Generalização Deôntica; Generalização Epistêmica; Verificação Psicológica; Verificação Pragmática e Aspectualização. Essas operações caracterizam-se por uma dinamicidade potencialmente dialética, não no sentido da busca de sínteses ou de uma economia, mas na formação de tensões entre pólos de expressividade em constante negociação com os sistemas praxeológicos e linguageiros do agir humano.

Palavras-chave: Texto de opinião, argumentação, mecanismos de enunciação

ESTRATÉGIAS SEMIÓTICAS EM SALA – DESAFIOS NO ENSINO MÉDIO

Fábio Irineu Fernandes Pereira – UPM

Um dos grandes desafios do professor de língua portuguesa, atualmente, é despertar seus educandos, principalmente os de Ensino Médio, para a necessidade do aprofundamento na leitura, verbal e não-verbal, frente a um sistema midiático cada vez mais manipulador. A presente comunicação visa a compartilhar uma das estratégias utilizadas ao longo do último ano letivo, com alunos do 3° Ano E.M., baseada na análise imagética do discurso midiático. Para tanto, analisar-se-á uma capa da revista veja, publicada à véspera de uma presidencial, tendo como arcabouço teórico a Teoria da Análise do Discurso, tomando como sustentáculo, em especial, os óculos sociais (Blikstein) e a formação social (Pêcheux), além das formações discursivas (Foucault), ferramentas indispensáveis para a percepção dos elementos verbais e não-verbais materializados no corpus. A experiência, positivíssima, revelou imensa facilidade dos discentes secundaristas em captar os mais diversos signos e associá-los à ideologia contida no discurso.

Palavras-chave: Leitura; Semiótica; Discurso.

 

"PORQUE MELHOR É QUE ENSINEMOS A GUINÉ QUE SEJAMOS
ENSINADOS DE ROMA"
O PESO DA TRADIÇÃO NA LÍNGUA DO IMPÉRIO
Fabio Vélez
Universidad Autónoma de Madrid

 Esta expressão extraída da Gramática de Oliveira (1536), a primeira portuguesa, revela uma mudança decisiva em relação à história das línguas. Diferentemente do que aconteceu com suas línguas irmãs (o italiano, o espanhol, o francês…), o português advertiu prematuramente que a língua devia atender a seu presente e se desprender assim das redes da tradição, um passado áureo e rígido. A língua tinha uma nova “valia e preço” que pouco tinha a ver com a transmissão de saberes, e sim com o transporte de mercadorias. Ou seja, menos com a imitatio greco-latina e mais com a conversa de mercados emergentes. Com este gesto, o português olhava de frente para a modernidade.

Palavras-chave: Língua, tradição, mercado.

 

A LEITURA DE IMAGENS E SEU DIÁLOGO COM O TEXTO ESCRITO

Fernanda Isabel Bitazi
(Doutoranda - UPM )

Partindo da constatação – feita por Graça Ramos (2011, p. 34) em sua obra As imagens nos livros infantis – de que “a sociedade brasileira não foi preparada e educada a compreender que ver é um ato de conhecimento”, este trabalho pretende apresentar, justamente, uma proposta pedagógica que pode permitir o desenvolvimento do que a pesquisadora brasileira chama de “exercício de observação”. Essa proposta parte dos sentidos e das inferências interpretativas que podem ser feitas a partir do diálogo entre o reconto “João e Maria” – publicado no livro Turma da Mônica em Contos de Andersen, Grimm e Perrault – e as ilustrações que o acompanham, atendo-se, com maior rigor, na ilustração que o precede. O fato de o texto escrito ter sido ilustrado por meio das personagens Cascão e Magali pode gerar determinadas expectativas por parte do leitor sobre os acontecimentos que irão se suceder na narrativa, expectativas estas que, no entanto, podem vir a não se configurar. Dessa maneira, com o “exercício de observação” proposto, pretende-se fazer com que os alunos, independentemente de gostarem ou não das imagens que ilustram o reconto, infiram os tipos de relações (tais, como, se a ilustrações servem apenas para acompanhar o texto ou se elas podem acrescentar alguma informação) subjacentes ao diálogo entre o texto escrito e suas ilustrações.

CONTATOS LINGUÍSTICOS NA OBRA DE FERNÃO DE OLIVEIRA: UMA ABORDAGEM NA PERSPECTIVA DA HISTORIOGRAFIA LINGUÍSTICA

Flavio Biasutti Valadares (PUC-SP/IFSP)

Problema: Quem foi Fernão de Oliveira? Como ele tratou os empréstimos linguísticos externos em sua obra? O que pensou acerca dos empréstimos linguísticos, bem como dos contatos linguísticos entre os povos? Qual o grau de representatividade dessa obra para a época? Que contribuições deixou para a Historiografia Linguística? Objetivo: analisar o tratamento sobre empréstimos linguísticos externos e contatos linguísticos, a partir de suas abordagens na obra de Fernão de Oliveira, na perspectiva teórica da historiografia linguística.
Justificativa: “os estudos sobre a primitiva Língua Portuguesa salientam a precariedade do léxico, que forçava o falante a dizer muito em poucas palavras. Nesse caso, as palavras emparelhavam, integrada uma à outra, uma carga semântica e outra moral, decorrentes da ideologia imposta pela Igreja” (Nascimento e Bastos, 2000, p. 10). Metodologia: análise de fonte primária, por se tratar de um objeto metalinguístico – “gramática”. Fundamentação teórica: baseada nos princípios de contextualização, de imanência e de adequação de Koerner. Resultados obtidos: a contribuição de Fernão de Oliveira, para a língua portuguesa, no que se refere aos empréstimos e contatos linguísticos, está em sua capacidade de ter realizado descrições muito relevantes para o que se veio a estudar sobre o assunto nos séculos seguintes.

Palavras-chave: Historiografia Linguística. Variação e Mudança Linguística. Estrangeirismos.

INTERDISCURSO, CENOGRAFIA E ETHOS DISCURSIVO NO CONTO “A IGREJA DO DIABO” DE MACHADO DE ASSIS

Flávio Sabino Pinto (DOUTORANDO – PUC/SP)

O presente trabalho tem o propósito de analisar o discurso literário em língua portuguesa, examinando o interdiscurso, a construção da cenografia e do ethos discursivo, especificamente, do conto “A igreja do diabo” elaborado por Machado de Assis. Ao escrever os discursos literários, o escritor constrói o seu tema, de acordo com as regras discursivas que ele estabelece. Neste âmbito entendemos ser notório aprofundarmos o conhecimento sobre a relação entre a instituição literária e o discurso de acordo com as novas tendências de Dominique Maingueneau. Compreendemos, assim, que os discursos ideológicos desse autor são construídos visando a torná-los literários e, ao mesmo tempo, argumentativo para a compreensão e adesão do co-enunciador, principalmente, se considerarmos as categorias interdiscursivas contempladas em nossas análises, tais como o interdiscurso, a cenografia e o ethos discursivo. No discurso selecionado, analisaremos, ainda, como o enunciador utilizou figuras do imaginário da religião para construir sentidos morais que circuncidam o homem, visto que em toda e qualquer sociedade organizada, a religião se apresenta como uma das estruturas institucionais importantes constitutivas do sistema social como um todo. Os resultados permitirão observar que a interface literatura e Análise do Discurso se apresentam como uma relação criativa e aberta para a produção de discursos que trabalham a complexidades da vida social. Assim, torna-se relevante analisar como o escritor Machado de Assis se posicionou criticamente em seus discursos literários para construir e divulgar ideologias que ultrapassam espaços e tempos.

Palavras-chave: interdiscurso, cenografia, ethos


 

REPRESENTAÇÕES DE LÍNGUA E  FALA NA OBRA “SOCIOLINGUÍSTICA, OS NÍVEIS DA FALA”, DE DINO PRETI
Gil Negreiros (FEPI - Itajubá)

Objetiva-se, neste trabalho, analisar as “imagens” ou “representações” dos conceitos de língua e de fala adotadas por Dino Preti na produção de seu livro “Sociolinguística, os níveis da fala”. Partimos de alguns questionamentos: quais são os conceitos de língua e fala usados por Preti na obra citada? Quais as influências presentes no horizonte de retrospecção do autor que o fazem adotar esses conceitos? O trabalho se justifica pela importância desse livro na Linguística do Brasil, haja vista ser um dos primeiros trabalhos do país a adotar o referencial teórico da Sociolinguística Variacionista. A pesquisa se apoia, teoricamente, na Historiografia Epistemológica. Essa linha teórica considera a língua como fato social e se baseia na explicação e na interpretação filosófico-científica do conhecimento humano. Há um interesse, a partir desse quadro teórico, nas ligações causais do objeto investigado com outros que lhe são relacionados, a partir de cinco parâmetros (sistema de objetos, parâmetro temporal, parâmetro espacial, sistema de parametragem externo e sistema de interpretantes). Segue-se, no processo de pesquisa, o Método Fenomenológico, a partir de seus quatro momentos metodológicos, a saber: imersão, discriminação, atribuição e síntese. A partir da metodologia empregada e da adoção teórica de alguns parâmetros, a investigação nos leva a evidências de que a influência de deu a partir das ideias de Saussure.

Palavras-chave: Ideias linguísticas, horizonte de retrospeção, Dino Preti.

 

ANÁLISE DE PROCESSOS MORFOFONOLÓGICOS NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA

Gisela Sequini Favaro (UNESP/Araraquara)

O objetivo principal deste estudo é a análise de processos morfofonológicos desencadeados pela flexão verbal das formas verbais do pretérito perfeito do modo indicativo do Português Arcaico (doravante PA), no período conhecido por trovadoresco (fins do século XII até meados dos século XIV) - referente à primeira fase do período arcaico. A metodologia foi baseada no mapeamento das formas verbais nas Cantigas de Santa Maria tanto de verbos regulares quanto irregulares. Depois de coletados, os dados foram separados de acordo com o tipo de processo morfofonológico verificado. O corpus de base, para o PA, foi constituído pelas Cantigas de Santa Maria (CSM), elaboradas em galego-português e atribuídas a Dom Afonso X de Castela, o Sábio, com a colaboração de trovadores, músicos, desenhistas e miniaturistas que acolhia em sua corte. Ao final da análise dos processos morfofonológicos, nos resultados obtidos, verificamos a alta produtividade da harmonização vocálica e da neutralização e crase da vogal temática em um estágio inicial da língua que denominamos de período arcaico. Podemos comprovar que os processos morfofonológicos, sobretudo a harmonia vocálica, já ocorriam desde o estágio inicial do português com as mesmas características e produtividade dos dias de hoje, uma vez que, na passagem do latim para o português, as conjugações verbais já eram bastante definidas. Desta maneira, este estudo permitiu constatar que desde o PA as formas verbais do pretérito perfeito do modo indicativo já apresentavam as mesmas características que encontramos hoje no Português Brasileiro, sobretudo no que diz respeito aos processos morfofonológicos aqui analisados.
Palavras-chave: Flexão Verbal, Harmonia Vocálica, Neutralização Morfológica.

A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR NO ENSINO DE ELEMENTOS GRAMATICAIS - O VERBO - NO GÊNERO CRÔNICA

Gisley Aparecida Gonçalves
PUC/SP

O tema deste trabalho é a importância da mediação no ensino de verbos no gênero crônica com foco nos tempos verbais - Pretérito Perfeito e Pretérito Imperfeito do Modo Indicativo.  Os dados são resultados de atividades realizadas com alunos do 1º ano do Ensino Médio de um colégio particular da Zona Sul de São Paulo. Objetiva-se caracterizar o papel do professor-mediador e refletir sobre a importância da mediação no ensino de elementos gramaticais na escola. Para tanto, do ponto de vista teórico, o estudo está fundamentado na perspectiva da Educação Linguística. Diante da necessidade de uma reorientação de papéis dos professores, esse estudo vem direcionar possibilidades para uma aprendizagem significativa e funcional de língua portuguesa no ensino regular.

Palavras-chave: mediação, gramática, ensino.

O tratamento da variação linguística em livros didáticos

Gláucia da Silva Lobo Menezes  USP/UNISA-SP

 

O objetivo deste trabalho é investigar se e como a noção de variação linguística está sendo apresentada em livros didáticos contemporâneos para o Ensino Fundamental II, levando em consideração os estudos descritivos da língua, além das novas orientações para o ensino que constam em documentos específicos e oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Um segundo objetivo é analisar a prática atual referente ao ensino de alguns fatos linguísticos, averiguando se a mesma está em acordo com a noção de variação discutida e o uso efetivo da língua. Selecionamos a coleção “Tudo é linguagem”, de Borgatto, Bertin e Marchezi (2010) para realizarmos essa análise. O aparato teórico que subsidiará o estudo será o da Sociolinguística Variacionista, em particular os estudos labovianos.
Os resultados parciais de nossa pesquisa apontam para o fato de alguns livros didáticos já considerarem a variação linguística e a tratarem de maneira que enriqueça o conhecimento do aluno sobre sua língua materna, tornando-o, como propõe Preti (1982) e Bechara (2007), um poliglota de sua própria língua. Contudo, observamos também que ora o tratamento da variação nos fatos linguísticos é superficial ora é realmente significativo. Dessa forma é possível valorizar os diversos falares existentes e continuar o trabalho de conscientização sobre a relevância do domínio da norma culta, sem inferiorizar os outros usos possíveis da língua e corroborando com o determinado pelos documentos legais.

Palavras-chave: ensino, variação linguística, livros didáticos.

PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS DIRECIONADO AO PÚBLICO
INFANTIL: IMPLICAÇÕES METODOLÓGICAS

Gleice De Divitiis
Universidade de Sorocaba/Universidade São Francisco

Apesar de uma evolução visível no que se refere ao ensino de Português para Estrangeiros (PLE) neste século XXI, é possível identificar muitos déficits, principalmente, na falta de uma metodologia destinada à aprendizagem de crianças. Geralmente, o perfil de quem procura os cursos de PLE é constituído por adultos, executivos ou pessoas que permanecerão durante um período prolongado no Brasil. O crescimento econômico do país desde meados dos anos 90, e a ocorrência de eventos esportivos impulsionou significativamente a procura por cursos direcionados ao ensino de PLE. Todavia, ao entrar em grandes livrarias, o espaço destinado aos livros de Língua Portuguesa para Estrangeiros é, praticamente, inexistente ou infinitamente menor se comparado às obras para as aulas de Inglês e\ou Espanhol. Em São Paulo, milhares de imigrantes chegam à cidade anualmente e, matriculam os seus filhos em escolas regulares. Localizado no bairro do Pari (região de São Paulo que recebe inúmeros estrangeiros e descendentes, principalmente, de Árabes, Coreanos, Chineses e Bolivianos), o Colégio Bom Jesus Santo Antonio do Pari (instituição vinculada à Universidade São Francisco) oferece, desde o início do mês de fevereiro de 2012, o curso de PLE para os seus alunos (crianças e adolescentes). Antes da implantação da atividade, os docentes foram treinados e, a problemática metodológica é amenizada pelo uso concomitante do livro didático (que não é direcionado para crianças) e a utilização de “slides”, jogos infantis e a criação de situações que constituem o cotidiano dos estudantes. Alguns avanços importantes no rendimento escolar já foram visualizados.

Palavras-Chave: Português para Estrangeiros; crianças e adolescentes; metodologia.

PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA

Graziela Naclério Forte, Torre de Babel

Atualmente, a Universidade de Caxias do Sul oferece o CEDILLES (Certificados e Diplomas Internacionais de Línguas Latinas de Especialidade) e o CILP (Certificado Internacional de Língua Portuguesa). No entanto, o exame de Proficiência em Língua Portuguesa (Celpe-Bras) é o único reconhecido oficialmente pelo governo brasileiro. Pretendo contar a minha experiência em sala de aula, ministrando cursos para os candidatos, até chegar no processo de preparação do livro Celpe-Bras sem segredos (HUB Editorial, 2012). O material apresenta diversos exemplos de tarefas do Módulo Individual (produção oral) através de questionários e Elementos Provocadores e do Módulo Coletivo (produção escrita), a partir de textos, vídeos e áudios cuidadosamente selecionados em jornais de bairro, rádios universitárias, sites de ecologia, folhetos, etc. Desta forma, podemos trabalhar os diferentes estilos da comunicação escrita, além de incluir dicas de como desenvolvê-las. Há, ainda, informações relevantes sobre pronúncia, separadas por origem (anglo-saxões, hispanos e orientais) e quadro-resumo com as alterações propostas pelo Novo Acordo Ortográfico. Como o foco está totalmente voltado aos objetivos do exame, elimina o fator surpresa e transforma as tarefas em algo rotineiro; pensando nas suas limitações versus o que se espera de sua produção, o candidato passa a ter condições de desenvolver previamente estratégias de comunicação oral e  escrita; além de amplo domínio do tempo de execução das tarefas.

Palavras-Chave: Proficiência em Língua Portuguesa, Certificado Internacional, Celpe-Bras.

 

A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL PELA ELITE PAULISTANA
NA VIRADA DO SÉCULO XX

Hélcius Batista Pereira (UNIP/SP)

O trabalho tem como objetivo a investigar a realização do sujeito pronominal pela elite paulistana nas primeiras décadas do século XX, época em que São Paulo recebeu levas de imigrantes, falantes de línguas de sujeito nulo (italianos, portugueses e espanhóis). Questionaremos se a chegada destes influenciou a norma linguística da elite, impedindo a  intensificação do uso do sujeito pronominal expresso. Comparamos esse uso ao do dialeto caipira, em função dos vínculos mantidos pela elite com o rural.
O trabalho se apoiou na conciliação das teorias de Chomsky, Labov e Bourdieu, em proposta que considera que a língua em dois níveis: um inato, o da faculdade da linguagem, e o outro social, o  "habitus", formado a partir do sócio-histórica.
A análise foi realizada mediante tratamento estatístico de corpora constituídos por cartas de duas gerações da Família Mesquita e por contos de Valdomiro Silveira, publicados na imprensa.
As cartas mostraram que o sujeito vazio ainda era o mais utilizado pela elite, mas já perdia produtividade nas novas gerações, tendência que coincide com o quadro encontrado no dialeto caipira, favorecendo o sujeito pleno.
Textos produzidos na época e estudos históricos nos levaram a comprovar que a elite tinha em seu habitus elementos para compartilhar com o dialeto caipira a preferência pelos plenos, em função do vínculo com o rural. Ao mesmo tempo, mantinha uma repulsa ao imigrante, não concedendo a este status social de relevância, e não se deixando influenciar por sua norma linguística para realização do sujeito.

Palavras-chave: realização do sujeito, historia social do português paulista, variação linguística.

 

 

REFLEXÕES SOBRE ETHOS DOCENTE EM MÍDIA ELETRÔNICA

    Helena Cristina Guerreiro Belda (UNICSUL)

O corpus escolhido para essa reflexão é um vídeo divulgado no site do YOUTUBE com o pronunciamento da professora Amanda Gurgel na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte diante da secretária da educação do estado, deputados e demais presentes, estando a categoria dos professores em greve. Nosso interesse é refletir sobre como se manifesta o ethos discursivo docentenessa mídia eletrônica, em que e como reitera-se ou refrata-se uma imagem estereotipada  do professor. As teorias de Patrick Charaudeau sobre as relações entre discurso e mídia e as reflexões de Dominique Maingueneau a respeito dos conceitos de cenografia, de ethospré-discursivo e de ethosdiscursivo, são os fundamentos para analisar o vídeo referindo-o a uma memória discursiva que nos remete à imagem previamente construída do professor, figura conceituada na sociedade, valorizada pelo saber.Optamos por focalizar no discurso da professora Amanda Gurgel sequências que nos levam a efeitos discursivos difusos, de um lado a relação da imagem positiva do professor na sociedade e de outro a imagem desvalorizada que clama por melhores condições salariais e de trabalho, em posição de inferioridade em relação aos seus interlocutores. É possível reconhecer nesse discurso docente efeitos de desprestígio e de deslocamento na escala social.Conforme aponta Charaudeau em seus estudos, é relevante refletir sobre o papel da mídia, a liberdade de expressão atribuída à mesma enquanto meio de comunicação e veiculação de informação, e como formadora de opinião pública. As mídias produzem“imagens deformantes” sendo que a esfera política necessita delas para sua própria “visibilidade social” e as utiliza com desenvoltura e perversidade para gerir o espaço público.
Palavras:chave: Ethos discursivo docente. Mídia eletrônica

UMA CONSTRUÇÃO HISTORIOGRÁFICA DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
DA DÉCADA DE 70

Hélio Rodrigues Júnior – PUC/SP

Este trabalho trata da constituição do ensino da Língua Portuguesa da década de 70, numa perspectiva historiográfica, com o objetivo de recuperar o processo de instituição e constituição do ensino da língua materna, identificando e compreendendo sua evolução. Procuramos analisar as concepções de ensino na esteira da reforma da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971 (Lei nº. 5.692/1971, de 11 de agosto de 1971), tomando por apoio um livro didático do período, como via de acesso para conhecer esse passado, traçando um paralelo com a história do presente. Perguntamos, assim, como essa lei compreende o ensino de língua materna? De que maneira essas concepções continuam nos dias atuais? Como método de investigação, acompanhamos o maior representante da Historiografia Linguística, Konrad Koerner, partindo dos três princípios: (i) a contextualização, abordando a concepção do ensino do Brasil, mais especificamente, o cenário da Língua Portuguesa na sala de aula, na década de 70; (ii) a imanência abre a investigação dos aspectos conceituais inerentes no livro didático dessa época); (iii) a adequação, ao final do trabalho, aproxima os elementos conceituais assumidos no livro didático da década de 70 com o ensino de língua materna nesse início do século XXI. Confirmamos que o magistério dos anos 70 é pautado no tecnicismo, consolidando a técnica estruturalista.
Palavras-chave: historiografia linguística, LDB 5.692/1971 e livro didático.

 

A INTERTEXTUALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE SEDUÇÃO EM TEXTOS PUBLICITÁRIOS: APLICAÇÃO PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Ilana da Silva Rebello Viegas (UFF)
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AS COTAS SOB O OLHAR DE UMA REVISTA DE CULTURA

                                                    Irene de Lima Freitas – UNIUBE

Esta comunicação apresenta algumas reflexões e alguns  resultados obtidos em nossa pesquisa de doutorado que teve por objetivo discutir como se dá na mídia impressa a construção do discurso sobre o sistema de cotas no Brasil e como ele se insere no debate sobre a exclusão/inclusão dos negros na sociedade brasileira. A partir da Lei nº 3.708, de 09 de novembro de 2001, em que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro instituiu cotas de até 40% para as populações negras e pardas no acesso à Universidade, a questão das chamadas políticas afirmativas ganhou destaque nos órgãos de imprensa e assumiu importância na sociedade brasileira. Nesse sentido, analisamos textos da revista de cultura Caros Amigos, que sistematicamente se ocupou do assunto, no ano de 2002 – período de efervescência do embate discursivo da exclusão, tendo como pano de fundo o tema das cotas. A perspectiva teórica e metodológica de base é a teoria/análise dialógica do discurso, conforme depreendida dos trabalhos de M. Bakhtin e do Círculo, especialmente no que se refere às noções de interação verbal, enunciado e formas de presença do discurso de outrem. Os resultados evidenciam mecanismos discursivos e modos de apreensão e citação  da palavra de outrem reveladores de que a revista constrói seu posicionamento editorial diante do objeto do discurso, a partir do valor que os interlocutores atribuem à sua construção; os embates entre os interlocutores determinam a construção dos enunciados; a polêmica é constitutiva da linha editorial da revista.
Palavras-chave: cotas; enunciado; discurso de outrem

 

RUY DUARTE DE CARVALHO
E A DIMENSÃO PLURAL DA CULTURA ANGOLANA

Isabelita Maria Crosariol  (PUC-RJ)

Resumo: Apoiada em pressupostos teóricos dos Estudos Culturais e dos Estudos Pós-Coloniais, a comunicação parte do estudo de um dos procedimentos de escrita adotados pelo autor angolano Ruy Duarte de Carvalho em seu livro de poemas Hábito da terra para mostrar a cultura angolana como híbrida e plural. Na obra em questão, é possível verificar a existência de poemas que se constituem da transcrição de textos orais de diversas línguas nativas angolanas, seguidos de sua reconversão para o português. A eles se seguem vários outros poemas, em língua portuguesa, concebidos a partir do diálogo entre o saber nativo e o saber europeu, evidenciando o texto literário como um lugar de encontro entre a oralidade e a escrita e entre a visão do intelectual e a de grupos de pastores de seu país. Consequentemente, vislumbra-se, em Hábito da terra, a concepção do texto literário como espaço democrático, ou seja, como espaço agregador das várias vozes que compõem o mosaico cultural angolano.

Palavras-chave: Ruy Duarte de Carvalho, literatura angolana, reconversão.

A LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL: PERCURSO, HISTÓRIA E INFLUÊNCIAS.

Ivelaine de Jesus Rodrigues – PUC/SP

Ao estudar-se a história da língua portuguesa do Brasil, a fim de traçar um panorama histórico dos fatores que influenciaram a formação dessa língua, admite-se que o grupo social, considerado majoritário na difusão dessa língua, não tinha acesso à escolarização, e por isso, não há registros escritos sobre esse grupo, impossibilitando, dessa forma, pesquisar a difusão do português popular brasileiro pelos escravos. Por esse motivo, talvez, ainda haja grande divergência entre os autores sobre diversas questões que envolvem o processo de formação do português do Brasil. Três hipóteses interpretativas foram criadas para tentar associar a origem à formação das variações da língua portuguesa no Brasil: a primeira hipótese interpretativa é a que considera que o português popular do Brasil, é um resultado de tendências geralmente encontradas em línguas crioulizadas; a segunda hipótese interpretativa refere-se à transmissão linguística irregular, que consiste na aquisição da linguagem assimilada, quando adultos, manifestando-se, dessa forma, como uma segunda língua para o falante; e a terceira hipótese interpretativa trata-se da deriva secular, a qual defende que o português brasileiro é uma continuação do português arcaico, pois traz, no português brasileiro, uma vertente de “estruturas e variações” presentes em toda a trajetória linguística dentro da história. Apesar desses estudos, essa questão não fica clara, mas ajuda a fazer reflexões acerca dessas forças. Os autores não excluem as influências africanas e de outros povos, mas buscam encontrar as influências românicas e lusitanas dentro do português popular brasileiro, assumindo a diferença entre o português europeu e o português brasileiro.
Palavras-chave: Língua portuguesa, Português do Brasil, Português Europeu.

 

TÓPOS DO LUGAR AMENO (LOCUS AMOENUS) E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS: DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA À ÉPOCA CONTEMPORÂNEA

Ivone da Silva Rebello (SEEDUC – RJ)

Este trabalho tem por objetivo abordar, no contexto da literatura comparada, o tópos do lugar ameno (locus amoenus) num pequeno corpus de poemas, escritos desde a Antiguidade Clássica até os nossos dias (século XXI), incluindo também, nesta seleção, algumas letras de canções contemporâneas. Nesta pesquisa, explora-se o tópos do lugar ameno, começando com autores gregos (em especial, Teócrito) e latinos (Horácio, Virgílio, Calpúrnio), sendo este tópos retomado pelos poetas árcades brasileiros e, ainda, faz-se presente, de modo diverso, em diferentes aspectos da nossa cultura, no que diz respeito à dialética campo/cidade. Sem dúvida, este trabalho constitui uma revisão da intertextualidadetemáticaem torno do locus amoenus, sua história, tradição e a sua realização nos autores contemporâneos, sustentada em análises de um corpus textual sucinto e de um arcabouço teórico baseado na obra do eminente filólogo alemão Ernst Robert Curtius (1886-1956), Literatura Europeia e Idade Média Latina.Procura-se identificar e analisar nos corpora em estudo, os recursos intertextuais explícitos e implícitos disseminados nos textos, fundamentando-se teoricamente em Kristeva (1969), Bakhtin (1970), Marcuschi (1999, 2002, 2005), Koch (2000, 2004, 2006, 2007), Perrone-Moisés (2005), Barthes (2004), Denis (2002) entre outros.Esta abordagem, através da exploração do locus amoenus, contribui de modo efetivo na interpretação de universos culturais distanciados no tempo e no espaço, pois o referido tópos assume múltiplas facetas à medida que é adaptado às novas visões históricas e sociais na contemporaneidade.

Palavras-chave: locus amoenus, intertextualidade temática, literatura comparada.

 

Práticas de letramento na rede: diários de leitura

Jaqueline de Moraes Fiorelli

Esta apresentação retoma pesquisa vinculada à tese de doutorado defendida na USP em 2009 e tem por objetivo analisar as possibilidades advindas do uso de ferramentas digitais em práticas de letramento no espaço virtual. Assim, tendo como fundamentação teórica complementar a abordagem sócio-retórica de Bazerman (2005;2006;2007), quer-se verificar de que forma uma dessas ferramentas, os blogs, contribui para que as práticas de leitura e escrita ganhem significado no contexto escolar. Escolheu-se o gênero diário de leitura, considerado um instrumento por meio do qual os alunos podem registrar suas impressões e reflexões. Dessa forma, levando-se em conta o caráter interativo inerente ao gênero selecionado, busca-se investigar que potencialidades a rede oferece ao se criarem novas instâncias de interlocução entre leitores/produtores de texto.

Palavras-chave: letramento digital – produção de texto – gêneros.

PORTUGUÊS LINGUA ESTRANGEIRA: A EQUIVALÊNCIA LÉXICA
INTERLINGUÍSTICA NA PRODUÇÃO LEXICOGRÁFICA

Jeni Silva Turazza (PUC/SP)
Cassiano Butti (PUC/SP)

A necessidade de elaboração de materiais para fins didáticos voltados para atender, especificamente, às reais necessidades de aprendizagem do português brasileiro por falantes para quem este idioma se faz estrangeiro, é um dos desafios a ser superados nas próximas décadas. Focalizadas as principais dessas necessidades, equipe de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em parceria com equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), aceitaram o desafio de planificar ações de um projeto lexicográfico, cujo propósito é a construção do Dicionário do Idioma Português Língua Estrangeria: equivalências com o espanhol rio-platense (DIPLE). A pesquisa está fundamentada em princípios e pressupostos da Lexicologia, de modo a que os resultados obtidos possam orientar o consulente sobre modos de agir ou proceder em relação a modelos de interações sócio-cognitivo-interativos que têm como entorno contextos sócio-históricos-culturais distintos daqueles por ele vivenciados e dele conhecidos. Assim, apresentam-se, nesta comunicação, os resultados parciais dessa investigação, com os objetivos de: a) expor algumas das especificidades lexiculturais, fundamentais na abordagem inter-cultural no ensino de PLE; b) ressaltar as funções da equivalência léxica interlinguística, típica em obras lexicográficas de caráter semibilíngues.

Palavras-chave: Lexicultura, Lexicografia; equivalência léxica; Português Língua
Estrangeira (PLE).


O ENSINO DA PRODUÇÃO DE TEXTO A ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL I: A DEFASAGEM DECORRENTE DE UMA LACUNA

Jennifer Galvão Cezar
Universidade de Taubaté

São recorrentes as insatisfações dos professores de Língua Portuguesa quanto às noções de escrita que os estudantes trazem ao ingressarem no 6º ano do Ensino Fundamental II. Sabe-se que, no âmbito dos estudos do ensino de língua materna, grande atenção dispensa-se aos aspectos relacionados à escrita.  Diversos autores recomendam um ensino processual, tendo o texto como unidade de ensino. No entanto, tais discussões ocorrem entre linguistas, docentes licenciados em Letras. Assim, esses estudos são divulgados e pesquisados por aqueles envolvidos na área dos estudos da linguagem. Em contrapartida, docentes responsáveis pela iniciação dos alunos à produção escrita, ou seja, professores dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental I, em sua maioria, pouco dispõem de conhecimentos específicos dessa área que são essenciais para o ensino da produção textual. Nesse cenário, investigou-se de que forma os professores dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental têm realizado o ensino das produções textuais e o que nos dizem os estudiosos acerca desses aspectos. Para isso, entrevistaram-se professores que exercem atividades nesses níveis de ensino, coletaram-se produções de texto desse público-alvo, paralelamente à revisão da literatura pertinente. Sob respaldo do interacionismo sócio-discursivo, analisou-se tal corpus e observou-se que os docentes não percebem a produção textual como dialógica, mas como mero produto escolar. As escritas dos alunos são produções sem identidade e repletas de inadequações. Com isso, conclui-se que parte da defasagem apresentada por esses estudantes deve-se ao paradoxo supracitado, instaurado pela existência dessa lacuna na formação dos professores dos anos iniciais.
 Palavras-chave: ensino – produção de texto – formação docente

RUPTURAS ENTRE HUGO SCHUCHARDT E WILLIAM LABOV

Jorge Viana de Moraes (USP)

Ainda que seja possível notar nos trabalhos de Willian Labov (1927), nomeadamente Padrões Sociolinguísticos (2008 [1972]), alguma referência ao romanista alemão Hugo Schuchardt (1842-1927), esta é, por assim dizer, superficial e marginal. Ao que parece, o renomado sociolinguista norte-americano, considerado pela literatura especializada – e com razão – o grande introdutor e sistematizador dos estudos sociolinguísticos nos EUA e no mundo, não teve maior contato com a obra do estudioso alemão do final século XIX e início do XX. Isto é notável a partir da própria falta de referência mais detalhada da obra de Schuchardt em seus trabalhos. Labov, quando o cita, o faz ainda sob uma perspectiva geral e globalizante, característica de manuais introdutórios de história da linguística, em que o mais importante são os traços gerais, mesmo que estes não correspondam, efetivamente, aos aspectos mais singulares dos autores historiados. Acreditamos que o simples fato de Labov não arrolar obra alguma de Schuchardt em suas referências bibliográficas demonstra a franqueza e a honestidade de pesquisador sério que é.
Tais observações são importantes na medida em que sabemos ter sido Hugo Schuchardt um dos primeiros estudiosos das Ciências da Linguagem (pelo menos, no limiar do séc. XX) a apontar as fundamentais relações entre sociedade e língua,bem como, suas implicações, teorizando abertamente a respeito em um momento em que a linguística ainda estava dominada pelas concepções naturalistas acerca da linguagem. Nesse sentido, este trabalho, filiado à Historiografia Linguística/ História da Ideias Linguísticas, tem por finalidade investigar e demonstrar as principais razões das possíveis rupturas nesse domínio do conhecimento.
Palavras-chave: ruptura; ciências da linguagem; língua e sociedade; sociolinguística. 

ENTRE LÍNGUA E LINGUAGENS: A NARRATIVA DAS ESCOLAS DE SAMBA EM PORTUGAL E AS QUESTÕES CULTURAIS E COMUNICATIVAS PRESENTES NO CONTEXTO LUSÓFONO.

 José Maurício Conrado Moreira da Silva (UPM)

Este trabalho investiga a linguagem dos desfiles de escola de samba nos fluxos comunicativos entre Brasil e Portugal. No século 16 um tipo antigo e colonial de linguagem carnavalesca chamada “Entrudo” chegou ao Brasil colônia trazida pelos colonizadores. Dentro do contexto do uso da língua portuguesa, a partir dos anos 1970 do século 20, ocorreu uma inversão sobre esses fluxos, quando o Brasil começou a exportar outras  linguagens, como as escolas de samba (derivado do Carnaval colonial) e telenovelas. Este processo foi intensificado após a após a Revolução dos Cravos, um fato de que foi responsável pela reabertura cultural e político de Portugal. Este trabalho analisa este circuito comunicativo entre Brasil e Portugal que passa a caracterizar uma espécie de contexto pós-colonial da Lusofonia, entendida nesta pesquisa como sendo um ambiente midiático para os países que usam o idioma Português. A metodologia compreende pesquisa bibliográfica e de campo. Os principais resultados apontam que a imitação dos desfiles brasileiros no ambiente externo de Portugal é um complexo processo que se enquadra em um "mercado de linguagens" Este "mercado de linguagens" representa uma inversão nos circuitos habituais:também com o uso da língua, o Brasil, a ex-colônia, agora é exportador de linguagens para a ex-metrópole. O desdobramento desta questão pode ser identificado em debates de autores como Boaventura de Souza Santos, cujo projeto de pesquisa ALICE (2011) argumenta que a Europa precisa reconhecer-se nos "espelhos" dos mundos que ajudaram a criar. As escolas de samba, como derivação do processo de carnaval colonial, são uma possível metáfora destes espelhos.


Palavras Chave: Linguagem, Carnaval, Lusofonia.

 

CONTEXTUALIZAÇÃO E ENSINO SIGNIFICATIVO
DE LÍNGUA E LITERATURA
Josélia Gomes da Silva.
 Escola de Referência em Ensino Médio Dom Miguel de Lima Valverde – Caruaru - PE.
 Lucicléia Feitosa Silva Costa.
Escola de Referência em Ensino Médio Dom Miguel de Lima Valverde – Caruaru – PE/
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru/FAFICA.

Um dos maiores desafios da educação é contextualizar o conhecimento. Especificamente em relação ao ensino de língua e literatura, entendemos que é preciso avançar muito até tornarmos os conteúdos desses componentes curriculares pragmáticos no cotidiano escolar. Isso não é algo simples, pois a categoria contextualização implica em uma busca constante de atualização. Nosso objetivo inicial é estudar o conceito de contextualização como importante norte para promover um ensino na área da linguagem mais dinâmico, interativo e eficaz. Para essa direção, recuperaremos as implicações da concepção de linguagem como interação, bem como estudaremos sobre a epistemologia dentro do paradigma da contemporaneidade. Ensinar as sutilezas da língua ou a atualização da literatura, dentre tantos enquadramentos, requer um grande esforço de contextualização. A relação linguagem/ sociedade intensifica esse esforço: “Assim como não há sociedade sem linguagem, não há sociedade sem comunicação.”, conforme PETTER (2004:p.11) que retoma Benveniste para o fato de que “a sociedade é condição para a linguagem.”. É, portanto, imperativo que o ensino desse objeto seja significativo. Nessa direção a categoria contextualização é destacada nos PCNs “Tratar os conteúdos de ensino de modo contextualizado, aproveitando sempre as relações entre conteúdo e contexto para dar significado ao aprendido, estimular o protagonismo do aluno e estimulá-lo a ter autonomia intelectual.”  (BRASIL, 2000, p. 75). Pretendemos realizar uma pesquisa exploratória, retomando teóricos na área linguística que concebem o dialogismo como fonte constitutiva da linguagem, fundamentados em Bakhtin e também estudos na área da pedagogia revisitando o conceito de paradigmas para destacarmos a categoria contextualização.

Palavras-chave: contextualização, ensino de língua, ensino de literatura.

 

TEXTO E INTERTEXTUALIDADE: CONCEITOS E INTERFACES

 Khalil Salem Sugui (PUC-SP)
 Claudia Marques Matheus (PUC-SP)

Este trabalho pretende investigar o valor da intertextualidade no âmbito da Linguística e de seus campos científicos afins. Para tanto, utilizar-se-á de referenciais teóricos como Marcuschi, Koch e Antunes, autores que refletem sobre o texto em compasso com suas numerosas grandezas contextuais, tais como as esferas sociais, culturais, etc. Primeiramente, analisamos o texto em si, bem como sua tessitura, focalizando a atenção nos conceitos de sequência, coesão e unidade. Relacionando tais dimensões ao potencial criativo de seus enunciadores, semelhantemente expomos ilações e reflexões sobre as irrestritas faces da subjetividade humana. Transversalmente, compreendemos o texto em sua perspectiva científica, adentrando pontos formais da Linguística Textual, momento em que nos sustentamos nas considerações de Marcuschi e nos campos de análise mais teóricos sobre coesão e coerência, de sorte que se possa compreender essas presenças com pontos essenciais não somente à fluência do texto, mas como elementos subjacentes às reais construções de sentido.             Tal senda semântica alinha-se harmoniosamente à conformação da essência intertextual, pois que todo texto é, em verdade, um intertexto.

Palavras-chave: Intertextualidade, Texto, Linguística Textual.

 

A MALÍCIA NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDO DA CRÔNICA JORNALÍSTICA “UMA GRANDE REVISTA DE SACANAGEM”, DE IVAN LESSA

Karla K. Somogyi (mestranda pela PUC/SP

Como a leitura é um processo que demanda uma postura ativa, um exercício de raciocínio por parte do leitor, para que se possa aprimorar esse processo, cabe ao professor mediá-lo e uma das estratégias é conduzir o aluno na construção do sentido de um texto.
Tendo por base a teoria sobre o discurso da malícia proposta pelo prof. Dino Preti em sua tese de livre-docência em Língua Portuguesa, assim como as teorias dos linguistas Dominique Maingueneau e Émile Benveniste, entre outros, o intuito do trabalho foi analisar a linguagem maliciosa empregada na crônica jornalística de Ivan Lessa, “Uma grande revista de sacanagem”, a fim de construir o sentido do texto, buscando compreender e explicitar o papel da malícia. Para tal, foram identificadas as expressões maliciosas presentes no texto edeterminaram-se as associações de sentido possíveis estabelecidas por meio do emprego dessas expressões ambíguas ou polissêmicas que sugerem sexualização. A análise do papel da malícia na construção de sentido da referida crônica revelou a intenção do autor do texto de criticar uma determinada ideologia.
Considera-se relevante entender esse mecanismo de construção de sentido por meio da linguagem maliciosa com o objetivo de ampliar a consciência do uso que se faz, ou que se pode fazer, do código linguístico e, desse modo, oferecer a professores do Ensino Médio subsídios para exercícios de leitura e interpretação de textos com seus alunos.

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA POR MEIO DA ORALIDADE
EM TEXTOS TEATRAIS

Katiuscia Cristina Santana (FFLCH/USP)

Neste trabalho, propomos uma análise dos aspectos da oralidade presentes em textos teatrais para o ensino de língua portuguesa. Tomando como base os parâmetros teóricos da Análise da Conversação e da Sociolinguística Interacional, tomaremos a título de exemplo o teatro de Martins Pena , em especial as comédias reunidas na edição crítica de Darcy Damasceno. A abordagem da oralidade em sala de aula ainda é bastante marginalizada nas aulas de língua portuguesa e isso torna o ensino de língua materna um tanto paradoxal, visto que muitos escritores brasileiros fizeram e continuam fazendo o uso de marcas de oralidade nas falas de suas personagens. Geralmente, estuda-se a literatura na escola apenas sob uma perspectiva crítica literária e não linguística. Com base nos pressupostos de Oesterreicher (1985) e Urbano ( 2000; 2008 )  sustentamos que fala e escrita são realizações de um mesmo sistema e não devem ser estudadas sob uma perspectiva dicotômica e sim pertencentes a um continuum. Desta forma, o estímulo do estudo do discurso oral em textos literários desenvolve as aptidões linguísticas dos alunos para a melhor compreensão do funcionamento da língua.

Palavras-chave: Oralidade, teatro, Análise da Conversação.

ACELERAR AJUDA A COMPREENDER?

Keila Núbia De Jesus Barbosa (Doutoranda: UNB)
Arthur Ferreira da Costa Lins

A pesquisa foi realizada em uma escola de Ensino Fundamental séries finais da rede pública de Brasília. A proposta foi analisar os alunos com defasagem idade-série inseridos no programa de aceleração intitulado programa Vereda, uma parceria do governo do Distrito Federal e da Fundação Roberto Marinho. Tendo como base as atividades trabalhadas pelo Instituto Paulo Montenegro – frente de ação social do IBOPE, parceiro da ONG Ação Educativa, que criou um indicador nacional de alfabetismo, o Indicador de Alfabetismo Funcional - INAF, o qual revela os níveis de alfabetismo funcional da população adulta brasileira, ou seja, quantifica as habilidades e práticas de leitura, escrita e matemática, atividades foram feitas e aplicadas aos alunos. As atividades de compreensão leitora foram feitas para analisar o entendimento de palavras e frases curtas até textos de média extensão. A análise dos dados será apresentada em uma escalabilidade de compreensão leitora, segundo Bortoni-Ricardo (2008).

tUDO ON SALE! AS INTERFERêNCIAS DA LÍNGUA inglesa na cultura brasileira – REFLEXÕES SOBRE LÍNGUA E CULTURA.

Kelly Aparecida Mendes (PUC-SP)
Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria de Oliveira Barbosa Bastos.

É comum observarmos palavras de língua inglesa em lojas de rua e em shoppings em São Paulo/SP, seja no nome do estabelecimento seja na promoção de algum produto. Devido à grande quantidade de estabelecimentos comerciais com nomes em inglês, percebe-se que há grande influência dessa língua estrangeira nas práticas sociais dos brasileiros. Assim, neste trabalho, buscamos entender porque isso acontece, quais as consequências dessa prática e como essa ocorrência se dá em relação às diferentes classes sociais: alta, média e baixa. Para tanto, teremos como base os estudos na área da Sociolinguística, na qual “a língua funciona como elemento e interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua” (PRETI, 1994:12) e dos Estudos Culturais, que tratam da diversidade dentro de cada cultura, sua multiplicidade e complexidade e as relações de poder e dominação que existem entre as diferentes culturas, serão fundamentais para reflexão sobre questões relativas à identidade e ao poder econômico paulistano (HALL, 2005). As inter-relações entre as culturas americana e brasileira nos levam a pensar numa diversidade cultural que aponta para uma visão polifônica, reveladora da complexidade dos encontros e interações culturais, levando-nos a considerar, também, a ‘Hibridização’ cultural conforme estudos de BURKE (2003) e HANNA (2006). Entendemos também que língua é cultura, (KRAMSCH 1998), o que nos leva a refletir sobre as mudanças e consequências do uso de estrangeirismos (FARACO, 2001) na língua e cultura brasileiras, e quais os impactos políticos dessas interferências que, em geral, motivam ações de política lingüística (CALVET, 2007).

 

 

O PODER DA PERSUASÃO: A REVISTA PODER EM FOCO

      Leandro de Oliveira Silva (UNINOVE/SP)

 A Revista PODER, publicada pela Glamurama Editora Ltda, sob direção de Joyce Pascowitch, trata de diversos assuntos ligados à sociedade contemporânea, desde reportagens até anúncios publicitários. Trata-se de uma revista que apresenta uma ideologia permeada pelo discurso da classe dominante. O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise da constituição do ethos discursivo, a partir da capa da revista publicada em setembro de 2011. O estudo parte dos pressupostos teóricos da análise do discurso de linha francesa, sobretudo aqueles feitos por Maingueneau (2008, 2010 e 2011). Observa-se que o jogo entre a linguagem verbal e a não verbal evidenciam um ethos do enunciador que vai ao encontro do discurso dominante. A revista utiliza elementos discursivos que desperta pathos no co-enunciador para persuadi-lo a alienar-se a um estilo de vida permeado por uma ideologia que favorece a elite.
Palavras-chave: ethos, discurso, revista, ideologia

gÊNEROS TEXTUAIS, LETRAMENTO E ENSINO: uma pesquisa com professores de Língua Portuguesa

Laura Silveira Botelho
(Doutoranda em Linguística pela UFJF/Pesquisadora do Grupo de Pesquisa FALE - UFJF)
Letícia Macedo Kaeser
Michele Cristina Ramos Gomes
Alunas do curso de Letras – Bolsistas da Pesquisa “Gêneros textuais: entraves e perspectivas”
Grupo de Pesquisa FALE – FACED/UFJF

A pesquisa “Gêneros textuais: entraves e perspectivas” (financiamento FAPEMIG e UFJF), desenvolvida em 2010/2011, da qual apresentamos resultados parciais, objetivou verificar de que forma o corpo docente de uma escola municipal da cidade de Juiz de Fora (MG) utiliza, no seu cotidiano, um Programa de Ensino de Língua Portuguesa, construído coletivamente pela comunidade escolar em 2007/2008 (Botelho e Magalhães, 2011). Tal documento, norteado por uma concepção discursiva de linguagem (BAKHTIN, 1992; TRAVAGLIA, 2000), está baseado em teorias de gêneros textuais (SCHNEUWLY e DOLZ, 2004) e no letramento do aluno (SOARES, 2001), enfocando o desenvolvimento de suas capacidades de análise e uso da língua (TRAVAGLIA, 2000). Numa vertente qualitativa, utilizamos como metodologia um estudo exploratório. Primeiramente, elencamos alguns teóricos da Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa. Em seguida, procedemos a entrevistas semiestruturadas com os professores da escola, tendo participado ou não da elaboração do Programa. Os dados mostram que, de forma geral, embora o documento contemple uma abertura aos diversos discursos, o letramento do aluno fica restrito a textos que circulam na escola. A partir dessa pesquisa, pretendemos, em ações futuras, estruturar projetos de trabalho que enfoquem a formação continuada dos professores, de forma que contemplem uma metodologia de ensino na perspectiva do letramento.

Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa, Letramento, Gêneros textuais.

 

CRENÇAS DE FUTUROS PROFESSORES SOBRE LEITURA: ANÁLISE DE NARRATIVAS PESSOAIS DE ALUNOS DE LETRAS

Leandro Tadeu Alves da Luz
(Instituto Federal de São Paulo – professor) – Doutorando – PUC/SP .

Esta é uma pesquisa de cunho qualitativo e tem como objetivo investigar as crenças de futuros professores de português sobre leitura e seu ensino. Os informantes são alunos do curso de Letras de uma universidade particular da cidade de São Paulo. Definir crenças, como apontam Pajares e Barcelos, dois dos principais teóricos da área, é uma tarefa complexa, mas de grande importância para se refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem de línguas. Em decorrência disso, o pesquisador deve usar o maior número possível de instrumentos para coleta de dados. Esta pesquisa utiliza como instrumentos inventários de crenças, entrevistas, narrativas pessoais e grupos de reflexão. Para esta apresentação, serão apresentados os dados parciais referentes à análise de narrativas pessoais que relatam a história do contato desses alunos futuros professores de português com a leitura.

Palavras-chave: Crenças, leitura, formação de professores

 

A DEFINIÇÃO LEXICOGRÁFICA EM DICIONÁRIO ELETRÔNICO PORTUGUÊS/ESPANHOL PARA APRENDIZES DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE)
                
Lêda Corrêa (UFS)

Este resumo trata da definição lexicográfica para analisar, com base em alguns postulados do significado, os modos de organização categorial dos traços descritivos e atributivos do conteúdo semêmico de vocábulos ligados à fauna e à flora, além de discutir a inserção e a função de informações enciclopédicas nas descrições dos lexemas desses campos selecionados, presentes nas versões eletrônicas do dicionário Houaiss (2007, 2009), cujas definições, sob a forma de paráfrases e sinonímias, funcionaram como suporte prático para a aplicação dos referidos postulados de definição. Os resultados obtidos orientaram o estabelecimento de critérios e a seleção de aportes teóricos para a elaboração das definições de um dicionário eletrônico de português/espanhol em desenvolvimento, destinado aos aprendizes de Português Língua Estrangeira (PLE) das escolas primárias e secundárias dos países signatários do Mercosul. O arranjo vocabular desse dicionário organiza-se, a um só tempo, pelos eixos onomasiológico e semasiológico, isto é, constitui-se por campos semânticos, cujos lemas afins são alfabeticamente dispostos e definidos de acordo com a orientação semântica do eixo ao qual pertencem. Suas definições vocabulares estruturam-se por paráfrases e, quando possível, são complementadas por sinônimos. Esse estudo parcial integra o projeto Formação docente e inovação tecnológica para o ensino-aprendizagem de PLE, financiado pelo PNPD/MEC/ CAPES e FAPITEC/SE, que tem na produção desse dicionário eletrônico de português/espanhol, uma de suas quatro metas para contribuir, no âmbito do ensino de PLE, com a integração regional dos Estados Partes do Mercosul e com a promoção e difusão do Português Brasileiro (PB) como língua estrangeira nesse megabloco.

APLICAÇÃO DE UM AVA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA:
PERCURSOS E PERCALÇOS

Profa. Dra. Leonor Werneck dos Santos (UFRJ)
Manuela Colamarco (Doutoranda/UFRJ)
Fabiana Gonçalo (Mestranda/UFRJ)

O uso de recursos tecnológicos tem se mostrado uma alternativa pedagógica, por promover maior democratização de acesso a informações e flexibilidade de currículo, porém é um desafio para os sujeitos envolvidos, que precisam mudar seus papéis tradicionais. Nesse sentido, este relato de experiência pretende refletir sobre a utilização de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) no ensino de Língua Portuguesa (leitura e produção textual), na Escola de Comunicação da UFRJ, mostrando as dificuldades e os resultados dessa experiência pioneira nas áreas de Letras e Comunicação dessa Universidade. Nosso foco principal são as estratégias didático-pedagógicas elaboradas pela professora e por suas assessoras em relação a um componente on-line de ensino – a plataforma Moodle – nesse curso presencial. Nossa fundamentação teórica baseou-se, dentre outros autores, em Haguenauer (2010), Tavares (2007), Lévy (2000), que defendem o uso das inovações tecnológicas como possibilidade de educação transformadora e que dão suporte à criação de atividades, ao uso de ferramentas na plataforma e ao aproveitamento de recursos. Este trabalho, já concluído, é uma pesquisa exploratória de base etnográfica e conta com quatro fontes de dados: diário de campo, entrevistas, questionários e depoimentos. Como principais conclusões a respeito desta experiência com a plataforma Moodle, percebemos (1) a necessidade de criar uma cultura de uso de AVA entre os alunos e nas instituições envolvidas, (2) a importância de não subutilizar a rede e de elaborar atividades específicas (quanto à forma e ao conteúdo) para a plataforma e (3) a relevância de uma autoavaliação crítica, por parte da professora e demais envolvidos, quanto ao processo de ensino-aprendizagem.


PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia; ensino; língua portuguesa.

 

GRAMÁTICA ANALÍTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA: PADRE MASSA

Leonor Lopes Fávero (PUC/SP)
Márcia A G Molina (UNISA)

Estudar uma gramática do passado à luz da História das Idéias Lingüísticas e da História Cultural é  procurar entender nosso passado gramatical e perceber um momento histórico permeado de “agoras” (Benjamin, 1996). Nosso objetivo neste trabalho, então, é o de revisar a Gramática Analítica da Língua Portuguesa, do padre José de Noronha N. Massa, impressa em 1888, no Rio de Janeiro, pela Imprensa H. Lombaerts, avaliando como o autor traduziu os pensamentos gramaticais daquele momento em que nossos estudos passavam por importantes transformações, visto as reflexões trazidas pela gramática histórico-comparativa, inauguradas aqui por Júlio Ribeiro. Delimitamos nossas análises no âmbito das  duas primeiras partes de sua obra:  etimologia  e sintaxe, deixando a parte material  da língua para estudos futuros. O trabalho, como dissemos, insere-se na História das Idéias Lingüísticas, disciplina  que traduz a idéia lingüística como todo saber construído em torno de uma língua, num dado momento, como produto quer de uma reflexão metalingüística, quer de uma atividade metalingüística não explícita (Auroux, 1989).  Verificaremos também que, como religioso, Massa imprime em suas obras suas crenças e modo de ver o mundo, visto que, como ele mesmo afirma: A palavra, que é o único veículo do pensamento e a tanta gente põe em contato os homens entre si, é, sem dúvida o termômetro que regula e denuncia mesmo a sua queda e abatimento, como o seu progresso e civilização. (Massa, 1888)

Palavras-chave: Gramática Analítica da Língua Portuguesa – História das Idéias Lingüísticas – História Cultural.

 

HIPERTEXTO E CIDADANIA CRÍTICA: VEREDAS DA LIBERDADE

Letícia Faria Antunes de Miranda (IP/PUC-SP)

A comunicação tem como propósito discutir a importância do trabalho com o hipertexto em sala de aula, tomando como ponto de partida para as reflexões teóricas o conceito de hipertexto anterior ao advento da internet, ou seja, um recurso linguístico interativo utilizado para estabelecer links de forma não sequencial e não linear com a leitura ou a produção escrita. A partir dessas considerações, pretende-se discutir os impactos que o trabalho (ou a ausência do trabalho) com o hipertexto pode ter em meio ao corpo discente. Para tanto, foram abordados conceitos fundamentais, como: língua e sujeito, texto e contexto, hipertexto, sentido e letramento, analisados em teóricos como Marchusci, Koch, Mattencio, Guimarães, além de documentos federais e didáticos (PCN’s, Constituição Federal, Habilidades e Competências do Enem) que respaldam o argumento sobre formação crítica e cidadã dos alunos. A discussão do problema levou a concluir que o hipertexto é um recurso essencial e indispensável para a construção de sentido, diante a diversidade de textos que o meio social/cultural disponibiliza ao aluno, e sua formação cidadã, pois fazê-lo entender os pormenores da leitura o torna a par de sua condição humana, levando-o a ser participante ativo de suas decisões pessoais e do seu meio social.

 


 

A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO NA CARTILHA DO TIRIRICA

Ligiane Cristina Segredo (PUC-SP)
Tamara de Oliveira (PUC-SP)

Esta pesquisa apresenta uma análise do discurso do antigo candidato e hoje Deputado Federal Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca. Nosso objetivo foi investigar a construção do ethos discursivo no discurso político.
Para tanto, elegemos como amostra: a Cartilha do Tiririca, candidato a Deputado Federal do PR, Partido da República, que mantém aliança com o PT, Partido dos Trabalhadores.
Em posse da amostra, perguntamo-nos: Como se constitui o ethos discursivo na Cartilha do Tiririca, distribuída na cidade de São Paulo, durante a campanha Eleições 2010? A fim de responder a essa pergunta, primeiramente selecionamos os pressupostos teóricos para o embasamento da pesquisa, adotando, assim, como autor de base Maingueneau, estudioso da Análise do Discurso de Linha francesa. O autor considera o ethos discursivo como a imagem de si que se constrói no discurso.
Respaldando-nos em Maingueneau, analisamos as cenas da enunciação, dando especial destaque a cenografia, onde o ethos se revela. Com isso, observamos que a imagem que se constrói do fiador é a de um humorista simples, pouco instruído que se candidatou a Deputado Federal para representar as pessoas menos favorecidas em Brasília.
Essa pesquisa torna-se relevante, uma vez que permite verificar como se dá a construção do ethos discursivo na Cartilha de um candidato que obteve 1,3 milhões de votos na última eleição, mesmo sendo acusado por falsidade ideológica e considerado um analfabeto funcional. 
Palavras-chave: Análise do Discurso; Cartilha do Tiririca; ethos discursivo.

LEITURA PRAZEROSA NA ESCOLA PÚBLICA: UM CAMINHO POSSÍVEL

Lirian Daniela Martini (UFM);
Daniele Fernandes Santana (Universidade do Estado do Pará)

Este relato de experiência é uma descrição do trabalho de leitura prazerosa voltado aos alunos da 9ª série do ensino fundamental de uma escola pública do Estado do Pará. Buscou-se apresentar ao aluno a leitura de maneira prazerosa, trabalhando-a de forma leve, interessante e motivadora. Tomou-se como base teórica o modelo interacionista de leitura, que considera a relação autor-texto-leitor. Este estudo propõe a leitura de enigmas como uma ferramenta para praticar uma atividade de leitura diferenciada, na qual os alunos desenvolvem diversas habilidades. Constatou-se durante o trabalho que a leitura de enigmas é envolvente, prende a atenção dos alunos e exige que estes utilizem sua capacidade interpretativa, seus conhecimentos prévios e raciocino lógico. Verificou-se, a partir da análise, que o retorno dos alunos em relação à aprendizagem é bem melhor quando esta atividade lhes proporciona prazer, e que é possível desmitificar a ideia, da maioria dos alunos, de que a leitura na escola é “chata” e enfadonha. Pressupondo que o aluno tem pouco contato com a leitura em seu ambiente familiar e apresenta, na escola, dificuldades de aprendizagem decorrentes dessa carência, realizou-se este trabalho para despertar o gosto e o hábito da leitura, condição indispensável ao desenvolvimento social e à realização individual do educando. Entende-se, também, que as diferentes formas de leitura e comunicação estimulam a expressão oral e escrita, desenvolvem a criatividade e a imaginação, provocando diálogos e discussões.
Palavras-Chave: Leitura, Prazer, Enigmas

A INTERDISCURSIVIDADE COMO AMPLIAÇÃO DA LEITURA

Loreta Cesar Russo  (USP)

O objetivo desta comunicação é apresentar resultados de uma atividade de leitura com base nos conceitos de intertextualidade /interdiscursividade. Dirigido a alunos do 8º ano do ensino fundamental II, durante o segundo semestre de 2011, o foco recaiu em uma reportagem, uma canção e um anúncio publicitário, partindo da materialidade linguística até as relações dialógicas estabelecidas entre eles.  Lidos e relidos em sala, os textos não foram considerados objetos isolados ou somente estruturas da língua, mas enunciados concretos. Na reportagem “Britânicos ligam felicidade a boa saúde” (Folha de S. Paulo, “Ciência”, 19 abr. 2005), o autor recupera a canção “Samba da bênção”, de Vinicius de Moraes e um slogan da Tostines da década de 1980. Com que finalidade? Como a seleção vocabular, a construção sintática e a pontuação (aspas) foram usadas a fim de instaurar o diálogo entre o eu discursivo e o leitor? Propusemos o conceito de interdiscursividade como ampliadora da leitura, uma vez que o aluno foi instigado a refletir sobre o contexto sociodiscursivo em que está inserido e a ativar seu repertório de leitura.Os enunciados foram analisados por meio de perguntas reflexivas que levaram os alunos a reconhecer, na materialidade linguística, a interdiscursividade instaurada entre eles. Os resultados obtidos atenderam às expectativas de leitura, que envolveram as seguintes habilidades: identificação, relação e inferência, verificadas por meio de uma avaliação escrita.

Palavras-chave: discurso, texto, interdiscursividade.

RELAÇÕES INTERTEXTUAIS: A COPA DO MUNDO DE DRAUZIO VARELLA

Losana Hada de Oliveira Prado (PUC/SP)
           
O presente trabalho analisa a crônica Copa do mundo, de Drauzio Varella, publicada no jornal Folha de S. Paulo, no dia 03 de julho de 2010, em que o autor relembra a Copa do mundo de 1966 no estádio de Wembley. Partimos da concepção de texto como “lugar de interação de sujeitos sociais, os quais dialogicamente, nele se constituem e são constituídos” (Koch & Elias, 2006: 7) e que operam escolhas significativas entre as múltiplas formas de organização textual e lexical por meio de ações lingüísticas e sociocognitivas. Assim, em todo texto há implícitos que são identificados pela mobilização do contexto sociocognitivo. O contexto sociocultural em que se insere o texto também constitui elemento condicionante de seu sentido na produção e na recepção, na medida em que delimita os conhecimentos partilhados pelos interlocutores. Pretendemos, nesse estudo, na perspectiva da Análise do Discurso, nas noções de gênero da linha bakhtiniana e à luz dos conceitos de interdiscursividade e intertextualdiade, descrever as relações intertextuais desse gênero, levando-se em conta os embates históricos, sociais e ideológicos que se materializam no discurso. A crônica jornalística nos chama a atenção porque é um gênero dialógico e o cronista, segundo Moisés (1997), está em diálogo virtual com um interlocutor mudo, mas sem o qual sua (ex)incursão se torna impossível. A pesquisa permitiu-nos observar como o texto analisado é constituído de outros discursos e como tais discursos se constroem para fazer o leitor aderir ao ponto de vista do autor e para criticar os outros com os quais mantém uma relação de conflito.

PALAVRAS-CHAVE: Intertextualidade; Crônica; Folha de S. Paulo.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA A DISTÂNCIA NO BRASIL

Luciana Gimenes Parada dos Santos

Este trabalho busca mapear, do ponto de vista historiográfico, o ensino de língua portuguesa na modalidade a distância no Brasil, em cursos de graduação. Foram aqui considerados como objetos de análise não apenas os cursos de Letras, mas também outros cursos superiores em que a língua portuguesa entra como componente das matrizes curriculares. O recorte temporal operado nesta pesquisa remete a meados da década de 1990, quando foram oferecidos os primeiros cursos de graduação a distância no país, e se estende até os dias atuais. Este trabalho se insere, portanto, na perspectiva da História do Presente (tal como proposta por Chauveau e Tétard, 1999). 
Justifica-se o interesse pelo tema tendo em vista o papel cada vez mais significativo que as tecnologias da informação e comunicação vêm assumindo para o ensino. Nesse contexto, especificamente quanto às aulas de língua materna, importa descrever a relação do aluno com o texto escrito no ambiente virtual – em que a comunicação ocorre predominantemente pela modalidade escrita – sendo, portanto, diferente daquela que se estabelece nas aulas presenciais, em que a escrita, via de regra, não é utilizada como meio de comunicação entre o professor e o aluno. Cabe, então, retraçar o percurso do ensino de português a distância no país, com vistas a analisar suas consequências e perspectivas.
Palavras Chave: historiografia, ensino de língua portuguesa, ensino a distância

 

AS IDEIAS EDUCACIONAIS DE PADRE MANUEL DA NÓBREGA

Luscelma Oliveira Cinachi Craice

É um trabalho vinculado ao grupo da História das Ideias Linguísticas, da Linha de Pesquisa História e Descrição da Língua e estuda as ideias de Manuel da Nóbrega a respeito de educação, no século XVI, período da implantação da primeira etapa de nossa história educacional. Manuel da Nóbrega manteve, desde sua chegada à “Baía de Todos os Santos” a 29 de Março de 1549, uma extensa correspondência com os superiores da Ordem em Portugal e Roma e relatou, em detalhes, suas ideias e suas ações animadas pela experiência de unir ao ensino da doutrina cristã (catequese) uma escola de ler e escrever (instrução), no Brasil quinhentista.
 A história, aqui, é deslocada do interesse das construções teóricas e doutrinárias para uma visão de mundo escondida em outro plano da realidade enraizada na consciência do homem, pois o saber é um produto histórico, ou seja, resulta da interação entre tradições e contexto e o valor dos acontecimentos também é causa em sua história (Auroux, 2001). Esta é a proposta da História das Idéias Lingüísticas. 
O resultado desta pesquisa foi o diálogo da atualidade com o passado, como comunicação entre os indivíduos no grande tempo e Nóbrega, ao deixar seu testemunho, abriu caminho a um enfoque conjunto e abrangente dos aspectos da história em que viveu.
 
Palavras-chave: História das Ideias Linguísticas, Manuel da Nóbrega, ideias educacionais no Brasil do século XVI.

ANÁLISE DAS TOMADAS DE TURNO DE UM ALUNO NA SALA DE PLE

Lucas Rezende Almeida
Universidade Federal de Juiz de Fora

O presente trabalho tem por finalidade analisar cenas em que um aluno estrangeiro manifesta a sua identidade através do cenário comunicativo (com base em uma conversa transcrita) de uma sala de PLE. Para tanto, escolhemos como instrumento de direcionamento do trabalho a linha teórica da Sociolinguística Interacional, em que usamos os autores Goffman, Tannen e Wallat como referências bibliográficas. A análise pragmática deste aluno, identificado como Kanji, é baseada em suas tomadas de turnos. O trabalho dividi-se nos turnos de apoio ao outro ou andaimagem, turnos de auto-seleção e turnos de resposta que o envolvem. Nos turnos de apoio, analisamos dois trechos da conversa transcrita em que o aluno-alvo tenta ajudar o seu colega a entender um vocabulário e explicar um termo técnico desconhecido em português. Nos turnos de auto seleção, escolhemos cinco trechos em que Kanji, através de diferentes estratégias, toma o turno para si ora como ouvinte ratificado ora como ouvinte não ratificado. Por fim, nos turnos de resposta, dois trechos foram encontrados: um que o discente reproduz uma narração oral e outro em que a professora incentiva a comunicação por meio de questionamentos. Com o predomínio dos turnos de auto seleção sobre os outros, comprovamos que o aluno alvo possui, como o professor, um caráter de informante, interagindo na sala de aula de uma forma mais dinâmica do que normalmente se percebe no ensino de português para nativos."

Palavras Chave: auto seleção, turnos, sociolinguística

PEDAGOGIA LÉXICO-GRAMATICAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Lúcia Helena Ferreira Lopes – PUC-SP – FTM-MG

Esta comunicação situa-se na área da Educação Linguística (PALMA, TURAZZA E NOGUEIRA JÚNIOR, 2008) e está circunscrita à dimensão da pedagogia léxico-gramatical com o propósito de relatar a elaboração e o desenvolvimento de sequências didáticas entretecidas entre si de modo a assegurarem a aprendizagem significativa de conteúdos curriculares propostos para alunos do terceiro ano, do Ensino Médio, em uma escola da Rede Estadual, em Minas Gerais. Para tanto, esse entretecer teve por referência saberes linguísticos ó não linguísticos, cujo ponto de partida foi a leitura significativa da obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e teve o professor como orientador da produção de sentidos autorizados. Após esse procedimento de leitura, os alunos elegeram o “urubu” um dos personagens mais significativo e simbólico e, em seguida, realizaram pesquisas sobre essa ave – hábitos alimentares, reprodução, habitat natural, etc. – em dicionários de língua e enciclopédias, inclusive aquelas a que se tem acesso pelo Google. Outro procedimento foi selecionar o poema “O bicho”, de Manuel Bandeira; a tela “Os Retirantes’, de Cândido Portinari; a foto do fotógrafo americano Kevin Carter, retratando um urubu à espera da morte de uma criança sudanesa e, por último, um artigo jornalístico, em que se registram números da mortandade causada pela fome e pela miséria no mundo atual. A partir da leitura desses novos textos e ancorados em “Vidas Secas”, os alunos elaboraram uma síntese crítica sobre “A fome e a miséria”, por meio da qual se pode considerar a extensionalidade de seus conhecimentos léxico-gramaticiais.

Palavras-chave: Educação linguística, Pedagogia léxico-gramatical, Sequência didática

A TRANSITIVIDADE EM FOCO: ANÁLISE DE VERBOS DE TRANSFERÊNCIA DE POSSE EM GÊNEROS TEXTUAIS

Lúcia Helena Peyroton da Rocha (UFES)
Carmelita Minelio da Silva Amorim (UFES)

 

Chafe (1979, p. 98) dicotomiza o universo conceptual humano total em duas grandes áreas, a saber: a do verbo e a do nome. A do verbo engloba estados (condições, qualidades) e eventos. Ilari e Basso (2008, p. 164) acreditam que o verbo proporciona um “molde” ou uma “matriz” para a construção de sentenças. A ideia de matriz evocada pelos autores põe em evidência o fato de que, “preenchendo adequadamente certos espaços que são previsíveis a partir do verbo, chega-se a sentenças completas, que caracterizam conceitualmente certos “estados de coisas”. É nosso objetivo descrever a partir do uso real da Língua Portuguesa verbos tais como: “ganhar, receber, adotar, adquirir, comprar, vender, dar e emprestar” O corpus é constituído de textos de circulação social e o levantamento dos dados é  realizado a partir da utilização de ferramentas de pesquisa online. Os referenciais teóricos são: (i)  Funcionalismo Linguístico, (ii) Teoria de Valências e (iii) Gramática de Casos de Fillmore (1965). Este trabalho justifica-se na medida em que, ao analisar o verbo em funcionamento na sentença, no discurso e na interação, embora seja uma tarefa mais complexa do que sugerem as explicações tradicionais, é possível evidenciar as variadas e heterogêneas relações semânticas estabelecidas entre os complementos e o sujeito.  O resultado de nossa pesquisa pode contribuir  para a melhoria do ensino da Língua Portuguesa, ao evidenciar um estudo que tem como ponto de partida a língua em uso e vai muito além da proposição dos manuais de gramática.

Palavras chave: Verbos de posse; Funcionalismo; Valências.

DIÁSPORA NA MÚSICA CABO-VERDIANA

Ludmila Jones Arruda – UPM

Inserido nos estudos de Lusofonia, o presente trabalho pretende analisar a questão da diáspora presente na música de Cabo Verde. Durante o século XX, na última fase da colonização portuguesa, por razões várias, como a fome, a seca e a falta de trabalho, o povo cabo-verdiano foi obrigado a emigrar em busca de melhores condições de vida. Com base nos dados de António Carreira (1984), Gabriel Fernandes (2002; 2006) e Leila Hernandez (2002) pretende-se discutir os principais motivos e os destinos procurados pelos ilhéus nessa fase. Pretende-se, ainda, por meio das canções cabo-verdianas Cêu di S. Tomé e Nhô Kéitone, mostrar como estes fatos históricos estão presentes nas manifestações culturais do povo.

Palavras-chave: diáspora, Cabo Verde, música.

 

O LÉXICO DA CULTURA BRASILEIRA NO LIVRO DIDÁTICO PORTUGUÊS
VIA BRASIL: UM CURSO AVANÇADO PARA ESTRANGEIROS

Luhema Santos Ueti (USP)

Como a demanda pelo ensino de Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL doravante) vem aumentando, uma vez que as políticas públicas de relações internacionais e a globalização têm ampliado a imagem Brasil para os outros países, a cultura brasileira está sendo disseminada pelo mundo afora e até mesmo dentro próprio país, observando-se que o número de estrangeiros vivendo no país é grande e que a cada ano, mais estrangeiros escolhem o país como lugar para trabalhar e/ou residir. Ao se pensar em ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira, sabe-se que não é possível dissociar o ensino/aprendizagem de língua e cultura de uma nação, tendo em vista que para se compreender a estrutura de uma língua é necessário, também, que se entenda a cultura dos falantes dessa língua. Por isso, o presente trabalho objetiva fazer um levantamento do léxico da seção “Cotidiano Brasileiro” do livro didático “Português Via Brasil: um curso avançado para estrangeiros”, identificar os campos léxico- semânticos e analisar como é apresentada a cultura brasileira através do léxico aos alunos estrangeiros. Para que sejam feitas essas análises, o trabalho baseia-se na lexicologia e na Análise Crítica do Discurso, pela vertente sociocoginitiva de Van Dijk.

Palavras-chave: Português para Falantes de Outras Línguas, cultura, Livro didático.

DISCURSO E RETÓRICA : ENTRE A IDENTIDADE E A DIFERENÇA

Marcelo Cesar Cavalcante
Faculdade Anhanguera de Taboão da Serra

O homem tem uma compulsão inerente de nomear, de dar nome às coisas que o circundam. Aparentemente, um ato muito simples e econômico da língua, pode ser uma arma poderosa, ao mesmo tempo politica e ideológica, de marcar as diferenças, ou até mesmo, de amenizá-las ou legitimá-las.
A retórica surge em momentos de crise e, por essa razão, fica muito mais evidente perceber o ato de denominação pela mídia, principalmente em conflitos internacionais. As identidades e as diferenças se constituempela inclusão x exclusão, ou seja, somos  “nós” contra os “outros”. Esses “outros”, construídos retoricamente por meio do discurso, podem ser “os terroristas”; “os rebeldes da Líbia”; “os Talibã”; “a Al Qaeda” e assim por diante; esses nomes vão adquirindo uma semantização político-ideológico maniqueísta, dividindo o mundo entre os “mocinhos”, “as vítimas”, “os salvadores”  versus “os bandidos", “os maldosos”, os terroristas” de tal modo que acabamos por aceitar e considerar natural tal divisão.
Essa comunicação tem por objetivo analisar alguns artigos da mídia impressa internacional mostrando as denominações utilizadas que levam a uma retórica da diferença, da exclusão na medida em que se utiliza de termos como “rebeldes”, “insurgentes”, terroristas”, muitas vezes referindo-se aos cidadãos que lutam por democracia, respeito, liberdade e pelo cumprimento dos direitos humanos.
A denominação construída retoricamente por meio do discurso torna-se uma arma poderosa de discriminação, exclusão, tornando-se um ato político e ideológico daquele que tem a legitimidade de nomear e disseminar a nova denominação para o mundo. 
Esse trabalho tem como construto teórico a Pragmática, sobretudo nos estudos do professor KanavililRajagopalan; a Nova Retórica e a Teoria da Argumentação, de ChaimPerelman, convergindo para a questão do poder e influência inerentes a todo ato comunicativo.
Palavras-chave: identidade/diferença; poder; retórica; argumentação. 

MECANISMOS METADISCURSIVOS NA ESFERA JORNALÍSTICA: UM ESTUDO DOS ATENUADORES [HEDGES] EM TEXTOS DE OPINIÃO E NOTÍCIAS
DA FOLHA DE SÃO PAULO

Marco Antônio Rosa Machado (UEG/UNICAMP)

Esta comunicação situa-se no âmbito da Linguística Textual e tem como objetivo principal descrever o uso de mecanismos atenuadores (hedges) em um corpus constituído por textos opinativos (editoriais, análises e textos assinados) e notícias, publicados no jornal Folha de São Paulo, totalizando 905 textos (375.446 palavras). Em relação ao tratamento dos dados, utilizamos alguns princípios da Linguística de Corpus, que trabalha com uma abordagem empirista e que considera a linguagem como um sistema probalístico, com primazia dos dados e, consequentemente, do uso – em oposição às abordagens racionalistas, cuja ênfase está na introspecção. Para as análises quantitativas utilizamos o software WordSmith Tools. O pressuposto teórico que norteou nossa pesquisa é de que o metadiscurso situa-se na reflexividade das línguas naturais – capacidade de o discurso falar sobre si mesmo, seja referindo-se à própria organização (metadiscurso textual), seja manifestando explicitamente a postura do escritor em relação ao conteúdo textual ou em relação ao leitor (metadiscurso interpessoal). Um dos modos de manifestação do metadiscurso é a atenuação (hedging), definida como o mecanismo linguístico usado para expressar a ausência de completo comprometimento do escritor/falante com o conteúdo de seu discurso. Em nosso estudo verificamos que as ocorrências dos atenuadores variam quantitativamente em função do tipo de texto, constituindo-se em um continuum, cuja sequência é: editoriais (maior incidência de atenuadores), textos de análise, textos assinados e notícias (menor incidência). Esses resultados confirmam empiricamente nossa hipótese intuitiva inicial, a saber, a de que os mecanismos metadiscursivos atenuadores estão em relação direta com a argumentatividade dos textos.

PALAVRAS-CHAVE: Metadiscurso; Discurso jornalístico; Linguística de corpus.

 

METÁFORA E DIALÉTICA EM CANÇÕES NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR: ESTRATÉGIAS DE DENÚNCIA E DE PRESERVAÇÃO DE FACE

Maria Aparecida Rocha Gouvêa UERJ/UniFOA

No período da ditadura militar no Brasil – 1964 a 1985 – a arte, especialmente a música produzida no país, assumiu postura de oposição ao regime. Na época, o ofício de compor constituía-se em uma preocupação de combinar formas de denúncia e de preservação de face, já que muitos compositores eram alvos da censura e sofriam perseguição. Para isso, era necessário utilizar estratégias linguísticas, discursivas e estilísticas que funcionassem como registro dessa realidade e, ao mesmo tempo, protegessem os compositores da perseguição militar. Amparado por teorias linguístico-discursivas, principalmente pelos estudos da Análise do Discurso francesa de Maingueneau e Charaudeau, este artigo objetiva demonstrar como a metáfora e a dialética, entre outros recursos utilizados pelos letristas, funcionavam como importantes estratégias de preservação de face nesse contexto histórico, utilizadas com frequência pelos compositores. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com análise de canções, parte de uma tese de doutorado em andamento.

Palavras-chave: metáfora – dialética – canções – ditadura militar

SEIS SÉRIES DIDÁTICAS DE PLE DA ATUALIDADE:
UMA ANÁLISE SINCRÔNICA DE CONJUNTO

Maria Antonia Germano dos Santos Maia
UNB (Universidade de Brasília)

O interesse pelo ensino de Português como língua estrangeira vem aumentando a cada dia, ganhando proporções antes nem mesmo imaginadas, como a abertura de cursos em universidades estrangeiras e de Centros de Cultura e Estudos Brasileiros (CEBs) em muitos países de todos os continentes (ALMEIDA FILHO, 2011). Este estudo empreende uma análise de seis séries didáticas de Português como Língua Estrangeira (PLE) em largo uso na atualidade escolhidas como amostras do amplo leque de materiais prontos para uso no mercado editorial de ensino do Português como língua estrangeira. O recorte para delimitar o corpus desses materiais didáticos seguiu o critério da frequência de uso nos centros de línguas e escolas da cidade de Brasília. O objetivo principal deste estudo foi o de auxiliar os professores que adentram a área de PLE a localizarem alguns dos muitos títulos hoje disponíveis e a formarem uma opinião comparativa dessas séries a partir da análise demonstrada.
 
PALAVRAS-CHAVE: Português como Língua Estrangeira, Materiais didáticos de ensino de línguas, Abordagem comunicativa

 

MATERIAL AUTÊNTICO NO ENSINO DE PLE COM ENFOQUE  NTERCULTURALISTA: O ANÚNCIO PUBLICITÁRIO COMO CRIAÇÃO DE UM CONTEXTO  COGNITIVO.

Maria do Carmo Meirelles Reis Branco Ribeiro
(PUC- NUPPLE)

Esta  comunicação está situada na Análise Crítica do Discurso com as vertentes sócio-cognitiva e semiótica social, e trata do anúncio publicitário como material autêntico para ensino de PLE. Tem-se como pressuposto que o discurso publicitário, concebido como prática que visa a venda de um produto ou ideia, vale-se de valores culturais e ideológicos presentes em um determinado grupo social e que, ensinar uma língua com enfoque interculturalista  é também explicitar  seus valores culturais implícitos, de modo que o aluno construa um contexto cognitivo.Assim, parte-se da hipótese de que  anúncios publicitários podem ser utilizados como material autêntico no ensino de PLE. A Análise Crítica do Discurso com vertente sócio-cognitiva entende que o discurso é uma prática social, possível a partir das cognições de um determinado grupo. Já a semiótica social, preocupa-se com o texto multimodal, composto por mais de um sistema semiótico. O objetivo geral desta pesquisa é contribuir com os estudos relacionados ao discurso publicitário. São objetivos específicos: 1. Analisar a organização os anúncios publicitários. 2. Levantar como ocorre a produção significativa; 3. Investigar os valores implícitos culturais. Foram analisados anúncios publicados em revistas de ampla circulação. Concluiu-se que: 1. Os anúncios obedecem a uma organização direcionada pela prática discursiva; 2. A relação entre composição  imagética e enunciados verbais   é responsável  pela produção de significados; 3. Os anúncios publicitários analisados trazem representações sociais calcadas em valores culturais implícitos. Neste sentido, pode-se afirmar que o anúncio publicitário é adequado como material autêntico para ensino de PLE.

PRODUÇÃO DE MATERIAIS PARA CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA: PARÂMETROS PARA A ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E PARA O USO DA LINGUAGEM VERBAL

Magalí Elisabete Sparano (UNICSUL)
Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL)

A presente comunicação visa a apresentar os fundamentos teóricos e as orientações metodológicas adotadas na concepção de curso de Letras para a oferta na modalidade a distância. Para tanto, abordam-se aspectos ligados à organização do espaço virtual e suas imposições relativamente à seleção  dos conteúdos; questões referentes à organização da textualidade no ambiente virtual; e, finalmente, parâmetros relativos ao uso da linguagem verbal na elaboração do material. Diferentes aspectos relacionados tanto à textualidade quanto ao uso da linguagem em ambientes virtuais de aprendizagem têm sido tratados, entre outros, por Marquesi (1999, 2001) Arcoverde e Cabral (2004), Cabral (2008).  Essas autoras destacam a necessidade de utilização de estratégias específicas de organização textual e de linguagem escrita para proporcionar a motivação, socialização e presença em ambiente virtual de aprendizagem. Com base nesses estudos e em teóricos que tratam da linguagem de um ponto de vista enunciativo e interacional (Kerbrat-Orecchioni,1980,1997; 2005 e Brown & Levinson, 1978, 1999; Marcoccia, 1998; 2000; 2003; 2004 ), procedemos à seleção dos conteúdos das disciplinas do curso, elaboramos a distribuição dos conteúdos e atividades no ambiente, fixando a organização de cada item e unidade e estabelecemos critérios de orientação para os profissionais que aturaram na elaboração do referido curso de Letras a ser oferecido na modalidade a distância visando à adequação da linguagem utilizada em materiais teóricos, avisos e enunciados de atividades, observando a clareza, e a preocupação com a interação amigável.
PALAVRAS-CHAVE: Educação a distância; texto; produção de material.

 

O CONTEÚDO TEÓRICO DE DISCIPLINAS DE EAD: UM GÊNERO EM CONSTRUÇÃO

Manoel Francisco Guaranha  (UNICSUL/FATEC)

Este trabalho tem como objetivos: discutir alguns desafios encontrados no processo de elaboração do conteúdo teórico de uma disciplina de Educação a Distância, Teoria da Literatura: prosa, para o Curso de Letras, que será oferecido integralmente na modalidade a distância pela Universidade Cruzeiro do Sul; e refletir sobre as alternativas selecionadas para a produção do material. A pesquisa tem como base as teorias linguísticas do texto e o instrumental teórico da análise do discurso, cujos conceitos – notadamente concepção de discurso como linguagem em ação que se materializa na superfície do texto – nortearam a seleção, síntese, organização e apresentação do conteúdo. As questões enfatizadas neste trabalho dizem respeito às etapas de recorte teórico do conteúdo, tarefa entendida como operação ideológica que envolve os processos de seleção, síntese e organização dos pontos em face do espaço disponibilizado para o material e da expectativa do público-alvo; às estratégias de construção do texto fundamentadas na linguística textual numa abordagem sócio-interacional-cognitiva, com a finalidade de aprimorar as estratégias argumentativas necessárias para motivar e manter a atenção do estudante. Desse modo, foram considerados na produção desse gênero da esfera didática, ainda em construção, conceitos relativos às leis do discurso; às competências que o processo cognitivo requer e/ou pressupõe que o enunciatário tenha ou desenvolva; o emprego das pessoas e a modalização na construção do ethos do enunciador; a heterogeneidade discursiva peculiar em relação ao tradicional texto acadêmico; e o processo de referenciação.
PALAVRAS-CHAVE: Texto; Discurso e Ensino; Educação a Distância.

O ENSINO-APRENDIZAGEM DA PRONÚNCIA DO PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA PELA ABORDAGEM COMUNICATIVA

Manuela Oliveira de Jesus (UFS)
Lêda Corrêa (UFS)

Do espaço compreendido entre as metodologias tradicionais, que vieram à luz na Antiguidade, até a abordagem comunicativa, na década de 1980, pode-se observar que cada uma, a depender do embasamento teórico adotado e dos contextos sócio-históricos, atribui diferentes valores às habilidades fundamentais ao ensino-aprendizagem de língua estrangeira (LE) – leitura, escrita, expressão oral e escuta. A abordagem comunicativa e sua vocação ao desenvolvimento da competência comunicativa, no interior da qual se inclui o ensino da pronúncia, objeto deste estudo, procede historicamente dos intercâmbios decorrentes da demanda institucional e política, no interior da antiga Comunidade Europeia. Nesse contexto inicial, realizavam-se análises de necessidades de grupos heterogêneos – turistas, trabalhadores migrantes, pré-adolescentes etc – para atender aos seus contextos e interesses específicos no aprendizado de LE. Com base nos eventos comunicativos e no desenvolvimento da competência comunicativa do aprendiz, o foco dessa abordagem volta-se mais às normas de uso e menos às normas do sistema. No domínio da pronúncia, a finalidade deixa de ser a imitação da fala nativa pelo aprendiz e passa-se à valorização de habilidades de pronúncia suficientes para uma efetiva comunicação com falantes nativos. Destarte, nesse estudo parcial de uma pesquisa de mestrado que integra o projeto Formação Docente e Inovação Tecnológica para o Ensino-Aprendizagem de PLE (CAPES e FAPITEC), postula- se que o ensino-aprendizagem da pronúncia pela abordagem comunicativa deve contemplar os traços segmentais e suprassegmentais presentes na fala do Português Brasileiro para estrangeiros, sem dissociar os eixos unidade e diversidade, que respondem pela construção da identidade idiomática da(s) pronúncia(s) no Brasil.

Palavras-chave: Ensino de PLE; Abordagem Comunicativa; Eixos Unidade-Diversidade

 

INTERTEXTUALIDADE E SENTIDO NAS MÚSICAS RELIGIOSAS
 
Mara Rubia Neves Costa Fanti –
Mestranda – PUC/SP

A religião ocupa um papel de destaque na sociedade atual, uma vez que tem a função de ligar o homem ao transcendente, ao divino, esclarecendo as dúvidas mais elementares da existência humana. É uma prática social que se utiliza do discurso e de outras práticas, dentre as quais podemos destacar a música religiosa, para transmitir seus ensinamentos que se perpetuam por gerações. Optamos pelo estudo de músicas religiosas católicas e evangélicas por constituir excelente recorte do discurso religioso, na medida em que busca a adesão dos adeptos por meio da utilização de letras que resumem seu posicionamento, recebendo, portanto, um papel de destaque no domínio religioso.
Assim este trabalho reflete sobre a forma como a intertextualidade em sentido restrito (Koch, Bentes e Cavalcante: 2008) contribui para a construção dos sentidos nas letras de músicas religiosas católicas e evangélicas, demonstrando por meio da análise de letras, que o reconhecimento do texto-fonte por parte dos leitores interfere na construção dos sentidos possíveis das letras de músicas, aproximando-as do sentido almejado pelo compositor.
Nossa pesquisa explicita que os compositores evangélicos e católicos utilizaram a intertextualidade com os textos bíblicos para legitimar seu posicionamento religioso, garantindo às suas canções o mesmo caráter irrefutável e atemporal dos textos bíblicos.

PALAVRAS-CHAVE: Intertextualidade; discurso religioso; letras de música

TRATAMENTO LEXICOGRÁFICO DE ELEMENTOS MÓRFICOS – O CASO DOS DICIONÁRIOS HOUAISS ELETRÔNICOS

Mariana Giacomini Botta (FCL/CAr–UNESP)

A apresentação de verbetes de elementos mórficos é apontada como um dos principais diferenciais do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa desde o lançamento de sua primeira edição, em agosto de 2001. Esta obra é composta por 228 mil verbetes, 13.295 deles dedicados a “formantes de palavras na língua (prefixos, sufixos, infixos, grafemas, desinências, terminações e demais elementos de composição antepositivos, interpositivos e pospositivos)”. Realiza-se uma análise comparativa do tratamento de informações morfológicas nas duas versões eletrônicas (em CD-ROM) mais recentes desta publicação, lançadas respectivamente em 2007 e em 2009, por meio da avaliação dos verbetes de alguns prefixos e sufixos derivacionais (nano-, per-, anti-, -ismo, -ção e -mento). Mais concisa que as edições anteriores, a versão de 2009 tem 146 mil entradas, e visa oferecer ao mercado um dicionário atualizado e com preço final mais acessível. As estratégias adotadas foram a simplificação dos verbetes e a supressão de entradas, o que rendeu uma diminuição de 960 páginas. Há, entretanto, uma novidade que foi pouco divulgada: o Dicionário Houaiss de Elementos Mórficos, composto por “13 mil formantes da língua”, exclusivo da nova versão eletrônica. Além de trazer a repetição de algumas das entradas de prefixos e sufixos que foram mantidas no dicionário geral, este produto contém informações incompletas e, muitas vezes, recorre a exemplos incoerentes em relação às acepções apresentadas. Observa-se que a classificação dos elementos mórficos deveria ser baseada em teorias da morfologia lexical e que as definições mereceriam uma atualização que levasse em consideração os usos reais da língua.
Palavras-chave: Lexicografia; Morfologia; Derivação.

 

ANÁLISE ARGUMENTATIVO-SEMÂNTICA DO PORTUGUÊS HISTÓRICO EM TEXTOS DO JORNAL OÁSIS 1903-1904: UM ESTUDO COM BASE NOS PARÂMETROS (DIACRÔNICOS) E EM MECANISMOS LINGUÍSTICOS (SINCRÔNICOS)

Maria Assunção Silva Medeiros (UFRN-CERES-DCSH-PPgEL)

A pesquisa na área dos estudos pancrônicos (diacrônicos) e (sincrônicos) torna-se de grande relevância para o conhecimento das mutações e variações linguísticas, pelas quais passaram a língua portuguesa ao longo dos anos. Isso gera, na mente do pesquisador, momentos de reflexão sobre como ocorreram essas mudanças. Em virtude disso, este trabalho tem como proposta uma análise com base em parâmetros diacrônicos (o que permanece sócio e historicamente em um gênero discursivo atual que o faz permanecer com o mesmo nome – o conto por exemplo) e em mecanismos linguísticos sincrônicos (o que foi inserido nesse gênero que o deixa “estável” em convivência com as novas formas linguísticas, isto é, o dado e o novo se harmonizam sem que haja mudança de um gênero para outro). Nesta comunicação, o objetivo é mostrar como textos escritos no início do século XX, no jornal Oásis, em Natal-RN e Currais Novos-RN, possibilitam a realização de estudos pancrônicos (BASTOS, 2010 p. 61) através de uma perspectiva diacrônica ao envolver mudança linguística e de uma perspectiva sincrônica envolvendo a variação linguística. Nesse caso, para essa dicotomia será utilizada a terminologia “parâmetros diacrônicos” e “mecanismos linguísticos” (COUTINHO, 2007) porque o ponto de partida serão as análises de textos jornalísticas escritos no referido jornal entre os anos de 1904-1908. Desse modo, como há uma instabilidade por parte dos autores dos textos que ora os chamam de crônica, ora de ensaios e ainda de conto, é fundamental entender como um gênero discursivo/textual como esses textos mantêm um certo nível de "estabilidade" ao longo do tempo, através dos referidos parâmetros e mecanismos linguísticos. Para isso, serão observados os metaplasmos por permuta, por aumento, por subtração e por transposição, visto que as mutações fonéticas e morfológicas pelas quais os vocábulos sofrem no seu percurso histórico, ao passarem do latim para o português, apresentam diversas alterações.  Segundo Bastos (2010, p. 63) essas alterações são determinadas a partir dos fenômenos recorrentes nos textos que provavelmente eram registros da oralidade transformada em escrita pelos latinos que, pelo uso da língua em contato com outros povos, outros lugares, outras culturas, em épocas diferentes, provocaram, entre outras, alterações fonéticas que foram chamadas de metaplasmos.
Palavras-chave: Parâmetros diacrônicos; mecanismos linguísticos; português histórico.

CURRÍCULO E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA AÇÃO COLETIVA À LUZ DOS RCNEI

Maria Eurácia Barreto de Andrade (UA)

Neste artigo, apresentamos as discussões tecidas no processo formativo para a construção da proposta curricular, articulada as concepções dos professores sobre criança/infância, educar/cuidar e uma discussão teórica dos eixos norteadores da prática educativa na Educação Infantil que correspondem às linguagens essenciais para as crianças nas creches e pré-escolas as quais estão presentes nos Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (RCNEI). O processo formativo e construtivo aqui evidenciado teve como objetivos centrais do trabalho compreender as novas concepções curriculares com um enfoque nos pilares da Educação Infantil; comprometer-se com uma instituição infantil de qualidade social que garanta a vivência da infância e o desenvolvimento da criança nos aspectos físicos, emocionais, afetivos, sociais e cognitivos e construir coletivamente a Proposta Curricular da Educação Infantil garantindo as necessidades e especificidades da infância e do contexto. Com todo esse processo, buscou-se a apropriação de uma aprendizagem significativa pelos professores inseridos na proposta e uma construção coletiva de um importante documento para o fortalecimento da política educacional oferecendo aos educadores e gestores à oportunidade de promover à gestão democrática das escolas e consequentemente a elevação do índice do padrão de qualidade do ensino.

PALAVRAS-CHAVE: Currículo, Educação Infantil, Linguagens.

OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO DE UM PROFESSOR LEIGO: MEMÓRIAS, NARRATIVAS, REPRESENTAÇÕES E HISTÓRIA DE VIDA

Maria Eurácia Barreto de Andrade - UA

Este trabalho se abastece na memória de um professor leigo que atuou por vinte e dois anos, nas décadas 70, 80 e 90 como alfabetizador no contexto do campo, no município de Biritinga, interior da Bahia. Objetiva descrever a metodologia de alfabetização empregada na trajetória de vida docente, tomando como base a memória de sua vivência ao longo dos tempos.  Através dos seus fragmentos de sua história de vida foi possível conhecer a sua trajetória, seu processo formativo, suas práticas alfabetizadoras e evidenciar os sentidos atribuídos por ele à docência, à escola e aos métodos utilizados para ensinar os sujeitos ler, escrever e calcular. Resultado de uma pesquisa de cunho qualitativo, este trabalho adota como fonte de investigação relatos orais ou autobiográficos através da memória. Diante da investigação realizada, as considerações apontam para a necessidade da inserção do imaginário social na história da alfabetização e para a importância dos métodos tradicionais para o processo de construção da leitura e da escrita de muitas crianças, jovens e adultos ao longo dos tempos. Apesar das novas discussões em torno da alfabetização e do letramento, as quais representam um novo momento e uma nova concepção para a inserção das práticas sociais no processo alfabetizador, as concepções e metodologias utilizadas pelo professor pesquisado foram fundamentais para as discussões e práticas alfabetizadoras defendidas e aceitas nos dias atuais, as quais atendem as demandas de um novo contexto histórico.

PALAVRAS-CHAVE: Memória, História de Vida, Métodos de Alfabetização.

 

MATERIAL AUTÊNTICO NO ENSINO DE PLE COM ENFOQUE  NTERCULTURALISTA: O ANÚNCIO PUBLICITÁRIO COMO CRIAÇÃO DE UM CONTEXTO  COGNITIVO.

Maria do Carmo Meirelles Reis Branco Ribeiro
(PUC- NUPPLE)

Esta  comunicação está situada na Análise Crítica do Discurso com as vertentes sócio-cognitiva e semiótica social, e trata do anúncio publicitário como material autêntico para ensino de PLE. Tem-se como pressuposto que o discurso publicitário, concebido como prática que visa a venda de um produto ou ideia, vale-se de valores culturais e ideológicos presentes em um determinado grupo social e que, ensinar uma língua com enfoque interculturalista  é também explicitar  seus valores culturais implícitos, de modo que o aluno construa um contexto cognitivo.Assim, parte-se da hipótese de que  anúncios publicitários podem ser utilizados como material autêntico no ensino de PLE. A Análise Crítica do Discurso com vertente sócio-cognitiva entende que o discurso é uma prática social, possível a partir das cognições de um determinado grupo. Já a semiótica social, preocupa-se com o texto multimodal, composto por mais de um sistema semiótico. O objetivo geral desta pesquisa é contribuir com os estudos relacionados ao discurso publicitário. São objetivos específicos: 1. Analisar a organização os anúncios publicitários. 2. Levantar como ocorre a produção significativa; 3. Investigar os valores implícitos culturais. Foram analisados anúncios publicados em revistas de ampla circulação. Concluiu-se que: 1. Os anúncios obedecem a uma organização direcionada pela prática discursiva; 2. A relação entre composição  imagética e enunciados verbais   é responsável  pela produção de significados; 3. Os anúncios publicitários analisados trazem representações sociais calcadas em valores culturais implícitos. Neste sentido, pode-se afirmar que o anúncio publicitário é adequado como material autêntico para ensino de PLE.


 

MATERIAL AUTÊNTICO NO ENSINO DE PLE COM ENFOQUE  NTERCULTURALISTA: O ANÚNCIO PUBLICITÁRIO COMO CRIAÇÃO DE UM CONTEXTO  COGNITIVO.

Maria do Carmo Meirelles Reis Branco Ribeiro
(PUC- NUPPLE)

Esta  comunicação está situada na Análise Crítica do Discurso com as vertentes sócio-cognitiva e semiótica social, e trata do anúncio publicitário como material autêntico para ensino de PLE. Tem-se como pressuposto que o discurso publicitário, concebido como prática que visa a venda de um produto ou ideia, vale-se de valores culturais e ideológicos presentes em um determinado grupo social e que, ensinar uma língua com enfoque interculturalista  é também explicitar  seus valores culturais implícitos, de modo que o aluno construa um contexto cognitivo.Assim, parte-se da hipótese de que  anúncios publicitários podem ser utilizados como material autêntico no ensino de PLE. A Análise Crítica do Discurso com vertente sócio-cognitiva entende que o discurso é uma prática social, possível a partir das cognições de um determinado grupo. Já a semiótica social, preocupa-se com o texto multimodal, composto por mais de um sistema semiótico. O objetivo geral desta pesquisa é contribuir com os estudos relacionados ao discurso publicitário. São objetivos específicos: 1. Analisar a organização os anúncios publicitários. 2. Levantar como ocorre a produção significativa; 3. Investigar os valores implícitos culturais. Foram analisados anúncios publicados em revistas de ampla circulação. Concluiu-se que: 1. Os anúncios obedecem a uma organização direcionada pela prática discursiva; 2. A relação entre composição  imagética e enunciados verbais   é responsável  pela produção de significados; 3. Os anúncios publicitários analisados trazem representações sociais calcadas em valores culturais implícitos. Neste sentido, pode-se afirmar que o anúncio publicitário é adequado como material autêntico para ensino de PLE.

NARRATIVAS SOBRE MARCAS DEIXADAS POR PROFESSORES E A FORMAÇÃO DE LICENCIADO DE LETRAS.

Maria Eliana Matos de Figueiredo Lima ( FACHO)

O objetivo deste estudo foi o de analisar a relação entre a representação do estudante de seu inesquecível professor e os reflexos em sua escolha profissional, códigos morais de vida e afetividade. Participaram 12 estudantes da disciplina Didática Geral, do curso de Letras da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda, homens e mulheres da mesma geração, citadinos. Com um conjunto de objetivos específicos, analisamos a representação dos estudantes a respeito: 1) dos contextos escolares; 2) da descrição do perfil do mestre; 3) da interação em sala de aula; 4) do método de ensino empregado; e) do conteúdo ensinado; 5) dos valores transmitidos; 6) da conduta afetiva; 7) da avaliação adotada e, por fim, 8) as repercussões na vida do estudante. Para cada estudante se pediu que escrevesse sobre o seu professor inesquecível, da educação infantil, da educação básica ou do ensino superior. A narrativa, livre em extensão e forma, deveria, contudo mostrar as marcas que o professor deixou em suas vidas, por ter sido o melhor ou o pior, mas que ficou guardada em sua memória por ter sido um modelo, uma referência marcante e inspiradora de caminhos profissionais, de vida e afetividade. Os resultados mostram que narrações entrecortadas de descrições e retratos vivos cheios de cheiros, cores e luz. Alguns se lembram de textos, poemas e até tatuagem que o mestre carregava no braço. “Foi ele quem me motivou a fazer poesia, eu lembro nitidamente quando escrevi minha primeira poesia e ele orgulhoso, disse imediatamente: Vamos compartilhas com os alunos” (RAQUEL). Marcas deixadas em narrativas de estudante de licenciatura são ferramentas indispensáveis a formação inicial do professor.

Palavras-chave: narrativas, professor, formação.


 

DESAFIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA NA AMAZÔNIA: UMA BABEL INDECIFRÁVEL

Maria Francisca Morais de Lima (PUC/SP)

No Brasil, o processo de colonização trouxe mudanças radicais, entre elas a diminuição das línguas nativas do sul ao norte do país. Na Amazônia, a inserção da língua portuguesa teve seu ponto forte entre os séculos XVI e XVII, mas seu fortalecimento ocorreu a partir do século XVIII. Diante do exposto, este trabalho objetiva apresentar, através de um panorama histórico, como ocorreu a inserção da língua portuguesa na região, considerada pelos colonizadores como rio Babel dada sua diversidade linguística. Nesse contexto, a fim de discorrer não só sobre a difícil trajetória dos colonizadores e os desafios a serem superados a cada tortuoso braço de rio, como também a inserção da língua dos dominadores na Amazônia, este trabalho também mostrará como essas mudanças foram responsáveis não só pelo desaparecimento de muitos troncos linguísticos, como também pela redução de falantes de outras línguas, gerando assim o que se configurou chamar de aculturamento linguístico, uma vez que, com o predomínio da língua advinda dos colonizadores, o quadro atual de línguas amazônicas, reflexo das mudanças radicais, ocorridas nos últimos quatro séculos, é completamente diferente. Para tanto, o trajeto metodológico de cunho bibliográfico buscou uma organização cronológica a fim de mostrar não só essa variedade linguística como também seu reflexo para os povos amazônicos uma vez que esse aculturamento linguístico acarretou mudanças significativas na cultura e nas raízes desse povo.

Palavras-chave: Língua portuguesa - inserção na Amazônia – aculturamento linguístico

A PROGRESSÃO TEXTUAL EM TEXTOS DE ALUNOS DO SÉTIMO ANO DO CICLO II

Maria Helena Corrêa da Silva Matei (PUC/SP)

            Muitos alunos têm grandes dificuldades em estabelecer as relações semânticas do tipo causalidade e temporalidade na produção de seus textos. Diante disso, como alguns alunos de uma escola do Município de São Paulo estão produzindo seus textos, tendo em vista as seguintes expectativas de aprendizagem presentes no Projeto Pedagógico da escola: “Correlacionar causa e efeito [...], para estabelecer a coesão da sequência de ideias” e “Articular os episódios narrados em sequência temporal para estabelecer a coesão”? Este artigo visa verificar como alguns alunos constroem essas relações e visa também propor um trabalho de reescrita que privilegie a coesão sequencial. Esta é responsável pela progressão textual, porque, em uma sequência coesiva, podemos encontrar uma informação nova. Utilizando-nos de produções realizadas por alunos do 7º ano do Ensino Fundamental II, pudemos perceber que esses alunos não estão utilizando o conector apropriado para estabelecer as relações de causalidade e temporalidade que constantemente aparecem em suas produções. O aporte teórico deste trabalho prioriza a noção de texto de Beaugrande (1997), o conceito de coesão de Fávero e Koch (2010, 11 ed. e 22 ed., respectivamente) e a metarregra de progressão de Charolles (1997). Por meio de reescritas orientadas, os alunos deram, coletivamente, uma nova forma a seus textos.

Palavras-chave: relações, conector, progressão.

A LEITURA E OS INTERTEXTOS NO ENSINO DE PORTUGUÊS PARA
FALANTES DE OUTRAS LÍNGUAS

Maria José Nélo (UEMA)

Esta comunicação situa-se na prática de ensino-aprendizagem de português para falantes de outras línguas. Visa delimitar a construção de sentidos em texto humorístico que denuncia as atuações dos políticos brasileiros. Assim sendo, faz-se necessário tratar dos interdiscursos que propiciam verificar os valores culturais e ideológicos evidenciados pelas estratégias usadas como apelo político que, de certa forma, banaliza as formalidades instituídas e propicia o risível. Objetiva-se discutir a construção dos sentidos da crônica. Par tanto, selecionou-se o texto “Dilma demite São Pedro”, publicado na revista Piauí. Busca-se identificar os intertextos que produzem o humor risível como atenuante de tensões, ao causar o inesperado pelo deslocamento do formal para o informal da linguagem. Tem-se por tema a construção sentidos por intertextos e interdiscursos, intencionalmente, usados pelo cronista, que podem produzir o riso no interlocutor quando este processar a informação textual. Acredita-se, assim, contribuir com estudos do humor cômico risível, como expressão da identidade cultural do brasileiro. Os resultados indicam: 1) a seleção lexical e intertextual usada pelo cronista propicia a inferência por um modelo de contexto acionado pelo interlocutor; 2) as orientações, decorrentes de metonímias usadas pelo cronista na progressão do texto criam ruptura na construção da expectativa do leitor; e 3) a caracterização do risível na reformulação do contexto mental do leitor. Conclui-se que uma visão sócio-cognitiva traz contribuições para a análise da construção dos sentidos textuais e discursivos, pois complementa aspectos semânticos do linguístico com outra semia; logo, a informatividade do texto possibilita outra leitura para o tratamento do risível. 

Palavras-chaves:  Português Língua Estrangeira, Crônicas, Risível

LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS: A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA
ESCRITA DO ALUNO SURDO

Maria José Nélo (UEMA)
Márcio Arthur Moura Machado Pinheiro (UEMA)

O processo de aquisição da Língua Portuguesa por um surdo não é natural por meio de construção de diálogos espontâneos, mas o de aprendizagem formal na escola. O modo de ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa será, então, o português por escrito, ou seja, a compreensão e a produção escritas, considerando-se os efeitos das modalidades e o acesso a elas pelos surdos. O texto criado por um surdo tem características que devem ser consideradas, tendo em vista diversos aspectos, tais como: as diferenças, nos aspectos semântico, sintático, morfológico, pragmático e fonológico da língua envolvidas; diferentes modalidades de produção/recepção das mesmas (oral-auditiva/visual-especial); forma de escrita (alfabética/não-alfabética); aquisição das língua envolvidas; interlíngua e especificidades do aprendiz surdo no que diz respeito a características linguísticas que lhe são próprias; aspectos de cultura e identidade; dificuldades encontradas pelos aprendizes tanto no que diz respeito à L1(Libras) quanto à L2(Língua Portuguesa). Tal texto envolve alternância e justaposições, articulações e associações da Língua Portuguesa e da Libras, o que confere-lhe o aspecto de atípico e diferenciado. Em face ao exposto, este trabalho, que é parte de pesquisa de iniciação científica em andamento, propõe uma análise, a partir de produções escritas de alunos surdos, sobre interlíngua e justaposição Libras/Português, coesão e coerência presentes nesses textos, considerando-se as questões acima relatadas, tendo ainda em vista que tais textos têm uma explicação lógica, científica, linguística, histórica, psicológica, sociológica, e que é frequentemente negada e não considerada, bem como vista sob parâmetros inadequados e que desconsideram a realidade e peculiaridades desses alunos.

Palavras-chave: Surdez. Escrita. Segunda Língua. Português.

CONCEPÇÃO E ABORDAGEM DO TEXTO LITERÁRIO NO ENSINO MÉDIO:
EXAME DA ARGUMENTAÇÃO

Maria Júlia Santos Duarte - E.E. Fernando Pessoa

O século XXI trouxe a necessidade de se refletir a construção de atitude inclusiva, que respeite as diferenças e favoreça o surgimento de uma sociedade mais justa e igualitária almejada pelo conjunto do povo brasileiro. Nessa perspectiva, de acordo com Val e Marcuschi (2005) é necessário repensar o papel da escola como instituição capaz de possibilitar e promover uma educação humanista, que consiga investir na formação de sujeitos socialmente solidários, críticos, competentes e letrados. Diante dessas indagações, o objetivo deste trabalho é analisar como a argumentação postulada em Maingueneau (2008) se manifesta no texto literário do livro didático de Língua Portuguesa para o Ensino Médio. Pretende-se identificar marcas linguísticas que funcionam como operadores argumentativos e discursivos nos enunciados. Observar de que modo, a argumentação é constituída e se apresenta no texto literário. Contudo, buscar-se á também investigar possibilidades de marcas argumentativas representadas nas diferentes vozes enunciativas. O exemplo em questão refere-se a um fragmento do poema Canção de Exílio de Gonçalves Dias escrito em 1843, quando o poeta se encontrava em Coimbra (Portugal). Quanto a fundamentação teórica recorreu-se à análise postulada em Bakhtin (2005), Maingueneau (2004), e Ducrot (1987).Trata-se da obra: Português:linguagens de Cereja e Magalhães, volume único Para a pesquisa em questão utilizaremos a edição de 2003. Como resultado, espera-se contribuir com reflexões a respeito da importância de propostas capazes de formar alunos com autonomia para o ato de leitura e de escrita em sala de aula, no processo de ensino e aprendizagem.
Palavras Chave: Argumentação; Livro didático, Polifonia.

Identidade linguística: crise na educação

Profa. Dra. Maria Lúcia Marcondes Carvalho Vasconcelos (UPM)
Carmen Lúcia Bueno Valle (UPM)

A pós-modernidade trouxe, em seu bojo, a crise identitária, conforme teoria defendida por sociológos como Hall (2000) e Bauman (2005). Isto é, assiste-se à fragmentação da identidade do indivíduo que se vê, no século XXI, obrigado a representar uma multiplicidade de papéis sociais que acaba por desmistificar a ideia de que a identidade é algo fixo e permanente. O caráter de mutabilidade da identidade, assim, fragiliza  –  também  – a concepção de que a língua, fenômeno identitário e social de um povo, é um elemento imóvel, míope a mudanças. A perpetuacão desse pressuposto, pela escola, tem desencadeado um processo infindo de reprodução das desigualdades e de crescentes fracassos. Uma educação linguística que impute a sua verdade como única e soberana fomenta ainda mais a crise identitária a qual a contemporaneidade está fadada, estendendo o caos à educação. Desconsiderar a evolução da língua e suas diversas e variadas manifestações é atitude que pouco ou nada contribui para o fortalecimento linguístico de uma nação que se pretende cidadã, - distanciando , dia a dia, a educação de sua principal finalidade. A compreensão do status das variantes linguísticas como forte elemento de identificação de seus falantes ė urgente e imprescindível na reinvenção de uma educação linguística inclusiva, coerente e exitosa. A partir da análise qualitativa de textos produzidos por alunos da escola pública, propõem-se novos caminhos no ensino de língua portuguesa.

 

MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO PAULISTA: DOCÊNCIA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Maria Silvia Olivi Louzada (Universidade Cruzeiro do Sul)

O objetivo geral deste trabalho é refletir sobre proposições pedagógicas e didáticas aos professores de língua portuguesa no início do século XX, observando-se o modo como nelas estão representados os participantes da interação escolar – professor e alunos-, quais os papéis que lhes são reservados no interior da instituição escolar, quais as características indicadas como adequadas para o bom desempenho docente que se pode nelas entrever. Toma-se como o objeto de análise uma prática de ensino de leitura constante de uma revista escolar em que é possível observar tanto a manifestação de um ethos discursivo docente de saber, de autoridade, historicamente situado, como também analisar o modo de proposição dessa atividade, que se considera um exemplar da tradição do ensino da disciplina no Brasil. Sabe-se que, em nossa cultura, a imagem do professor remete a um estereótipo social: aquele que detém o saber valorizado pela sociedade e cuja missão é repassá-lo às futuras gerações. Nessa medida, pretende-se averiguar como a representação docente e o ethos discursivo manifestado no corpus analisado aderem ou refratam esse estereótipo social. Nessa pesquisa toma-se como fundamentos a Análise do Discurso, as noções de memória, de cenografia, de representação e de ethos discursivo para resgatar a proposição de um fazer pedagógico nas aulas de língua portuguesa da escola paulista de ensino básico do início do século XX. Por isso, entende-se que tanto possa contribuir para o avanço da teoria e análise discursivas como para uma reflexão mais geral sobre a história do ensino e aprendizagem da língua portuguesa.

PALAVRAS-CHAVES: escola paulista; ensino de português; ethos discursivo

 

A RECONSTRUÇÃO DE UM MOMENTO HISTÓRICO: O FIM DE UMA ERA, PELO OLHAR DE UMA REVISTA DE ATUALIDADE

Maria Teresa Nastri de Carvalho (GPDG/USP – IP-PUC/SP)

Esta comunicação objetiva interpretar como se construiu o discurso de um órgão da imprensa portuguesa, frente à revolta iniciada pelo exército, em 1974, com o fito de derrubar a governo autoritário de herança Salazarista. Incontestavelmente, a década de sessenta foi marcante para muitos países ocidentais, já que propiciaram revoltas e levantes contra governos autoritários, contra estruturas sociais que não mais se justificavam, contra a falta de liberdade, entretanto ecos de toda essa agitação perduraram até os anos setenta.
O governo ditatorial de Salazar instaura-se no fim da década de vinte e se sustenta para além de sua morte, em 1970. Seu sucessor imediato, Marcello Caetano segue a “cartilha” da não abertura política, assim como a vizinha Espanha, nas mãos do ditador Franco. A situação de Portugal era insustentável, graças ao agravamento dos conflitos nas colônias ultramarinas, o que dizimou muitas vidas, muitas famílias. A economia portuguesa estava à bancarrota, especialmente por desviar tanto capital para uma batalha que não tinha mais sentido, dada à iminência da independência das últimas colônias na África e pela pobreza e esquecimento a que o país estava fadado já há tempos.Como o esperado, obviamente havia os que tentavam lutar contra esse regime e sofriam toda sorte de repressão, comandada pela Polícia Política, a PIDE.
O que motivou este trabalho foi analisar a reportagem do “25 de abril”, feita pela revista Flama, uma publicação que nasce nos fins da década de vinte, assim como o governo Salazar e que não parecia, em muitos dos números analisados, ser ferrenha oposição a esse estado de coisas. A revista Flama era muito lida, tida como revista de variedades, cujo público alvo era o feminino e seu foco era em assuntos amenos, como moda, vida de celebridades, programação cultural, dicas femininas.
No número analisado, chama a atenção a construção do discurso, que enaltece as forças armadas, a organização do exército, da marinha, da aeronáutica, que agem em consonância e “libertam” o povo oprimido. A voz detectada é também a da imprensa que foi censurada por décadas, o que não parece ser, de fato, o caso da revista Flama.
A base teórica que orientou este estudo foi a Análise do Discurso de Linha Francesa. O objetivo é mostrar a voz assumida pela revista no momento da construção da longa reportagem do imortalizado “25 de Abril de 1974”. Acreditamos que recorrer à imprensa para retomar esse momento histórico pode orientar releituras variadas, especialmente tendo em vista o veículo de informação que noticiou fatos. Neste momento, como corpus apresento a revista de variedades Flama, de 03 de maio de 1974.
Palavras-chave: Análise do Discurso, Revolução dos Cravos, imprensa

A VARIAÇÃO DAS FORMAS DE TRATAMENTO NO ROMANCE LUCÍOLA,
DE JOSÉ DE ALENCAR

Marilda Alves Adão Carvalho (UEG – Quirinópolis)

Neste trabalho, fundado e fundamentado nos pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista de linha laboviana, pretende-se levantar, apresentar e analisar algumas formas de tratamento utilizadas em fragmentos do romance Lucíola, de José de Alencar, de forma a considerar os papeis sociais das personagens e a relação que se estabelece entre elas numa dada situação comunicativa. Desta feita, a análise ater-se-á a aspectos sociolinguísticos e pragmáticos – discursivos, aspectos esses que norteiam estudos sobre variação da língua e, nesse caso, sobre a variação dos pronomes de tratamento. Para tanto, por meio da base teórica adotada, discutir-se-á a função da língua/linguagem como instrumento de comunicação e como forma de interação; a variação linguística; status, papeis sociais e formas de tratamento em situações de formalidade e informalidade, aqui enfocando as escolhas do tratamento e os juízos de valor a elas atribuídos, bem como o quanto essas escolhas pelos atores sociais revelam padrões de comportamento e interrelacionam-se com fatores extralinguísticos distintos, tais como: poder, afetividade, intimidade e/ou aproximação, distanciamento, intimidação e outros. Por fim, apresentar-se-á a análise do corpus, fechando, desse modo, a busca por elucidar em que medida os aspectos supracitados são capazes de, no processo comunicativo, mudar e/ou alternar as formas de tratamento entre os sujeitos do discurso.

Palavras-chave: Variação; formas de tratamento; papeis sociais

INTELIGIBILIDADE E FORMALIDADE: DIFERENTES PERSPECTIVAS NA PRÁTICA DA TRADUÇÃO BÍBLICA

Mariú Moreira Madureira Lopes (UPM)

David Crystal (1992) afirma que o tipo de linguagem que uma comunidade discursiva usa para expressar suas crenças religiosas é, com frequência, uma das variedades mais distintivas da língua. O autor ainda reconhece a presença de uma consciência linguística na comunidade, na qual traduções bíblicas mais antigas são de suma importância na comunidade de fala como um todo, pois tiveram mais tempo para formar e conservar uma linguagem própria do domínio religioso. Ao mesmo tempo, devido à própria mutabilidade da língua, o vocabulário e as estruturas usados em versões antigas, em muitos casos, não são mais usados na linguagem corrente e são pouco entendidos no contexto do leitor na atualidade. Por um lado, há a necessidade de conservar uma linguagem própria do contexto religioso e, por outro, buscar uma tradução que possa ser entendida com clareza pelo público leitor. Tal impasse entre inteligibilidade e formalidade (CRYSTAL, 1992) toca de perto as propostas funcionalistas da linguagem (HALLIDAY, 1978; HALLIDAY; HASAN, 1989; DIK, 1981; 1997; EGGINS, 2004), que põem sob consideração a língua em seu contexto de uso (contexto de cultura e de situação). Nessa perspectiva, objetiva-se avaliar as diferentes escolhas lexicais em versões bíblicas portuguesas, que sugerem diferenças de uso do registro. Entende-se que tais diferenças revelam a finalidade da tradução, que pode marcar tanto a ideologia de conservação do original como a busca por produzir um texto que alcance não apenas o leitor religioso mas também o leitor leigo.
Palavras-chave: Linguagem religiosa. Teorias funcionalistas. Tradução bíblica.

JÚLIO RIBEIRO POLEMISTA: UM CAPÍTULO DA HISTÓRIA DAS QUERELAS LINGÜÍSTICAS NO BRASIL

Maurício Silva (Universidade Nove de Julho)

Um dos capítulos mais interessantes da história das ideologias linguageiras –  em que o conceito de conflito funciona como elemento catalisador da exposição de idéias lingüísticas – é aquele dedicado às célebres querelas linguísticas, entre as quais se destacam as que envolveram a controvertida figura do gramático mineiro Júlio Ribeiro, cujos embates deslindam pontos eventualmente obscuros ou ainda não suficientemente esclarecidos de seu valioso universo lingüístico-gramatical. Tendo publicado sua célebre Grammatica Portuguesa em 1881, Júlio Ribeiro desde cedo envolveu-se nas mais diversas disputas acerca de fatos lingüístico-gramaticais e literários, afirmando-se como um dos mais inspirados e sarcásticos polemistas da virada do século. Nesse contexto, a figura de Júlio Ribeiro se destaca, primeiro, por se manter, ao longo de suas mais acirradas polêmicas, rigorosamente dentro dos limites impostos pelos temas discutidos, lançando mão, ao mesmo tempo, de um vasto cabedal de conhecimento científico acerca do assunto tratado e de um impiedoso e ferino discurso contra seus opositores; e, segundo, por fazer de seus conhecimentos gramaticais uma arma poderosa contra seus antagonistas, desqualificando o discurso oponente.Este trabalho procura analisar algumas dessas polêmicas, discutindo sua importância para o conjunto da produção lingüístico-gramatical de Júlio Ribeiro e as repercussões nos estudos lingüístico-gramaticais na passagem do século XIX para o XX. Serão, portanto, analisadas duas das polêmicas em que Júlio Ribeiro se envolvera: a primeira, entre 1879 e 1880, resultando no livro Questão Grammatical (1887); e a segunda, em 1888, em torno de seu célebre célebre romance naturalista A Carne, publicado no mesmo ano.

Palavras-chave: Gramática portuguesa, Júlio Ribeiro, querelas linguísticas

 

A INICIAÇÃO À DOCÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA: RELATO DE EXPERIÊNCIAS
NO PROGRAMA PIBID

Marise Adriana Mamede Galvão (UFRN-DCSH)

O PIBID (Programa institucional de bolsa de iniciação à docência), instituído pelo MEC, tem com objetivo maior a melhoria do ensino na escola pública, buscando qualificar futuros professores em áreas de maiores carência de professores com formação específica como matemática, física, química e biologia. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte estendeu essa preocupação ao ensino de Língua Portuguesa, haja vista a preocupação também com a leitura e a produção textual, considerando os baixos níveis relativos ao IDEB obtidos por escolas em níveis de ensino fundamental e médio. Esse fato desencadeou discussões que culminaram com a proposta da Universidade Federal do Rio Grande do Norte de tentar formas de minimizar o problema da capacidade do aluno de escolas públicas de ler e produzir textos. Assim sendo, o trabalho em questão objetiva relatar experiências no desenvolvimento de práticas voltadas para a melhoria da produção textual de alunos do ensino médio, em uma escola selecionada pelo PIBID, envolvendo graduandos em Letras, professor-coordenador (Universidade) e professor-supervisor (Escola Pública) e alunos.  Nesse sentido, destacamos ações que objetivaram tornar o aluno proficiente em diferentes práticas discursivas, tendo-se por base atividades significativas e que promoveram uma conexão com as práticas sociais mais amplas, a partir de interesses desses alunos por algumas questões. Nessa direção, consideramos que as atividades realizadas e que seguiram pressupostos teóricos de estudos sociointeracionais, apresentaram resultados satisfatórios, no que se refere ao engajamento do graduando de Letras (Bolsista do PIBID) na orientação da produção textual em sala de aula e na realização desse trabalho pelo aluno no ensino médio.

Palavras-chave: docência, língua portuguesa, formação.

ENUNCIAÇÃO, POLIFONIA E INTERTEXTUALIDADE NO TEXTO NARRATIVO

Micheline Mattedi Tomazi (UFES)
Raquelli Natale (UFES)

Esta comunicação tem como objetivo verificar como a enunciação, a polifonia e a intertextualidade colaboram para a produção de efeitos de sentido no texto. Nosso objeto de análise é a obra “Que história é essa?” de Flávio de Souza (2007). Para tanto, partimos dos conceitos e princípios relacionados ao Modelo de Análise Modular (MAM), desenvolvido por Roulet; Filliettaz e Grobet (2001) privilegiando a dimensão situacional e a dimensão interacional, conjugadas às formas de organização enunciativa e polifônica do discurso.
Palavras-chave: Enunciação. Intertextualidade. Polifonia.

O GÊNERO CRÔNICA JORNALÍSTICA: SOB O PRISMA DA LINGUÍSTICA TEXTUAL-DISCURSIVA.

Milton Gabriel Junior PUC/SP

Esta comunicação está situada na área da Análise Crítica do Discurso, Linguística Textual, tem por tema analisar e verificar como as crônicas jornalísticas se organiza no plano textual-discursivo, como os esquemas cognitivos ao modo de Adam, 2010, que os gêneros também são como propõe van Dijk, 1990, sobre a noticia, possibilitam identificar as práticas discursivas existente na crônica jornalística.  
Tem-se por objetivo examinar a construção textual-discursiva das crônicas jornalísticas, através de um plano descritivo da sua estrutura composicional, das tipologias, sequências típicas e explanar os aspectos da materialidade linguística que está sendo “guiado” pela situação de enunciação apresentando critérios para recategorizar o gênero crônica jornalística. Focaliza-se no material utilizado, crônicas dos jornais paulistanos; o método adotado para a análise é o teórico-analítico.
Os resultados obtidos indicam que a crônica esta em mutação, agindo e interagindo no meio social ao criar realidades ou fatos sociais, que constituem ações sociais construídas pela linguagem. Como a crônica jornalística cria um sistema de valores e significações é por meio do texto produzido que conseguimos verificar os mecanismos de textualização e delimitar o interdiscurso, o intertexto e o gênero.  Possibilitando verificar e compreender como o uso de textos e de um gênero nos leva a organizarmos nossas ações diárias, a criar significações, bem como fatos sociais num sistema de atividades encadeia nossas ações discursivas.

Palavras-chaves: gênero crônica, crônicas jornalísticas.

ABORDAGEM INTERCULTURAL NA SALA DE AULA DE PLE.

Milton Gabriel Junior PUC/SP

Esta comunicação apresenta um relato de experiência e está situada nas pesquisas do Núcleo de Pesquisa Português Língua Estrangeira (NUPPLE), ligado ao Instituto de Pesquisa Linguísticas “Sedes Sapientiae” da PUC/SP­. Trata­se de resultados de atividades  realizadas, com abordagem comunicativa e enfoque interculturalista, voltadas para o ensino/aprendizagem da língua portuguesa a falantes estrangeiros. Segundo SILVEIRA (1998), o ensino da língua portuguesa modalidade brasileira para estrangeiros não está  dissociado do ensino da cultura, uma vez que a língua é um código social da comunidade  em que se situa, implicando visões culturais e ideológicas. A autora afirma que o aprendiz adquirirá a língua alvo no momento em que experienciar, compreender e interagir com as formas de pensamento e a conduta cultural dos falantes da nova língua.  Tem­se por objetivo demonstrar como a gestualidade do professor aliada ao  tratamento linguístico contribui para o ensino/aprendizagem, pois carrega valores e significações compreendidos e explicados apenas pela cultura/ideologia da língua­alvo. Justifica­se o estudo, pois é clara a necessidade de um profissional de educação ter desenvolvidas diversas habilidades e competências para dar conta da abordagem interculturalista. A metodologia utilizada é etnográfica, de base qualitativa e envolveu a filmagem das aulas, sessões colaborativas, entrevistas semi­estruturadas com os alunos do curso intensivo de janeiro de 2012 na PUC/SP. Os resultados demonstraram que os gestos, corriqueiros em nossa cultura, contribuem para a interação em sala de aula e preparação de novas interações nos diferentes contextos sociais em que o aprendiz se insere por criar realidades que constituem ações sociais construídas pela linguagem. Este sistema de valores e significações pode auxiliar o professor e o aprendiz a criar uma proximidade e leva à diminuição do filtro afetivo por parte do aluno, propiciando a troca de informações sobre os gestos típicos e seus significados na cultura alvo e em sua própria cultura.

Palavras-chaves: interculturalismo, ideologia, gestualidade

NOSSO PORTINGLÊS

Nair Feld (Universidade Nove de Julho)

Este trabalho aborda a mesclagem português-inglês, no ambiente de vida de universitários da cidade de São Paulo, no final do século XX.
Tinha-se como objetivo a obtenção de respostas fundamentadas, às indagações: até que ponto ocorre uma mesclagem português-inglês, atualmente, no ambiente de vida de universitários da cidade de São Paulo? Que tipos de fatores a condicionam? Que tipos de conseqüências podem ser visualizadas?
Entendeu-se ser de utilidade social uma pesquisa que viesse a contribuir para uma conscientização e posicionamento sobre tais fatos, que parecem envolver alguma alteração da nossa cultura.
Utilizou-se observação empírica e aplicou-se um questionário a universitários da cidade de São Paulo, para obter dados principalmente qualitativos . Como fundamentação teórica, elegeu-se a teoria de Mikhail Bakhtin, no que concerne à relação entre infraestrutura, a formação da ideologia social e sua plasmação na linguagem, além de obras sobre história do Brasil, o mercado de ideias; subliminaridade, linguística e filologia.
Concluiu-se que a mesclagem português - inglês, no ambiente de vida do público pesquisado, tem, como componentes, fatores histórico-ideológicos (contatos múltiplos Brasil-Estados Unidos – desiguais – levaram à ideologia brasileira do belo americano) ; já se manifesta em níveis comunicacionais vários, indo muito além do âmbito vocabular (apóstrofos, tempos verbais, gestos etc.); atinge várias camadas sociais. Tais ocorrências, amplamente divulgadas, apresentam crescentes possibilidades de fixação e possível ampliação, o que leva a inferir a possibilidade de prejuízos psicossociais e anulação cultural resultante da substituição comunicacional.
Palavras-chave: mesclagem português-inglês; níveis; motivações; conseqüências.

CRÍTICA E AUTOCRÍTICA À FORMAÇÃO DE UMA GRADUANDA EM LETRAS-PORTUGUÊS NA ATUAÇÃO COMO PROFESSORA DE PLE.

Narjara Oliveira Reis (Curso de Letras - UFSC)

Esta pesquisa tratou das lacunas na formação de uma graduanda em Letras - Português, na atuação como professora de PLE, no projeto Idiomas-PET-Letras-UFSC. Buscou-se, a partir da análise da atuação no referido projeto, salientar a importância desta habilitação para responder à demanda por profissionais especializados, considerando o interesse internacional pela Língua Portuguesa, modalidade brasileira, que acompanha a emergente economia deste País. A pesquisa realizada se caracteriza como qualitativa, especificamente como autorreflexiva (ALMEIDA FILHO, 2011). Para triangulação de dados, foram empregados os métodos: observação participante, análise autocrítica e depoimento de um aluno. Compôs-se por descrições autocríticas do ambiente docente (filtro afetivo), do material didático utilizado (insumo), das aulas mais representativas das lacunas da formação e do depoimento de um aluno. Para a fundamentação teórica, foram utilizados os conceitos de Insumo, Filtro Afetivo e Modelo de Desempenho Monitor de Stephen Krashen (1981;1982); a metodologia para análise de crenças no ensino de línguas de Barcelos e Vieira-Abrahão (2006); o conceito de Abordagem de Almeida Filho (1989; 1992; 2009, 2011) e a reflexão sobre as quatro habilidades de Widdowson (1978). A investigação revelou que, à formação do professor, é necessária a constante atualização quanto às teorias aplicadas ao ensino de línguas estrangeiras associadas a uma atitude autorreflexiva sobre as crenças que embasam sua abordagem de ensinar.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, Português como Língua Estrangeira, Formação de Professores.

 

INFILTRAÇÃO DA VARIANTE NÃO PADRÃO (Ø) DA FALA
NO SINTAGMA NOMINAL NA ESCRITA

Nancy Arakaki (IP/PUC/SP – Faculdade Sumaré)
Jae Keum Oh ( Faculdade Sumaré)
Isaías Santos ( Faculdade Sumaré)
Alessandra Correia ( Faculdade Sumaré)
Eugenia Gimenez ( Faculdade Sumaré)
 Jane Leme Silva( Faculdade Sumaré)
Sandra A. Silva (IP/PUC/SP – Faculdade Sumaré)

 Qual a razão da infiltração da variante não padrão (Ø) nos textos de alunos ingressantes no terceiro grau, se a variante padrão (s) é ensinada e incentivada na escola como necessária e ideal na produção escrita? O objetivo deste projeto é verificar a freqüência da variante não padrão (Ø) nos textos avaliados quando do ingresso do terceiro grau de estudantes de uma instituição privada da cidade de São Paulo em um período de 12 anos. A concordância nominal é estudada pelos alunos desde os primeiros anos da escola formal, mas se houver infiltração da fala na escrita é necessária a discussão a respeito da razão desta ocorrer até o momento do ingresso do estudante de terceiro grau. A metodologia aplicada será a verificação da freqüência em que ocorre o fenômeno lingüístico da variante não padrão (Ø) nos textos escritos por alunos ingressantes no terceiro grau, entre os anos de 2000 a 2012, mensurando inicialmente do ano presente para compará-los com os de anos anteriores, conferindo se historicamente ocorre mudança na produção verbal escrita em razão da infiltração da fala na escrita, apesar das diretrizes propostas nos PCNs serem aplicadas desde 1998 em todas as escolas brasileiras.  Para verificação deste fenômeno linguístico a pesquisa será embasada nos conceitos teóricos da Sociolinguística apresentados por Preti (2003) e Castilho (2010).

Palavras-chave: Sociolinguística. Variação linguística. Sintagma Nominal.

LINGUAGENS VERBAIS E NÃO VERBAIS: COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL EM AULAS DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS

Neide Tomiko Takahashi (USP)

 Ao considerarmos os valores interculturais em aulas de português para estrangeiros, torna-se necessário compreender certos contextos comunicativos que inferem sentidos além da linguagem verbal de um indivíduo ou de um grupo social: o modo de dizer e de agir representam expressões complementares naturais do pensamento na interação face a face. Justifica-se tal percepção por indicar pontos fundamentais para a aquisição de vínculos interativos que, tanto podem ser identificados e reconhecidos, quanto podem causar um estranhamento inicial na comunicação. Dessa forma, objetiva-se abordar nesta apresentação as instâncias relacionadas em sala de aula entre as linguagens verbais e não verbais no planejamento de um curso de português para estrangeiros. Como recorte, tais instâncias serão divididas em dimensões cinésicas (gestos) e nas paralinguagens (emissão de sons). Com isso, propõe-se a reflexão das várias dinâmicas de conversação envolvidas a partir do relato de experiências de aulas com base em um texto motivador, utilizado em turmas do nível intermediário e avançado, cujo assunto trata do descompasso cultural na conversação. Para tal depoimento e considerando os gestos reguladores de interação apontados por Gumperz (1998) e Argyle (1988), busca-se mostrar exemplos de contextualização sobre o que é considerado comum (ou incomum) em atitudes interpessoais em sala de aula diante das várias culturas envolvidas, uma vez que os efeitos das discussões dessas aulas demonstraram a relevância de uma abordagem que compartilhe convenções a fim de se evitar possíveis mal entendidos nas marcas comunicativas de seus participantes.

Palavras-chave: linguagem verbal e não-verbal; comunicação intercultural; português para estrangeiros

UM DIÁLOGO HISTORIOGRÁFICO SOBRE OS EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS
NA LÍNGUA PORTUGUESA

Nelci Vieira de Lima  (IP/PUC-SP)

Neste artigo, objetivamos refletir acerca do tratamento dado à questão dos empréstimos linguísticos na Língua Portuguesa em dois recortes temporais, a saber: a primeira metade do século XX, mais especificamente 1949, por meio da análise da obra de Carlos Góis, Dicionário de Galicismos, e fim do século XX, por meio da análise do Projeto de Lei 1676/1999, de autoria do Deputado Federal, Aldo Rebelo. Nossa análise se deu pelo viés da Historiografia Linguística, disciplina cujos métodos, apontados por Koerner (1996) e Swiggers (2009) permitem-nos delinear nosso objeto de estudo, de forma a proceder à sua reconstrução, interpretação e análise. Visamos, assim, a responder aos seguintes questionamentos: Em que medida a preocupação com os empréstimos linguísticos se constitui em uma problemática que se repete ao longo da história e qual o tratamento dado a esta questão nos períodos históricos selecionados? Em que medida é possível perceber as rupturas ou continuidades no pensamento linguístico a respeito dos empréstimos linguísticos no recorte temporal efetuado? Em conclusões preliminares podemos afirmar que tanto o Filólogo Carlos Góis, na primeira metade do século XX, quanto o Deputado Federal Aldo Rebelo, no fim do século XX, denotam a mesma preocupação com os empréstimos linguísticos na Língua Portuguesa, posicionando-se ambos contra o uso de palavras estrangeiras na língua e visando prescrever e ditar ao falante da língua portuguesa o que consideram como o seu melhor uso.

Palavras-chave: Historiografia Linguística – empréstimos linguísticos – pensamento linguístico – rupturas e continuidades


 

MANOEL DE BARROS E A METAPOESIA

 Nery Nice Biancalana Reiner (UNISA SP)
        
A matéria prima da poesia de Manoel de Barros tem seus limites no chão do Pantanal Matogrossense: a casa onde nasceu, os gravetos, os bichos, as aves, as pedras e a água. É um verdadeiro manancial no qual podemos observar a força obscura da terra, um mundo primitivo prenhe de riqueza visual, tátil, olfativa, permeado pelo humor, pela busca do ínfimo, do pequeno.  “Sinto fluir de mim / como um veio de água saindo dos flancos de uma pedra, / a imagem de meu pai” diz ele na obra O guardador de águas, 1989.  Nesse trabalho, porém, o objetivo é a Metapoesia, sua preocupação com o próprio fazer poético. Na obra de Barros há forte incidência de poemas metalinguísticos nos quais a mensagem está centrada  no código, indicando a Função Metalinguística, Chalub, 1986. Assim será apresentado um estudo comparativo entre dois poemas de Manoel de Barros: “No Tratado das Grandezas do Ínfimo”  da obra O livro das ignorãças, 1994 e   “Nascimento da palavra” da obra Gramática expositiva do chão, 1990,  em busca dos elementos da natureza ali contidos,  avaliando sua importância na constituição de fazer poético do autor. O aparato teórico que norteará a pesquisa é composto pelas obras de Jakobson, 1968, Chalhub, 1986 e Jean Dubois, 1978.

Palavras-chave: metapoesia, Manoel de Barros, elementos da natureza.

 

TRAJETÓRIA DE -ÍSTICA: DA ORIGEM À ATUALIDADE

Nilsa Areán-García (FFLCH-USP)

Desenvolvido na Universidade de São Paulo, este trabalho, que surgiu no âmbito das pesquisas do Grupo de Morfologia Histórica do Português, GMHP (http://www.usp.br/gmhp), e está fundamentado em Rio-Torto(1998) e Viaro(2010) visa a explorar alguns aspectos sobre o sufixo -ística e sua relação com a constelação formada entre -ismo, -ista e -ístico(a) na língua portuguesa, destacando a sua origem, a sua internacionalidade, e suas características semânticas no português. É sabido que -ística é a forma feminina do sufixo -ístico na derivação de adjetivos. Não obstante, ao consultar as palavras formadas com -ística no Dicionário Houaiss (2001), nos deparamos com sessenta substantivos, cuja mudança categorial é problematizada pelo estudo. Sabe-se também que a maioria das gramáticas da língua portuguesa apontam a língua francesa como a principal disseminadora de novos vocábulos formados com a constelação -ismo, -ista e -ístico(a) que adentraram em outras línguas modernas, dentre elas o português. Entretanto, no estudo do sufixo -ística, observou-se que é a língua alemã a principal disseminadora de suas formações.
Palavras-chave: Morfologia Histórica; Derivação; Sufixo -ística.

 

LEHRBUCH DES BRASILIANISCHEN PORTUGIESISCH: UM OLHAR ESTRANGEIRO SOBRE A LÍNGUA E A CULTURA DO BRASIL

Norimar Judice - UFF)

O estudo dos materiais didáticos para o ensino de línguas estrangeiras permite depreender representações de línguas e culturas, em diferentes tempos e espaços, configuradas por autores nativos e não nativos e oferecidas aos aprendizes como amostras da realidade. Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa Materiais didáticos de Português do Brasil para Estrangeiros editados no exterior: representações da identidade brasileira (em andamento) e tem por objetivo analisar, recorrendo a pressupostos da Análise Crítica do Discurso (Van Dijk,) e da Teoria das Representações Sociais (Moscovici), em textos de material didático publicado em 1986, na Alemanha, intitulado Lehrbuch des brasilianischen Portugiesisch, de autoria de Erhard Engler, as amostras da língua e as representações da cultura do Brasil oferecidas aos aprendizes, confrontando o material linguístico e cultural apresentado pelo autor em 37 textos (dialogados, narrativos, expositivos e descritivos) com os usos efetivos do português brasileiro e com o panorama sociocultural do país no período da publicação da obra. Exemplificaremos com segmentos dos textos analisados, que se revelaram como amostras não representativas dos usos do Português do Brasil e como veiculadores de imagens estereotipadas da identidade brasileira.

Palavras-chave: Português para estrangeiros. Materiais didáticos de Português do Brasil para estrangeiros. Representações da identidade brasileira.

INTERCULTURALIDADE NAS AULAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE): O ENSINO DE PLE E A TEORIA DOS ATOS DE FALA

Pamela Andrade (USP)

Este estudo visa a contribuir para a pesquisa e o ensino dos atos de fala na sala de aula, especificamente, do português brasileiro. A teoria dos atos de fala, como concebida por Austin (1962) e Searle (1969), explora a ideia de que palavras também são ações, ou seja, “dizer” também é uma forma de “fazer”, segundo Kerbrat-Orecchioni (2005), cuja obra serve de apoio para este estudo. Essa concepção da pragmática trouxe grande contribuição para a área do ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, pois saber construir frases gramaticalmente corretas não é o suficiente para uma comunicação bem-sucedida. Assim, defendemos que ensinar uma língua estrangeira é ensinar também sobre o funcionamento de seus atos de fala, com o objetivo de formar aprendizes competentes tanto linguística quanto comunicativamente. O trabalho com os atos de fala em sala de aula de língua estrangeira ainda traz a oportunidade de trabalhar com as diferenças pragmáticas entre culturas. Nesta pesquisa, propomos a investigação do ato de fala “recusar” no português brasileiro em comparação com outras culturas. Por ser um ato de fala bastante corriqueiro, mas ameaçador da face, quando é usado ou interpretado de maneira inadequada pelos aprendizes de PLE, gera mal-entendidos e, portanto, efeitos negativos na interação. Por meio de revisão teórica sobre o tema, os resultados parciais desta pesquisa demonstram que o desenvolvimento da conscientização pragmática e cultural atua positivamente na capacidade dos aprendizes de lidar adequadamente com as diversas situações comunicativas de seu dia a dia.

Palavras-chave: atos de fala; cultura; português língua estrangeira.

O USO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NAS AULAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL
NO ENSINO MÉDIO

Paulo da Silva Lima UFPA

O ensino da produção de textos vem sendo um dos grandes desafios para a maioria dos professores de língua portuguesa do Ensino Médio. Na rede pública, principalmente, a questão parece ser ainda mais séria, já que muitos dos alunos que concluem a última etapa da educação básica não conseguem produzir textos coesos e coerentes. Neste trabalho, objetivamos demonstrar que muitos dos problemas ligados à produção textual podem ser sanados com o uso de Sequências Didáticas (SD), pois, por meio delas, o docente tem espaço suficiente para trabalhar a reescrita, priorizando os elementos da macroestrutura textual e proporcionando verdadeiras práticas de linguagem em sala de aula. Nossa pesquisa foi desenvolvida com alunos de três turmas  do Ensino Médio de uma escola da rede pública do município de Marabá – PA. Para isso nos embasamos na teoria dos gêneros textuais/discursivos de Bakhtin (1992), já que segundo o autor toda produção textual se realiza por meio de algum gênero. Também nos baseamos em Schneuwly e Dolz (2010), para quem as Sequências Didáticas são importantíssimas na didatização dos gêneros. Os resultados de nossa pesquisa demonstraram que a maioria dos alunos, na versão final, conseguiu produzir seu texto de forma coesa e coerente dentro de uma situação real de linguagem. Também pôde-se  compreender que os gêneros não devem ser considerados um objeto de ensino, mas sim as capacidades de linguagem operadas por meio deles.

Palavras-chave: Produção textual, Sequência didática, Reescrita.

 

Hipertexto no Ensino Fundamental II: estratégias de leitura

Patrícia Alessandra Mangili (PUC-SP)
Orientação: Profa. Dra. Mercedes Fátima de Canha Crescitelli

Com a importância crescente da Internet em praticamente todas as esferas de atividades humanas, os processos de organização e construção de conhecimento, assim como as formas de conceber e compartilhar experiências, têm se modificado. Nesse contexto, é também papel da escola auxiliar os alunos na construção de sentido na leitura de gêneros textuais digitais. Assim, procurando conhecer como os estudantes fazem essa leitura, investigamos, neste trabalho, os caminhos percorridos e as estratégias utilizadas por eles na leitura de hipertextos. Do ponto de vista teórico, dentro da perspectiva sociocognitivo-interacional, utilizamos os estudos de Kleiman (1995, 2002, 2004, 2008), Koch (2000, 2002, 2009), Marcuschi (1995, 1996, 2008) e Solé (1998). Para a abordagem do hipertexto, utilizamos os estudos de Koch (2007), Lévy (1993, 1999 e 2003), Mcaleese (1993), Marcuschi (1999, 2000, 2004 e 2007), Santaella (2004), entre outros. Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva e, quanto aos procedimentos metodológicos, aplicamos um questionário com 43 questões para identificar as estratégias de leitura do hipertexto utilizadas por 84 alunos do Ensino Fundamental II. Os resultados indicam que, por um lado, grande parte dos indivíduos pesquisados estabelece objetivos e procede à construção de hipóteses na leitura do hipertexto, entre outras estratégias utilizadas; por outro lado, estratégias como organização de um roteiro de leitura e estabelecimento de generalizações ainda não são constantes na sua prática leitora e poderiam ser exploradas em salas de aula, haja vista a necessidade de se aprimorar a competência de leitura dos aprendizes em gêneros textuais digitais. 


PALAVRAS-CHAVE: Estratégias de leitura; hipertexto; Ensino Fundamental II.

 

gramaticalização enquanto inter(subjetivização): O cline de mudança das construções modais “ter que +v2” e “dever +v2”

Profa. Pós-Dra. Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda
Professora do PPG Linguística-UFJF
Michele Cristina Ramos Gomes
Graduanda em Letras- UFJF

O presente trabalho tem como objetivo analisar a gramaticalização das construções modais “ter que + V2” e “dever + V2”. Para isso, foram coletados dados sincrônicos em dois corpora: o corpus do projeto “Mineirês: a construção de um dialeto” e o corpus do projeto “PEUL - Programa de Estudos sobre o Uso da Língua”. Também fizemos uso de dados diacrônicos, que foram retirados do corpus do projeto “CIPM – Corpus Informatizado do Português Medieval” e do corpus do projeto “Tycho Brahe”. Considerando que a análise da frequência de uso é um subsídio importante para atestar processos de gramaticalização (Bybee, 2003), a partir de uma pesquisa pancrônica, que considerou corpora compreendidos entre o século XIII e o português contemporâneo, buscamos delimitar como os diferentes usos dessas construções revelariam um processo de expansão semântico-pragmática no qual se observa um cline de mudança [deôntico] > [epistêmico]. Assim, os significados modais, que inicialmente estariam relacionados a um valor deôntico, caracterizado pela obrigatoriedade, caminhariam em uma direção crescente de orientação para os falantes, passando a expressar sentidos relacionados a um valor epistêmico.  Assumimos, para isso, a perspectiva da ‘gramaticalização de construções’ (Traugott, 2009), uma vez que partimos do princípio de que a gramaticalização envolveria a mudança construção > gramática. Importante também para a realização deste trabalho foi a noção de gramaticalização enquanto processo de (inter)subjetivização (Traugott, 1995, 2010; Traugott e Dasher, 2005), que considera que o estabelecimento de novos padrões construcionais está intimamente relacionado à emergência de construções gramaticalmente identificáveis que sinalizam as crenças e atitudes dos falantes.

 

 

LIVRO DIDÁTICO E LEGISLAÇÕES: COMPARANDO DISCURSOS

Patrícia Silvestre Leite Di Iório

Este trabalho busca descrever como se deu o processo de implementação do ensino da Língua Portuguesa na segunda metade do século XX, especialmente, com base nos livros didáticos que começavam a “tomar” a forma que têm hoje e nas legislações vigentes. Para tanto, o corpus selecionado foi Português através de Texto, 1970, de Magda Soares Guimarães e Estudo Dirigido de Português, 1972, de Reinaldo Mathias Ferreira. Na análise, serão observados a introdução e os conceitos que apresentam de língua, linguagem e gramática; a organização das obras e a proposição de textos e exercícios, considerando-se aspectos linguísticos, históricos e críticos. Adotamos como fundamentos a noção de memória e a análise do discurso para buscar resgatar a relação entre os discursos legais e do professor-autor de livro didático e constatar que fatores externos à língua – fatos histórico-sociais – podem interferir no discurso sobre e no processo de ensino da língua materna, especialmente, na elaboração de manuais didáticos.

Palavras-chave: Livros didáticos, ensino de língua portuguesa, discursos

 

O BRASIL NA LENTE DE UM IMIGRANTE ALEMÃO E
AUTOR DE MATERIAL DIDÁTICO DE PBE

Patrícia Maria Campos de Almeida (UFRJ)

O Brasil tem sido marcado, ao longo dos anos, pela presença estrangeira. Sua contribuição pode ser observada tanto na esfera social e econômica quanto no campo educacional. No que diz respeito ao ensino de Português do Brasil para Estrangeiros, os imigrantes tiveram papel de grande relevância como autores e editores de obras didáticas voltadas para o ensino da língua portuguesa e da cultura brasileira desde o século XIX. Essas obras destinavam-se, sobretudo, aos imigrantes e aos filhos de imigrantes matriculados, na maior parte das vezes, nas escolas localizadas nas inúmeras colônias que se formaram em nosso território. Considerando [1] a importância de um estudo em profundidade dessas obras, bem como [2] a premissa de que esses livros revelam não só marcas do momento histórico em que foram publicadas, mas também a visão do autor sobre o Brasil e os brasileiros de uma dada época, nossa proposta foi analisar uma obra para ensino de português para imigrantes de língua alemã escrita por um imigrante alemão nascido no século XIX e radicado no Brasil. A obra, escrita no início do século XX, retrata, em alguns de seus textos, o cotidiano de uma família brasileira. Uma vez identificados os textos, formamos um corpus para análise de aspectos linguísticos e culturais que pudessem revelar - pela lente do autor escolhido - a
visão de Brasil e de brasileiros construída ao longo da obra e apresentada aos estudantes
de PBE da época.

Palavras-chave: Português do Brasil para Estrangeiros, materiais didáticos, imigração

A OBRA COMO OBRA: UMA PARTIDA DE XADREZ NO LABIRINTO FICCIONAL
DE SARAMAGO

Ramsés Albertoni Barbosa (PPGCSO-UFJF)

No romance O ano da morte de Ricardo Reis, o escritor português José Saramago articula um jogo labiríntico-narrativo que abole, ou reconstrói em novas diretrizes, as noções recorrentes de ficção e história. Nesta metaficção historiográfica, o autor reelabora a vida e a obra do heterônimo Ricardo Reis, criação do poeta Fernando Pessoa. Com a morte de seu criador, esta criatura poética retorna a Portugal no crucial ano de 1935, após 16 anos auto-exilado no Brasil, e durante oito meses irá vagar por uma conturbada Lisboa às vésperas da 2ª Guerra Mundial. O diálogo narrativo saramaguiano será agenciado com relatos históricos e literários, primordialmente com as obras de Pessoa, Borges e Camões. O artigo sinaliza os recursos formais articulados por Saramago na construção do tecido vertiginoso do romance-labirinto que forja uma d(obra), segundo a leitura de Deleuze, a partir da conceituação de Obra de Blanchot.
Palavras-chave: Labirinto. Intertextualidade. Metaficção Historiográfica

 

"REFLEXÕES SOBRE UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA A PRODUÇÃO
DO GÊNERO NOTÍCIA"

Regina Espíndola Chaves Gomes – UNICSUL/SP

O objetivo desta pesquisa é refletir sobre uma prática de ensino de língua portuguesa em situação escolar de que participam professores de ensino fundamental e seus alunos, além do pesquisador/formador. A base teórica sobre a qual se assenta este trabalho fundamenta-se, primeiramente, na noção bakhtiniana de gêneros, em especial na de gêneros secundários; em segundo lugar, apóia-se nas reflexões sobre o processo de produção de texto em contexto escolar formuladas por Pasquier e Dolz, bem como na proposta de organização curricular de Dolz e Schneuwly, por meio  de agrupamentos e de proposição de sequências didáticas para o ensino/ aprendizagem dos gêneros. Entende-se que os aspectos linguísticos, discursivos e enunciativos que caracterizam um gênero podem ser mais bem tratados/apreendidos na escola quando há uma organização dos conteúdos por meio de sequências didáticas especialmente planejadas para esse fim. Assim, as análises centrar-se-ão em resultados de aplicação de sequência didática a alunos do 5ª ano do Ensino  Fundamental, para avaliar a produção escrita do gênero notícia, proposto no planejamento curricular desse nível de ensino.  Ao pesquisador/formador cabe a tarefa de instrumentar e orientar o professor em seu trabalho sobre/com o gênero selecionado, apoiando-o em todas as etapas de elaboração/aplicação de uma sequência didática especialmente formulada para esse fim. Para validar as análises produzidas, essa pesquisa em ação inclui um grupo controle de alunos de 5º ano sob a tutela de outro professor/escola. Destacam-se nesse processo a emergência das diferentes vozes e de seus respectivos posicionamentos, as imagens que fazem de si e dos demais envolvidos na situação didática de produção textual e discursiva.

PALAVRAS-CHAVE: gênero escrito; sequência didática; professor.

A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO COM VISTAS
À FORMAÇÃO PROFISSIONAL.

Renato Antonio de Souza (CEETEPS)

Este trabalho objetiva examinar o processo de produção do conhecimento científico com vistas à formação profissional. Ele justifica-se pelo fato de alunos encontrarem grande dificuldade de produzir um conhecimento novo ou ampliar um já formulado, fatos observados em cursos ministrados sobre planejamento e desenvolvimento de trabalhos de conclusão de curso. A teoria adotada para a explicação do objeto de pesquisa foi o conceito de interação, proposto por Vygotsky (1989), sobre os processos de construção da informação, conforme Rey (2005), e a respeito do papel do professor no ensino de línguas para fins específicos, proposto por Cintra e Carreira (2007). Esta pesquisa foi realizada com alunos concluintes do curso Técnico em Administração de Empresas, turma de 2011, oferecido pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, na cidade de São Paulo. Os procedimentos para a realização desta investigação foram técnicas e métodos qualitativos, segundo Appolinário (2012). Como resultado, foi evidenciada a importância do papel do professor que trabalha com ensino de línguas para fins específicos, no sentido de entender, além das especificidades da produção de um gênero específico, também questões relacionadas à área em que se insere o trabalho. Também verificou-se o papel da interação professor-aluno, aluno-teoria e aluno-corpus de análise como fator de contribuição para a produção das explicações dos fatos observados e também por proporcionar uma qualificação profissional mais afinada com o perfil profissional atual.

Palavras-chave: Produção de texto; produção do conhecimento; formação profissional.

 

 

REFERENCIAÇÃO METADISCURSIVA NO GÊNERO CARTA PESSOAL

Renato Cabral Rezende (UnB)

Os gêneros discursivos, segundo Bakhtin, são formas relativamente estáveis de enunciados nos níveis temático, estilístico e de estrutura composicional. Na esteira do pensamento bakhtiniano, um autor como Hanks (2008) promoveu uma leitura ampliada de Bakhtin, e propôs que os gêneros discursivos, de fato, têm caráter formal, mas são sobretudo “quadros de orientação para a ação” linguageira; são princípios socioenunciativos internalizados pelos sujeitos, que os orientam para a realização das práticas de linguagem. Aceitas as duas premissas, este trabalho propõe-se a discutir se a referenciação metadiscursiva não seria um fenômeno linguístico inerente ao gênero discursivo carta pessoal quando representado no interior de outro gênero discursivo: o romance. A carta pessoal tem como uma de suas características o não esgotamento em um único artefato textual. Ao contrário, este gênero possibilita a si próprio uma duração longeva, por meio de mais de um artefato textual, alimentada pela troca entre os interactantes. No romance de cunho epistolar, é a troca de cartas que promove a passagem do tempo e a realização de ações. A troca de missivas atua na própria construção do enredo. O corpus deste trabalho é a obra Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum. Nele analisamos exemplos de referenciação metadiscursiva de que lança mão a narradora-missivista para informar seu irmão sobre a família de imigrantes libaneses que os adotou. Conclui-se que o gênero carta pessoal, quando representado no interior de um romance, “exige” a referenciação metadiscursiva na/para condução do enredo e da criação da atmosfera memorialística da obra.

Palavras-chave: referenciação; metadiscurso; gênero epistolar; romance.

“da colonização ao cyberspace: um estudo da liberdade na história norte-americana E COMO ISSO SE IRRADIA PELA INTERNET”.

Regina Paula Ambrogi Avelar – UPM

A presente pesquisa, situada no âmbito dos estudos histórico-culturais, investiga o conceito de liberdade (do inglês freedom, liberty) desde as origens da colonização norte-americana até os tempos atuais, no espaço cibernético. Trata-se de um estudo analítico-expositivo acerca do caráter do uso do termo liberdade, inerente ao período de formação da sociedade norte-americana (séculos XVII, XVIII) quando da chegada dos primeiros colonos, fundadores das bases daquela sociedade. Este trabalho visa a demonstrar, por meio da análise dos discursos de posse dos presidentes norte-americanos e outros documentos importantes ao largo da História, que a ideologia liberal, ao contribuir para a formação daquele país, deu origem a comportamentos, atitudes, maneiras de pensar e agir que, presentes, na contemporaneidade, em diversas manifestações culturais, incluindo as presentes no cyberspace, influenciando as maneiras de agir e pensar dos demais povos do globo. Como fundamentação teórica, além dos textos originais dos discursos de posse dos presidentes, foram utilizados referenciais em Análise do Discurso, Bakhtin, Fiorin, Cevasco etc., em História, Karnal, Tannenbaum etc. e documentos como a Declaração da Independência (1776) e a Constituição Americana (1789).  Como resultados, não seria leviano afirmar que a ideia de liberdade permeia a sociedade norte-americana, influencia sua população e as demais que seguem seu modelo sócio-econômico. Poderia-se pensar que a supremacia econômica global já construída pelo país é permeada constantemente pela ideia de liberdade que esse povo tem para si, influenciando direta ou indiretamente, na luta pela liberdade de outros povos do globo, tendo a Internet como meio promulgador dessas ideias.
Palavras-chave: liberdade, cultura norte-americana e espaço cibernético.

PISO VERSUS TETO: UMA QUESTÃO SEMÂNTICO-DISCURSIVA

Risalva Bernardino Neves – UnB

Existem, em torno de questões salariais, discussões acerca de valor mínimo e valor máximo que se deve/pode pagar, ou melhor, entre “piso” e “teto”. Isso é perceptível quando falamos em salários de professores/as e funcionários do Poder Judiciário, por exemplo, ministros/as do Supremo Tribunal Federal. O presente trabalho é parte do corpus documental de minha pesquisa de mestrado, que visa investigar aspectos ideológicos presentes nos discursos dos/das e sobre os/as docentes da educação básica da escola pública brasileira. Neste trabalho, analisamos dois textos jornalísticos sobre questões salariais de professores/as e ministros/as do Supremo Tribunal Federal, ambos do site da Câmara dos Deputados. O intuito é investigar como esses profissionais são representados nesses textos à luz dos aportes teóricos da Análise de Discurso Crítica (ADC), de linha britânica, (Chouliaraki&Fairclough, 1999; Fairclough, 2003; Resende & Ramalho, 2011) na interface com a Semântica (GUIMARÃES, 1995; Koch & Elias, 2007). Vale ressaltar que a ADC baseia-se em uma concepção de linguagem como parte irredutível da vida social, assim, linguagem e sociedade estão interconectadas dialeticamente. Vale lembrar, ainda, que a concepção semântica aqui adotada considera o sentido não como algo que já está pronto/posto, mas que é construído na interação.  Uma análise preliminar dos textos aponta para representações extremamente diferentes por parte da Câmara dos Deputados, contrariando o que se espera de nossos/as legisladores/as: um tratamento equânime para os/as diversos/as profissionais que contribuem para o desenvolvimento de nosso país.
Palavras-chave: ADC, “piso”, professores/as

A organização textual da opinião em crônicas do cotidiano

Rodrigo Leite da Silva (PUC-SP / UNINOVE-SP)

O presente trabalho está fundamentado na Linguística de Texto e em bases teóricas da vertente sócio-cognitiva da Análise Crítica do Discurso. Assim, apresenta o esquema textual da estrutura argumentativa, proposto por Van Dijk (1978), com o objetivo de demonstrar o processo de construção textual da opinião em crônicas jornalísticas que tratam do cotidiano. O cotidiano define-se pelo que acontece, diariamente, implicando uma sequência de ações usuais, que se definem como acontecimentos diários. As ações apresentadas pelos cronistas do cotidiano, para seus leitores, sucedem no eixo narrativo. Tais apresentações compõem o Marco de Cognições Sociais, visto que decorrem, a partir de uma seleção temática de uma representação cotidiana. De acordo com o conhecimento do cronista, em relação aos acontecimentos cotidianos, nota-se que o ponto de partida para a seleção temática na composição da crônica centra-se neste conhecimento. Diante deste contexto, a crônica do cotidiano é organizada, hierarquicamente, pela categoria semântica Usual e pela categoria temporal Frequência. Conforme a categoria semântica apresentada, a crônica do cotidiano revela hábitos cotidianos, que são avaliados pelo cronista do cotidiano, numa projeção, envolvendo uma escala de valores positivos e negativos, pois, tais hábitos se organizam enquanto conhecimentos factuais, localizados no Marco de Cognições Sociais. Portanto, os resultados obtidos indicam que a construção textual da opinião, nas crônicas do cotidiano é orientada pela focalização do cronista, tendo como ponto de partida a focalização do Marco das Cognições Sociais, onde são projetadas hierarquicamente a partir da categoria Conhecido, avaliando as crenças que incorporam o cotidiano e apresentado novas crenças, estas sendo legitimadas pelos argumentos utilizados pelo cronista do cotidiano.
Palavras-Chave: Construção Textual da Opinião; Crônica do cotidiano; Esquemas Textuais; Marco de Cognições Sociais.

 

 

 

 

LEITURA LITERÁRIA (DE POEMAS) NO LIVRO DIDÁTICO

Roberto Belo de Lima (UFPE)

Partindo do pressuposto de que a leitura é largamente promovida pelo livro didático e que suas práticas são mais difundidas através dele, pretendemos analisar como a leitura literária, sobretudo de poemas, se dá através dos fragmentos textuais inseridos nesse suporte de ensino. Ora, o estudo realizado trata de uma pesquisa baseada nos exercícios do livro didático Português: linguagens, 8º e 9º ano, dos autores Cereja e Magalhães (2009), que a cada ano é adotado por milhares de professores e estabelecimentos de ensino do Brasil. A análise feita se refere especificamente à escolarização da poesia e ao desempenho da proficiência em leitura de nossos alunos, tendo em vista que o livro didático é responsável em grande parte pelo desenvolvimento da competência comunicativa e crítica dos sujeitos na escola. Dessa forma, concluímos que o livro didático de língua portuguesa é uma fonte de conhecimento à mão do aluno, entretanto, é necessário que o professor seja sábio mediador entre o texto e o aluno; e que este jamais deve se fechar em exercícios preestabelecidos por seus autores, pois há ainda uma enorme desvalorização da leitura literária em grande parte desse material didático.

Palavras – chave: leitura literária - livro didático - língua portuguesa.

 

 

AS IMPLICAÇÕES DAS PERGUNTAS DOS ALUNOS NA AULA EXPOSITIVA

Rosa Maria Nechi

O estudo discute em que medida as interações com envolvimento interpessoal direto e com trocas de turnos são necessárias e desejáveis no decorrer das aulas expositivas.  Os alunos possuem o desejo de partilhar com seu conhecimento nas aulas, seja com intervenções indagativas sobre o tópico ou apenas para fazer algum comentário a seu respeito. O objetivo é investigar em que medida as perguntas e observações de alunos são produtivas e em que circustancias tais perguntas precisam ser contornadas.  O aporte teorico vem de Marcuschi (2005) que discute a presença do diálogo/ interação  quando da aula expositiva e ressalta ser a aula expositiva um sistema de relações que se manifesta num conjunto de atividades sustentadas colaborativamente; Bronckart (2006) ressalta ser o agir humano apreendido sob o ângulo de atividades coletivas que se manifestam através de estruturas de cooperação organizadas pelas interações com o meio social; Brait (1995) postula serem os processos interacionais no discurso resultados de uma atividade cooperativa, envolvendo  propósitos de interagir;  desenvolver a conversação; possibilitar continuidade tópica na interação. A análise se pauta em aulas expositivas participativas extraídas do projeto A língua falada culta em Rondônia, buscando significativas contribuições de diálogos de alunos/professores que responda ao objetivo A pesquisa aponta alguns resultados: o tema proposta na maioria das aulas analisadas não tem o tópico decidido coletivamente; durante o diálogo, os professores perguntam muito mais que os alunos; as perguntas são de vários tipos e não recebem o mesmo tratamento e atenção dos interlocutores. O resultado mais geral identificado constitui a falta de consciência dos interlocutores de que o saber poderia ser resultado de uma co-construção sócio-interativa negociada na “arena” da sala de aula e não apenas o repasse do conhecimento já sabido.

Palavras-chave: aula expositiva, aluno, interação.


 

DECIFRA-ME OU TE DEVORO: LIVRO IMPOSTO OU LIVRO POSTO?

 

Rosângela Aparecida Ribeiro Carreira
Professora do Centro Universitário Italo Brasileiro
Doutoranda PUC/SP

Este trabalho tem por objetivo analisar a potencialidade de transposição pedagógica de um material didático, sobretudo, o audiovisual, utilizado em Ensino Fundamental II na Rede Municipal de São Paulo, buscando verificar como os exercícios propostos no material de apoio do professor dão subsídios para trabalhar as atividades propostas no livro e no CD com os alunos para desenvolvimento das competências e habilidades comunicativas necessárias para a construção de conhecimentos no trabalho com língua materna, sob uma perspectiva metodológica embasada na visão sócio-cognitiva-interacional de ensino da língua para uma pedagogia léxico-gramatical que considera o ensino de Língua Portuguesa no desenvolvimento global dos aprendentes, delimitada na análise da potencialidade de trabalho com o texto, considerando sua materialidade no campo do léxico, do enunciado, do texto e do intertexto, GERALDI (2010: 106-108).
Para isso, elegemos a análise da Unidade 1 proposta no CD que acompanha o livro do professor adotado pela Prefeitura de São Paulo intitulado Cadernos de Apoio e Aprendizagem: Língua Portuguesa, estruturados a partir dos Programas Ler e Viver e das Orientações Curriculares, 9º. Ano, volume 1, comparamos as atividades audiovisuais às orientações dadas aos professores no livro e entrevistamos quinze professores da Rede Municipal, informantes indicados por participantes do projeto Rede em Rede que trabalham com EFII e o utilizam.
PALAVRAS-CHAVE: Educação, linguística, ensino e língua

COMPREENSÃO DE LEITURA EM DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS

Rosângela Maria de Carvalho Oliveira
(Mestranda PUC /SP)

Nesta comunicação tenho por objetivo apresentar algumas reflexões sobre compreensão de leitura, com enfoque no contexto mediato e imediato de quatro textos pertecentes à primeira unidade do Livro Didático destinado aos aprendentes, 2ª etapa,  EJA, adotado em escolas públicas de Floriano - PI.  Para tanto, irei me valer da abordagem sociocognitiva e interacional de leitura à luz da Linguística Textual. Portanto, minha escolha por esses textos classificados em gêneros textuais diferentes: charge, tirinha, fábula, conto, justifica-se pelo caráter eminentemente discursivo e heterogêneo da Unidade I, portanto merecedora de uma abordagem que consiste em explorar questões de linguagem e discurso no eixo sociocognitivo interacional. A par disso, estabeleço uma postura de mediação em que abordo as condições de produção dos textos (contexto mediato e imediato), características dos gêneros e o propósito comunicativo.  A concepção de leitura e de contexto como prática social aqui assumida, subjazem: a) uma concepção de língua situada no discurso; b) uma concepção de leitura como processo sociocognitivo interacional; c) uma visão de contexto que envolve o co-texto e o campo social. Isso quer dizer que o trabalho com compreensão de leitura no LD deve levar em conta: 1) o papel das memórias no contexto comunicativo; 2) as condições de produção de texto; 3) as representações sociais; 4) os contextos discursivos; 5) a realidade sócio cultural; 5) a história de leitura do leitor. Relativo ao objeto de estudo, observei um silêncio dos autores quanto à compreensão da leitura como processo sociocognitivo interacional. Os textos ali selecionados servem de pretexto para conceituar superficialmente os  gêneros textuais selecionados na Unidade I.


 

UM CASO DE “COLOCAÇÃO”: JÂNIO QUADROS E O PORTUGUÊS FORMAL
DO INÍCIO DO SÉCULO XX

Rudney Soares de Souza (PUC/SP)

Este artigo tem por objetivo desvelar, na perspectiva da Historiografia Linguística, marcas de formalidade e “não formalidade” em pronominais do português falado na metade do século XX e desse modo apresentar algumas características que marcaram a estrutura da língua considerada padrão e suas implicações nas situações de uso. Como amostra, selecionamos discursos do ex-presidente Jânio Quadros e as gramáticas de João Ribeiro (1919), Eduardo Carlos Pereira (1907) e Said Ali (1895).
Tal pesquisa torna-se relevante não só pelo fato de apresentar a língua em uso “categórico – formal” e “inovador – cotidiano”, mas também por que identifica indícios do que denominamos hoje “variações linguísticas”.

Palavras-chave: formalidade, não formalidade, pronominais.

 

A INTERPRETAÇÃO ALUNO DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II
SOB O OLHAR DA RETÓRICA.

Sandra Maria Barbosa Farias, PUC/SP

            A leitura é um ato social entre dois sujeitos – o leitor e o autor. A compreensão de um texto escrito envolve a compreensão de frases e sentenças, de argumentos, de provas formais e informais, de objetivos, de intenções, muitas vezes de ações e de motivações (Kleiman, 2010, p.10). O domínio de estratégias de leitura é imprescindível para o aprendizado. Partindo deste conceito de leitura, pretendemos realizar uma análise sob o olhar da retórica, de como o aluno do 8º ano do Ensino Fundamental II interpreta, na leitura de um texto em quadrinhos e de uma narração, os temas propostos.
            Nosso objetivo é o de observar quais estratégias são utilizadas pelo aluno para que consiga uma interpretação coerente dos textos por meio de atividade em sala de aula. Cremos que esta análise contribuirá para os estudos já existentes sobre leitura e de como proceder para fazer com que os alunos do Ensino Fundamental II consigam ler com propriedade, não apenas os textos que a escola lhes oferece, mas os constantes no seu dia-a-dia. Para obtermos os resultados, aplicaremos uma atividade de interpretação de uma tira da Mafalda e de um conto, numa turma de 8º ano do Ensino Fundamental II de uma escola pública estadual e anotaremos todas as estratégias utilizadas pelos alunos para que a interpretação aconteça coerentemente. O trabalho terá como fundamentação teórica os conceitos de leitura sob a ótica sócio-cognitivista e a constituição do pathos sob a ótica da retórica.

Palavras-chave: leitura, retórica, interpretação. 

A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO EM NOTÍCIA JORNALÍSTICA: REFLEXÕES

Sandro Luís da Silva (UNIFESP/SP)

Esta comunicação visa socializar uma pesquisa realizada em torno da análise do discurso, de linha francesa, envolvendo textos jornalísticos publicados a França e no Brasil. Seu objetivo primeiro é a análise discursivo-argumentativa de uma notícia de jornal, em Outubro de 2010 dos jornais Le Monde e Folha de São de Paulo, focalizando a construção da identidade discursiva desses jornais em relação às eleições para presidente no Brasil, instaurada em torno da oposição Serra x Dilma, levando-se em consideração os dois contextos, quando a época da publicação e, evidentemente, o público-alvo.  Procura-se descrever, nas análises, o ethosdiscursivo construído em uma notícia de jornal publicada em um jornal no Brasil (Folha de São Paulo) e um na França (Le Monde). Os procedimentos teóricos e metodológicos desta pesquisa definem-se pela compreensão do interdiscurso como objeto de estudo, pela análise do gênero jornalístico – notícia de jornal, pela constituição do ethos discursivo e, ainda, pelo estudo das marcas enunciativas e da cenografia para análise do ethos. A análise está pautada nos estudos de Maingueneau (2002, 2008, 2010) e Marcuschi (2005, 2005b). A partir das análises realizadas, pode-se perceber que a constituição do ethos discursivo dos textos propostos evidenciam a ligação direta entre o enunciador das notícias e as questões socioculturais de onde elas foram produzidas.

Palavras-chave: discurso, jornal, ethos

SELECTA NACIONAL DE ALVES DA FONSECA (1873): UMA ABORDAGEM HISTORIOGRÁFICA

Sara Rabelo da Silva – UEMA
Sônia Maria Nogueira– IP-PUC/SP – UEMA

Essa pesquisa consiste no Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, do Curso de Letras do Centro de Estudos Superior de Imperatriz – CESI, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, e está voltada à verificação e compreensão do processo de implementação do ensino da língua materna no Maranhão, na segunda metade do século XIX, a fim de analisar as diversas concepções de língua, linguagem e gramática. Nosso corpus constitui-se da obra Selecta Nacional, do padre R. Alves da Fonseca (1873), escrita e editada no Maranhão. Nessa perspectiva, embasamos nosso estudo, teoricamente, nos procedimentos metodológicos da Historiografia Linguística, com Köener (1996), adotando seus três princípios básicos: Contextualização trata-se do clima intelectual da época, levando em conta “as mais variadas correntes”, a situação sócio-econômica, política e cultural, Imanência, vem estabelecer um entendimento integral tanto histórico quanto crítico da obra em analise e a Adequação vêm introduzir de forma cuidadosaas aproximações modernas do vocabulário técnico. Para tanto, convém ser ressaltado que utilizaremos para a adequação a obra Português – a arte da palavra, de Gabriela Rodella; Flávio Nigro e João Campos (2009). Convém salientarmos que essa pesquisa encontra-se na sua fase inicial.
Palavras-chave: Língua Portuguesa, Historiografia Linguística, Ensino.

HOLMES ANAFORICAMENTE
Sérgio Herman

O trabalho se enquadra na Análise do Discurso, mais especificamente na Lingüística Textual e apresenta uma temática focada nos referentes anafóricos cujo corpus é o terceiro capítulo do livro “Um Estudo em Vermelho”, de Arthur Conan Doyle, chamado o “Mistério de Lauriston Garden”.
A metodologia de análise constituir-se-á de estudos comparativos dos elementos referentes bem como dos referenciados, ou seja, uma análise destes elementos ou objetos textuais que são apresentados no cotexto, ou mesmo elementos existentes na memória discursiva, e que são retomados no decorrer do texto, promovendo então a coesão textual e também a construção da coerência. 
A análise de alguns trechos deste capítulo se fará em um enfoque teórico apoiado em técnicas de coesão anafórica e seus referentes, com o objetivo de visualizar como o autor utiliza estas retomadas anafóricas para criar um efeito coesivo que valoriza o personagem principal, Sherlock Holmes, em detrimento dos detetives da Scotland Yard.
A análise deste corpus sob esta abordagem terá como referencial teórico os trabalhos “Referenciação sobre Coisas Ditas e não Ditas”, de Mônica Magalhães Cavalcante, 2011 e “A Coesão Textual”, de Ingedore Vilhaça Koch, 2003.

Palavras-chave: leitura, intergenericidade, discurso publicitário.


 

DOCUMENTOS OFICIAIS PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISE DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO

Silvana Schwab do Nascimento

Esta pesquisa tem como objetivo analisar o processo de elaboração dos documentos oficiais para o ensino de língua portuguesa produzidos no estado do Rio Grande do Sul no período de 1990 a 2010. Esse processo de elaboração inclui, além da análise dos documentos propriamente ditos, a investigação do que relatam, por meio de entrevistas, seus elaboradores no sentido de cotejar o discurso desses elaboradores com o produto resultante dessa elaboração. Neste estudo, assumimos a perspectiva teórica sócio-histórica bakhtiniana a partir da qual, ao tratar da verdadeira substância da língua, Bakhtin/Voloshinov (1929/2006) pontuam que esta é constituída pelo fenômeno social da interação verbal, realizada por meio da enunciação ou das enunciações. Até o presente momento, analisamos textos presentes no documento “Educação para crescer – Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino (1991-1995)”. Esses textos analisados nos permitiram observar como se organiza o discurso do documento oficial no que diz respeito à concepção de linguagem, levando em conta seu leitor (no caso, professores da rede pública) e como é apresentada a imagem desse professor no próprio documento. Também analisamos alguns relatos de elaboradores desses documentos. Nesse sentido, esta pesquisa vem contribuir para que se conheçam sentidos outros que constituem esses documentoss. É tentar compreender uma história que foi se construindo sobre o ensino da língua portuguesa e mostrar vozes que fizeram parte dessa história, seja do ponto de vista das posições teórico-metodológicas defendidas, seja do ponto de vista das tensões e relações que se estabeleceram no processo de construção desses documentos. 

Palavras-chave: documentos oficiais; ensino; língua portuguesa

 

TECNOLOGIA E INTERAÇÃO EM UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA: COLABORAÇÃO ENTRE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA EM CORREÇÃO DE PROVAS DE REDAÇÃO EM UM PROCESSO DE AVALIAÇÃO SISTÊMICA NACIONAL DO ENSINO MÉDIO

Silvane A. Gomes
CEFET-MG

Este artigo considera a necessidade de revisão do sistema escolar, no que tange a adequação da escola às novas condições sociais considerando o advento das novas tecnologias da informação e da comunicação e, na atenção que se deve dar à formação de professores destacando sua representação social, sem esquecer-se da continuidade que essa formação requer (Gatti, 2009; Marinho, 2004). Procuro trazer nuances do campo do currículo, não apenas como documentos e propostas curriculares ou sua concepção e seus desdobramentos mas, como prática discursiva que privilegia as identidades sociais e/ou estabelece suas desigualdades, refletindo a/na identidade social (Silva,1995; Soares, 2008); do campo da linguagem ( mesmo sabendo que muitas discussões permanecem apenas no campo discursivo), que incide sobre a prática docente, pensando a relação entre linguagem e realidade embora, a realidade nacional despreze a memória (histórica e essencial) desse sujeito formador social (Moita Lopes, 2006; Souza, 1994). Dirijo o olhar aos desafios especificamente dos professores de Língua Portuguesa, que por prática docente me permite compreender o movimento dos saberes como fenômeno discursivo constituidor do ato de “ensinar” (mediar) significados, podendo permear subjetividades entre professores e alunos, negociando, pelos sentidos que produzem, entre tantos pontos, as marcas que identificam a sociedade, em articulação com a pesquisa de mestrado que trata da colaboração entre docentes no uso dos recursos tecnológicos para execução de trabalho essencialmente virtual, que culminou numa Comunidade de Prática (Wenger, 1998) e, aponta certa homogeneidade ao trabalho, através da interação, como resultado.


PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores; Tecnologia e Interação; Comunidade de prática.

 

FORMAÇÃO DE TUTORES PARA EAD: LINGUAGEM E INTERAÇÃO

Silvia Augusta de Barros Albert Bachur – PUC-SP/ UNICSUL

Formar e capacitar professores para atuarem como tutores em cursos de graduação e disciplinas online é uma demanda frequente e um desafio. O presente trabalho tem por objetivo: relatar a experiência de tutoria em um curso de formação e capacitação de tutores de uma IES; e destacar o processo de interação como fator de sucesso,  respaldado sobretudo na adequação do uso da linguagem verbal e na organização do material teórico.  No curso em questão, o propósito interacional apresenta-se tanto na configuração dos seus espaços e ferramentas que promovem o diálogo quanto na adequação do uso da linguagem entre tutor e participantes visando a criar  um ambiente de interação constante, em que ocorram troca de experiências e construção de saberes. Fundamentados na Linguística Textual de orientação sócio-cognitiva e interacional e nos estudos e teóricos que abordam a linguagem e a interação em AVA (Arcoverde e Cabral, 2004; Kerbrat-Orecchioni, 2005; Marcoccia, 2004), apresentaremos a disposição dos espaços de interação no curso e seu funcionamento e analisaremos o uso adequado da linguagem no diálogo entre tutor e participantes mostrando estratégias que corroboram para equalização dos papéis e para a promoção da empatia entre os interlocutores, levando-se em conta que são todos  professores e tutores que pertencem à mesma esfera de atuação. Foram selecionados para a análise os espaços de fórum, as devolutivas dos participantes às situações problema propostas e as intervenções do tutor do curso observando as estratégias utilizadas que garantiram a eficácia da interação.
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem; Interação; Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

 

O PORTUGUÊS “BRASILEIRO” E O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: ELEMENTOS CONSTITUINTES QUE ULTRAPASSAM ALTERAÇÕES NA ESCRITA[1]

Sílvia Fernanda Souza Dalla Costa[2]

 

O presente trabalho visa refletir sobre alguns aspectos históricos e culturais que envolvem o acordo ortográfico da Língua Portuguesa, que entrou em vigência no Brasil, no ano de 2009. Com discussões iniciadas no início da década de noventa, o atual acordo, apesar de não ser o primeiro (historicamente foram feitos alguns entre Portugal e Brasil) levou quase duas décadas para se efetivar e busca unificar a ortografia, que até então possuía duas formas oficiais: a praticada no Brasil e a de Portugal (e dos demais países lusófonos). Busca também, por meio de reflexões de diferentes autores, apresentar o contexto de lusofonia, identidade e de como a Língua Portuguesa é cantada em prosas e versos no Brasil. Ou seja, demonstrar que mais do que “uma mudança na escrita”, o acordo ortográfico busca firmar a Língua Portuguesa no contexto da globalização.

PALAVRAS-CHAVE: Acordo ortográfico – Língua Portuguesa – Lusofonia
[1] Artigo produzido para a disciplina de Estudos de Língua, Cultura e Identidade no Espaço da Lusofonia, sob orientação da Profa. Dra. Regina Helena Pires de Brito e Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna.
[2] Discente do Programa de Pós-graduação stricto sensu – Doutorado em Letras, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professora de Língua Portuguesa do Instituto Federal Catarinense – IFC Campus Concórdia/SC. Trabalho conta com apoio da Fundação Mackpesquisa.

 

POEMAS DE MANUEL BANDEIRA, EXERCÍCIOS DA ? FALA BRASILEIRA? NAS AULAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Silvia Paverchi   (PROLAM/USP)


A poesia de Manuel Bandeira, caracterizada pelo uso do discurso coloquial sintético, verso livre,  dialetos regionais e elementos do sincretismo religioso da fé católica com o candomblé, dá relevante contribuição para a formação das novas bases da fala e da escrita do Português Brasileiro bem como da Música Popular Brasileira a partir do século XX.  As composições de Bandeira influenciaram o modo de fazer e conceber arte poética dentre outras artes. Foi grande inspirador do Movimento Modernista brasileiro de 1922 na busca de uma identidade brasileira mais autêntica que levasse em conta elementos culturais diversos resultantes do convívio e mistura de várias etnias que se instalaram no Brasil desde sua colonização. A percepção dessa rica gama de elementos culturais presente na obra de Bandeira, intrinsecamente ligados à literatura e língua brasileira, forneceu elementos para elaboração de projeto de traduções que foi concebido e desenvolvido nas  aulas de Português Língua Estrangeira com alunos do Mestrado em Filologia Românica da Universidade Estatal de Ierevan (Armênia), para onde fui na qualidade de professora Leitora. A publicação ?Diálogo poético Armênia Brasil- Vahan Teryan e Manuel Bandeira? foi resultado dessa experiência; tendo os próprios alunos como tradutores/autores da seleção  prévia de 17 poemas do poeta armênio Vahan Teryan para o português e 17 poemas de Manuel Bandeira para a língua armênia, atividade desenvolvida sob orientação, supervisão e organização da professora Marine Eghiazaryan e minha.

Palavras-chave: (português língua estrangeira) (literatura brasileira) (cultura brasileira) (tradução)

 

A IMAGEM DE ARTE COMO BASE TEXTUAL

Simone Terenciano Elias Francischetti

A Leitura de Imagem Artística como objeto de pesquisa vem de encontro às propostas de leitura de mundo. Teoricamente, o que é proposto como prática pedagógica de Leitura e Interpretação favorece a compreensão da mensagem em imagem e que sua transposição para a língua, nas atividades cerebrais, seja automática, e revelem-se nas expressões corporais e na oralidade.
Essa prática de trabalho educativo, leitura de imagem, amplamente difundido para as aulas de Arte, merece ainda uma profunda pesquisa teórica que corresponda às propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais que une as disciplinas escolares em área de conhecimento, entretecendo-as.
Por essa perspectiva, as produções escritas tornaram-se o corpus de pesquisa acadêmica, no âmbito da Análise Crítica do Discurso, dos conceitos fundamentais do Ensino de Arte e da influência da sociedade e dos grupos sociais no comportamento e nos discursos dos indivíduos.
Entre os autores que embasaram a pesquisa estão Gonçalves Filho, Canclini, Smith, Habermas, Breton, van Dijk, Silveira.
Nas produções analisadas, foram considerados os aspectos formais e técnicos estudados em Arte, os conteúdos dos estudos de Língua Portuguesa, bem como as mensagens do artista ou do aluno não claramente expressos. Entretanto, em sua maioria, os textos apresentam referentes que integram o texto-produto e a imagem pictórica analisada.
Por fim, a pesquisa resultou em outra preocupação: a função da escola - sistematizar conteúdos de diferentes disciplinas, estimular discursos formais, na oralidade ou na escrita, e permitir aos alunos a expressão dos discursos sígnicos e emocionais, independentemente da disciplina ministrada.

A MULHER E A REPRESENTAÇÃO DE MÃE NA CRÔNICA DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA

Siomara Ferrite Pereira Pacheco (PG-PUC/FMU)

Esta comunicação situa-se na área de ensino de português para estrangeiros e tem por tema a representação da mulher brasileira na crônica de Chico Buarque de Hollanda. Tem-se por objetivo geral contribuir com o ensino de PLE com enfoque interculturalista e por objetivos específicos: 1) examinar a representação do papel da mulher brasileira no texto de Chico Buarque e 2) averiguar como os implícitos culturais contribuem na representação da mulher. Justifica-se a pesquisa na medida em que se considera-se a crônica um tipo de texto opinativo, no qual se encontram implícitos culturas. Nesse sentido, segundo Silveira (2006), o ensino de Língua não dever ser reduzido às estruturas gramaticais, “o dito”; é necessário ensinar ao aprendiz a explicitar o implícito, ou seja, o que se quer dizer, com o que foi dito, que nem sempre faz parte da cognição do falante nativo. Tem-se por base teórica a Análise Crítica do Discurso na interrelação das categorias Discurso, Cognição e Sociedade (v. Dijk, 1997) e os implícitos culturais tratados por Silveira (2006). Os resultados obtidos são parciais e indicam que a mulher representada como mãe no texto está em conformidade com os marcos de cognição social que tem como discurso fundador o eclesiástico. Conclui-se que os conhecimentos socioculturais influem na leitura do texto, uma vez que o leitor tem de estabelecer relações com conhecimentos extralinguísticos para que reformule o contexto sociocognitivo.
Palavras-chave: crônica –  gênero -mulher -  ensino- português para estrangeiro

 

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DOCÊNCIA DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA EM SANTA CATARINA

Sirlei Soares
Denise Terezinha Machado de Melo
Walkiria Sousa Silva
José Marcelo Freitas de Luna
(Universidade do Vale do Itajaí)

Este trabalho deriva de um projeto de pesquisa, financiado pelo Artigo 170 e vinculado ao Grupo de Pesquisa em Estudos Linguísticos e Ensino do Mestrado em Educação da Univali. Tendo como objetivo a busca e a catalogação da memória referente ao ensino de Português como Língua Estrangeira – PLE em Santa Catarina, os pesquisadores entrevistaram 14 professores durante o período de maio a outubro de 2011. Na presente comunicação, apresentamos e discutimos os primeiros achados que emergem dos dados coletados. Referimo-nos pontualmente à docência, por meio das perguntas: onde estão e quem são os professores de PLE no Estado de Santa Catarina?; e qual é a concepção de língua que eles apresentam e/ou dividem? A análise dos dados revela que a maioria dos professores não tem formação específica em PLE; a maioria trabalha em escola particular, com tempo de experiência na área muito variado; a maioria leciona outro idioma e não tem vivência fora do país; suas experiências docentes dividem-se entre o Espanhol, o Inglês e o Português, sendo o Inglês a experiência da maioria. Quanta à concepção, boa parte dos professores divide uns com os outros as concepções de língua e de ensino de línguas que podem ser tomadas, se não contextualizadas forem, como as tensões de que fala Paes e Almeida (1997). Referimo-nos a abordagens, métodos, técnicas e procedimentos, que podem ser caracterizados como comuns às mais diversas concepções. A mais saliente delas é a que destaca a centralidade da gramática no ensino/aprendizagem de PLE.


CRIATIVIDADE LEXICAL NA LITERATURA BRASILEIRA DOS SÉCULOS XIX E XX

Solange Peixe Pinheiro de Carvalho (FFLCH-USP)

Conforme salientou Candido (1975), o século XIX testemunhou no Brasil o começo do surgimento de uma literatura nacional, voltada para a expressão da realidade brasileira e que tentava começar a se afastar dos padrões portugueses e europeus. Um dos indicadores dessa tentativa de autonomia pode ser visto no uso do léxico, que procurava não apenas retratar a realidade brasileira, com o uso de termos ligados a profissões típicas das diferentes regiões do país, como também na manipulação do léxico para criar novas palavras, enriquecendo os textos literários e diferenciando-os da produção portuguesa. Tendo em mente essas características, e tendo por base teórica textos voltados para a Estilística e a Morfologia da língua portuguesa – Lapa (1977), Mattoso Câmara Jr. (1977), Sandmann (1985), Barbosa (1981), entre outros –, a comunicação tem por objetivo fazer uma análise de alguns exemplos retirados de textos literários brasileiros produzidos no século XIX e início do século XX, com o intuito de avaliar como os processos de formação de palavras – sobretudo a sufixação e a parassíntese – produziram recursos expressivos sugestivos, que mostram a riqueza dessa literatura nascente, não apenas em termos de representação da realidade brasileira, como também da manipulação lexical consciente. Os textos literários foram selecionados tendo em vista não somente a originalidade das formações, mas também a pouca divulgação que eles por vezes têm nos meios acadêmicos brasileiros, favorecendo com isso uma oportunidade para sua difusão e para suscitar o interesse de pesquisadores da área.
Palavras-chave: Literatura Brasileira; Estilística; Morfologia

PRODUÇÃO DE TEXTO ARGUMENTATIVO NA PLATAFORMA MOODLE

Solange Ugo Luques FFLCH-USP

Essa aula faz parte do curso de EAD de Nivelamento de Português oferecido aos alunos ingressantes na universidade em que foi desenvolvido. O objetivo do Nivelamento é oferecer aos alunos a possibilidade de rever alguns conteúdos gramaticais e práticas de leitura, interpretação e produção de pequenos textos em língua portuguesa, a fim de aperfeiçoar habilidades linguísticas facilitadoras de sua formação universitária. Com metodologia inspirada nas ‘sequências didáticas’ de Dolz e Schneuwly (2004), definidas como conjuntos de “atividades escolares organizadas de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito.” (p. 97), a aula online de Produção de Texto Argumentativo é justificada como treino para futura participação no ENADE. O primeiro recurso da aula na plataforma é um texto teórico sobre argumentação com exemplos. Como atividade, o aluno deve produzir um texto em que comente uma notícia verídica publicada na imprensa eletrônica, posicionando-se a respeito do assunto e justificando sua posição com argumentos coerentes. Postada a tarefa na plataforma, ela é objeto de avaliação segundo os critérios propostos, recebendo uma nota inicial e a sugestão de reescrita, observando as correções, com possibilidade de mudança na nota. Acredita-se que esse procedimento, sempre passível de aperfeiçoamento, permita, por parte do professor, observar, intervir e redirecionar, quando necessário, o processo de aprendizagem; e, por parte do aluno, beneficiar-se de uma avaliação formativa, em que seu empenho participativo pode ser recompensado.


PALAVRAS-CHAVE: EAD; Produção de Texto Argumentativo; Avaliação Formativa.

 

O ENSINO DE LEITURA VERBO VISUAL EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: QUESTÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS

Sonia Sueli Berti-Santos – UNICSUL/ FACCAMP

Esta apresentação objetiva abordar as estratégias de elaboração de material para o ensino de leitura verbo visual de gêneros discursivos da esfera jornalística/publicitária em ambientes virtuais de aprendizagem, a fim de levar o estudante a uma leitura mais profícua, constituindo o sentido do enunciado. Neste trabalho, serão considerados alguns aspectos, do ponto de vista teórico-metodológico, que permitem essa leitura a partir de uma concepção semiótico-ideológica de linguagem, como: a materialidade, o dialogismo, a intencionalidade, a axiologia, a memória discursiva, a exotopia e a constituição da alteridade do sujeito. Para tanto, o suporte teórico para a análise dialógica do discurso, na perspectiva de Bakhtin e do Círculo será embasado em: Bakhtin e Voloshinov[1929] Marxismo e Filosofia da Linguagem (2006); Do dialogismo ao gênero: as bases do pensamento do círculo de Bakhtin, (Sobral, 2009) que discute a interação verbal, dialogismo e ideologia; Problems in Dostoevsky's poetics (Bakhtin,2002), que utiliza o romance como pretexto para discutir questões de gênero e linguagem; Literature and issues of aesthetics: the theory of the novel (1990), cujos conceitos de tempo e espaço, o conceito de cronotopia,  e sua relação na constituição do romance são discutidos, mas também serve para examinar textos não literários; Estética da Criação Verbal (Bakhtin 2003) em que se discute a constituição temática, composicional, individual do estilo. No que se refere ao ambiente virtual de aprendizagem, em referência à elaboração do material quanto ao uso da linguagem nesse ambiente, tomaremos como base os pressupostos tratados por Marquesi (1999, 2001) Arcoverde e Cabral (2004), Cabral (2008).
PALAVRAS-CHAVE: Educação a Distância; Leitura Verbo Visual; Análise Dialógica do Discurso.

 

LITERATURA E CINEMA: UMA ABORDAGEM DE ENSINO

Sueli Regina Leone (Uniban/Anhanguera)

Mesmo após noventa anos da Semana de Arte Moderna, a abordagem da primeira fase do Modernismo Brasileiro, ainda hoje, causa estranheza aos nossos alunos. Uma obra como Macunaíma, de Mário de Andrade, é um bom exemplo da dificuldade existente no entendimento desse momento importante, embora contraverso, da nossa literatura.
Na tentativa de minimizar essas dificuldades e de propiciar a ampliação de conhecimentos, através das diversas formas de representação artística, uma solução encontrada por professores tem sido  a utilização da adaptação da obra literária para o cinema. Diante o exposto, o presente trabalho objetiva estabelecer as relações que aproximam ou distanciam a obra literária Macunaíma, de Mário de Andrade, da adaptação homônima para o cinema, feita por Joaquim Pedro de Andrade. À luz da visão de mundo mostrada nas duas obras, a análise versará sobre as características de cada um dos textos, estabelecendo-se uma comparação entre elas. É importante salientar, que esse trabalho está fundamentado  nos estudos literários de Linda Hutcheon e Mikhail Bakhtin e dos pressupostos teóricos de Ismail Xavier e Randal Johnson, sobre cinema. Para finalizar, colocaremos que a partir do estabelecimento dessas relações,  ampliam-se as possibilidades de compreensão de nossos alunos, acerca da obra literária paradigma, bem como da sua transposição para a linguagem cinematográfica. Em acréscimo, nossos alunos poderão apropriar-se de conhecimentos adjacentes, oriundos desses estudos, como o contexto histórico, político, social e cultural em que as obras estão inseridas.

Palavras chaves: Macunaíma, literatura, cinema.

AS ESTRATÉGIAS METACOGNITIVAS PARA A LEITURA DE MENUS

Tamie Aguilera Watanabe – Universidade Cruzeiro do Sul

A comunicação tem por objetivo apresentar resultados parciais de pesquisa que explora o conceito de estratégias metacognitivas necessárias para a leitura de menus. Para tanto, utilizamos de estratégias de leitura propostas por Kleiman (2000), as estratégias sociocognitivas e a produção de sentido para o texto exploradas por  Koch e Elias (2006). O corpus de análise desta comunicação consiste em um recorte do menu de sobremesas do restaurante América, em que há uma parte reservada para o Frozen Yogurt . As análises procuram mostrar como os diversos tipos de estratégias e conhecimentos necessários para a construção dos sentidos e realização de uma leitura eficiente, que auxilie o cliente a realizar  o pedido em um restaurante de acordo com seus desejos.

Palavras Chave: Menu. Leitura. Estratégias metacognitivas.

Ensino de Língua Portuguesa e programas curriculares: Uma PESQUISA COM professores do ensino fundamental

Profa. Dra. Tânia Guedes Magalhães
Professora da FACED/UFJF
Grupo de Pesquisa FALE

Ariane Alhadas Cordeiro
Bruna dos Anjos da Costa Crespo
Alunas do curso de Letras – Bolsista da Pesquisa “Gêneros textuais: entraves e perspectivas”
Grupo de Pesquisa FALE – FACED/UFJF

Temos visto que, ao longo das últimas décadas, o trabalho com os gêneros textuais no ensino de Língua Portuguesa tem sido foco de diversas pesquisas. Em vista disso, desenvolvemos, em 2007/2008, uma pesquisa colaborativa (Botelho e Magalhães, 2011) em uma escola municipal da cidade de Juiz de Fora (MG), em que foi construído um Programa de Ensino de Língua Portuguesa baseado em gêneros textuais (MARCUSCHI, 2003; SCHNEUWLY e DOLZ, 2004). Tal construção, solicitada pela própria escola, envolveu professores de diversas áreas, sobretudo os de Língua Portuguesa, coordenadores e direção. Dois anos mais tarde, retornamos à escola para verificar, em uma nova investigação, intitulada “Gêneros textuais: entraves e perspectivas” de que forma o corpo docente tem utilizado o documento.  Assim, este trabalho apresenta resultados parciais dessa pesquisa desenvolvida em 2010/2011 (financiamento FAPEMIG e UFJF). Aliamo-nos a uma perspectiva qualitativa, utilizando como metodologia um estudo exploratório. Realizamos, primeiramente, um apanhado teórico das principais diretrizes da Linguística Aplicada sobre o Ensino de Língua Portuguesa. Posteriormente, realizamos entrevistas semiestruturadas com os professores de Língua Portuguesa da escola, tendo participado ou não da elaboração do Programa. Após a análise dos dados, percebemos lacunas na formação do corpo docente para o trabalho com gêneros textuais, principalmente. Desse modo, os resultados nos encaminharão para o desenvolvimento de pesquisas colaborativas, que englobam a formação continuada de professores, enfocando o trabalho com a leitura e com a escrita na escola numa perspectiva discursiva de linguagem.

Palavras-chave: Programa de Língua Portuguesa, Gêneros textuais, Formação de professores. 


 

O ENSINO DE GRAMÁTICA E O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA NA PRODUÇÃO TEXTUAL
Tânia Sandroni
 UNIP e Colégio Santa Cruz

A mudança de paradigma no ensino da Língua Portuguesa, na segunda metade do século XX, colocou, em muitas escolas, a gramática em segundo plano. Contudo, muitos problemas de coesão e coerência, encontrados nas redações de alunos do Ensino Médio, têm origem no desconhecimento das regras de sintaxe. Esses problemas comprometem a competência linguística dos alunos e sua inserção mais ampla na sociedade. Pretende-se destacar a importância do ensino de gramática nas escolas como forma de permitir que os alunos se tornem sujeitos capacitados na produção textual. O não domínio da gramática  compromete a articulação das ideias no texto escrito. Sem abandonar a visão da linguagem como interação, é também necessário o ensino da gramática na escola. Esta discussão torna-se necessária, pois é comum a queixa de que os alunos têm dificuldade, principalmente, na articulação das orações e dos períodos. Entretanto, as razões para essa realidade poucas vezes são atribuídas ao desconhecimento das regras sintáticas. A pesquisa baseia-se na análise de  trechos de produções de alunos no Ensino Médio e em processos seletivos  e na revisão bibliográfica de importantes estudiosos, como Travaglia, Perini e Bechara.

Palavras-chave: ensino, gramática, produção textual.

A AULA DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS: DÚVIDAS IMPREVISÍVEIS

Thaís Helena Affonso Verdolini (UPM)

A procura pelo aprendizado de língua portuguesa por estrangeiros vindos ao Brasil – país essencialmente monolíngue – tem crescido notavelmente, enquanto a complexidade do processo de ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira continua a constituir um desafio significativo. Quando se aprende uma nova língua, não se aprendem apenas novas palavras, sons e regras, mas também novas formas de se ver o mundo. Nesse processo, o aluno utiliza os conhecimentos adquiridos na aprendizagem de sua língua materna – e de outras línguas estrangeiras que talvez já saiba – no que tange a estruturas gramaticais, processos de discursivização, formas lexicais etc. para atingir seus objetivos comunicativos. Em turmas com múltiplas nacionalidades, essa transferência leva para a sala de aula dúvidas particulares de cada uma, as quais o professor provavelmente nunca cogitou aventar. As numerosas pesquisas da Linguística Aplicada em ensino de línguas estrangeiras mostram as mais diversas metodologias desenvolvidas em sala de aula, mas nem sempre apontam as dificuldades enfrentadas pelo professor – muitas vezes pouco preparado para ensinar sua própria língua como estrangeira. Por meio de exemplos práticos, esta exposição pretende demonstrar algumas das dúvidas que mais frequentemente despontam, além de abordar situações culturais cômicas e constrangedoras.

Palavras-chave: Português como Língua Estrangeira (PLE). Metodologia de PLE. Contrastes culturais.

 

AUMENTATIVOS E DIMINUTIVOS EM PORTUGUÊS ARCAICO: DISCUSSÃO SOBRE O ESTATUTO PROSÓDICO DESSAS FORMAS

Thais Holanda de Abreu (UNESP/Araraquara)

Esta comunicação objetiva analisar o estatuto prosódico dos aumentativos e diminutivos no Português Arcaico (PA) como formas simples ou compostas, a partir da observação dos fenômenos prosódicos desencadeados pelo processo morfofonológico  da  adjunção  dos  sufixos  de  grau  -inno e variações, para o diminutivo, e –on(a), para o aumentativo, no galego-português, século XIII. A análise dessas formas foi feita por meio de um corpus constituído pelas 420 cantigas religiosas em louvor à Virgem Maria, denominadas Cantigas de Santa Maria, compiladas por Afonso X, e pelas 431 cantigas de escárnio e maldizer, contidas nos cancioneiros profanos. A metodologia deste estudo é similar à proposta por Massini-Cagliari em seus trabalhos de 1995 e 2005 - por meio da escansão dos versos em que se encontram as ocorrências mapeadas pudemos localizar o acento poético e, consequentemente, o acento nas palavras, facilitando a investigação da estrutura prosódica dos nomes aumentativos e diminutivos no período arcaico de nossa língua. Após o mapeamento das ocorrências, foram investigadas algumas propriedades dos diminutivos e dos aumentativos sob a ótica da Fonologia Lexical e da Fonologia Prosódica. A partir disso, pudemos concluir que tanto as formas aumentativas como as formas diminutivas em -inn(o,a) são formas simples, visto que a Regra de Atribuição de Acento nessas formas ocorre em seu interior. Por outro lado, nos diminutivos em -cinn(o,a) a Regra de Atribuição do Acento é aplicada entre estruturas morfológicas independentes, pois -cinn(o,a) se adjunge a uma palavra “pronta e, sendo assim, temos uma forma composta (com duas palavras fonológicas).
Palavras-chave: Aumentativos; diminutivos; fenômenos prosódicos

DO SIGNIFCANTE AO SIGNIFICADO DO LEXEMA NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Vagner Aparecido de Moura (PUCSP)
Cleide Aparecida Moura (UNICSUL)

A ideologia do embranquecimento, ainda, persiste, na sociedade brasileira do século XXI, de forma velada por meio da construção do mito da democracia racial e do multiculturalismo – rubrica do símbolo da nação brasileira – que de maneira irônica, hipócrita e velada têm o intuito de apresentar um país harmonioso e que cumpre a claúsula pétrea da Constituição Federal de 1988 acerca do princípio da isonomia. No entanto, ao sermos cônscios da atual conjuntura que vive o negro na sociedade brasileira, percebemos a invisibilidade do negro nos meios de comunição, nos livros didáticos, e , além disso, a criação de estereótipos como : a marginalidade e  a lascividade os quais são reafirmadas tanto no espaço midiático como nos documentos que constituem a memória oficial do país, impossibilitando, assim, ao negro de mostrar os seus valores culturais, de conquistar o seu espaço na sociedade brasileira, a sua dignidade em prol de fazer valer o principio da isonomia, previsto na Constituição Federal de 1988.
Considerando esse contexto, pretende-se, neste artigo, discutir o conceito do lexema  negro por viés histórico e antropológico, o qual nos permitirá a abordar , por meio do embasamento teórico de Munanga (2004),  Hofbauer (2006) , o conceito de cor de pele na Antiguidade e no medievo e na Era dos descobrimentos; de raça, como categoria cientifica; de racismo, na atualidade; de etnia com o propósito de  discutir as imbricações desses conceito na formação do povo brasileiro, por intermédio de uma sequência didática, de acordo com  Dolz & Schnewly (2004).   
        
PALAVRA CHAVE: negro; identidade; visibilidade; invisibilidade 

A INTERNET E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA:
UMA CONEXÃO POSSÍVEL

Valter Zotto de Andrade
(Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba)

Este artigo apresenta alguns resultados de discussões feitas na disciplina Escola, Professor e Novas Tecnologias, do PPGE, Programa de Pós-graduação em Educação, da UFPR, que direciona suas atividades e reflexões para melhor compreender conceitos relacionados à tecnologia e sua aplicação na educação. Propõem-se aqui alternativas de trabalho nas aulas de língua portuguesa com o objetivo de instrumentalizar o professor para a utilização das NTIC (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação). Este estudo se justifica tendo em vista a necessidade de se agregarem as inúmeras possibilidades que a tecnologia oferece ao trabalho do professor. As atividades sugeridas têm a internet como fonte de pesquisa e entende-se que esse espaço virtual deva, de forma cada vez mais frequente e sistematizada, ser explorado para o ensino do português, no que tange à ampliação de vocabulário, à ampliação do universo da leitura, à produção textual e ao trabalho com a oralidade. As atividades propostas são embasadas pelos PCN e por reflexões de estudiosos que discutem o ensino de língua portuguesa, tais como FIORIN & SAVIANI (2002), KLEIN & CAVAZOTTI (2006), GOMES ( 2007),  CAGLIARI (2008),  bem como de autores que abordam temas relacionados à mudança na relação com os saberes, provocada pelas NTIC, tais como LEVI (1999), VOSGERAU (2007) e BRITO & PURIFICAÇÃO (2008).

Palavras-chave: língua portuguesa – ensino – tecnologia 

 

UM OLHAR SEMIÓTICO SOBRE A PERSONAGEM TATIANA LÁRIN DE
ALEXANDR PUSHKIN

Vanda Bartalini BARUFFALDI (Unifieo)

O modelo  greimasiano  para a produção dos sentidos de um texto percorre um esquema gerativo que parte de um nível profundo para chegar a um mais superficial. O que se pretende fazer neste artigo é mostrar que, para a construção de uma personagem, o mesmo trajeto pode ser seguido, ou seja, é possível partir de uma oposição fundamental, genérica e abstrata, para chegar a um nível mais superficial e concreto. A fim de constatar a premissa, será analisada a composição da personagem Tatiana Lárin, do romance Eugênio Oneguin, de Alexander Puchkin. A leitura da obra do romancista russo – quase toda ela escrita em debreagem enunciva -  leva a crer que a figura central feminina apresenta, em sua base, o binômio singularidade x trivialidade. O autor opta pelo eixo da singularidade, conforme provam as conjunções estabelecidas entre Tatiana e valores como solidão - ainda quando menina - ou nobreza de caráter, quando já adulta. São relações que se mantêm por toda a obra e indicam que a personagem emergirá como um ser pouco comum, de comportamento peculiar, em oposição à trivialidade verificada na construção de outras personalidades que, sem serem vulgares, possuem perfis mais estandardizados.  As pequenas modificações que se fazem na trajetória de Tatiana – caso das paixões decorrentes de seu envolvimento com Oneguin - não alteram a estrutura fundamental de seu éthos, que mantém equilibradas as relações entre o ser e o parecer, tornando-a uma figura sui generis entre as demais protagonistas de produções literárias.
Palavras-chave: semiótica greimasiana; construção de personagem; Tatiana Lárin.

 

O RECONHECIMENTO DO SUFIXO –MÓS NA GRAMMATICA PORTUGUEZA
 DE JÚLIO RIBEIRO, EM 1881.

Vanderlei Gianastacio (FFLCH-USP)

Ao estudar derivação sufixal, os autores atuais das gramáticas de língua portuguesa, classificam o sufixo –ismo como formador de ação, estado, qualidade, sistema e doutrina. Informam que sua origem é no grego e passou para o latim por meio dos autores cristãos. O problema nessa pesquisa, usando como exemplo consiste em observar a ausência de uma abordagem acerca da etimologia desse sufixo, e por isso, essa justifica-se pela falta de informações acerca da diferença entre o sufixo –mós, na língua grega e o sufixo ­–ismus, no latim.
Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa é demonstrar o porquê dos registros ­–mós, -ismus  e  ismós para o mesmo sufixo, -ismo. Considerou-se a obra de Graça Maria Oliveira Silva Rio-Torto, Morfologia derivacional: teoria e aplicação ao português (1998), como referencial teórico, visto que ela apresenta informações de análise semântica na formação de palavras. Com conceito de sufixo que ela fornece, observou-se na história das gramáticas de línguas portuguesa, a partir das que estão registradas na obra de Simão Cardoso, Historiografia Gramatical (1500 – 1920), o primeiro registro do sufixo –ismo. Nessa gramáticas, ou seja, de Fernão de Oliveira até a de Júlio Ribeiro, não foi encontrado o sufixo –ismo. Já nesta, somente esse autor fez menção da etimologia do sufixo –ismo, recorrendo ao grego e explicando o uso do –izo no verbos desta língua. Para os demais autores, o sufixo –ismo tem sua origem na língua grega, sufixo –ismos, fato incorreto, pois no grego, o sufixo é –mós e não –ismós.
Palavras-chave: Gramática; História; Sufixo.

O LEITOR POUCO PROFICIENTE COMO PÚBLICO-ALVO
EM UM ESTUDO TERMINOLÓGICO PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Vilma de Fátima Soares (FFLCH/USP)

Este estudo é parte da pesquisa que resultou na Dissertação de Mestrado, apresentada em setembro de 2009, para a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, com o seguinte tema “Estudo terminológico de espécies arbóreas: uma proposta para popularização do conhecimento - do científico ao popular”.
O nosso recorte, para esta apresentação, foi feito dentro do capítulo “O Público-alvo: considerações sobre o letramento no Brasil e a proficiência do leitor”, que demonstra a necessidade da elaboração de textos mais acessíveis, direcionados ao público leitor pouco proficiente que, como demonstra o INAF (2005/2007), é a maioria do povo brasileiro, um público excluído pela linguagem a ter acesso à informação e ao conhecimento.
Consideramos para isso, os estudos terminológicos e lexicológicos de Cabré, Barbosa, Alves e Barros (1999-2008); os estudos sobre textos e leitores de Kato (1985), Kleiman (2007) e Bocchini (2006); e o Índice de Letramento no Brasil (INAF 2005/2007).
Como metodologia, traçamos a seguinte trajetória: identificação das características do público leitor; o processamento em leitura e os processos de decodificação do leitor pouco proficiente em comparação ao leitor proficiente; a transcodificação da linguagem do científico ao popular, considerando os eixos sintagmático e paradigmático.
Em conclusão, constatamos, através da elaboração de um Catálogo de Espécies Arbóreas para Educação Ambiental, que é possível escrever para o leitor pouco proficiente, de forma consciente, dentro de parâmetros estabelecidos, considerando as limitações de seu vocabulário, assim como seu processo de leitura.
Palavras-chave: Terminologia, Letramento, Leitor

 

PORTUGUÊS PARA FINS ESPECÍFICOS E SEU ENSINO NO CURSO TÉCNICO DE CONTABILIDADE

Vilmária Gil dos Santos –  PUC/SP

Como “ensinar” Língua Portuguesa em cursos para  fins específicos? São cursos destinados a áreas específicas, em que os alunos apresentam dificuldades e necessidades particulares. Em geral, são propostos muitos dos conteúdos que, normalmente, são ensinados no ensino médio, ou até no ensino fundamental, por exemplo, pontuação, morfologia, sintaxe, coerência, coesão. Considerando que se trata de alunos que já concluíram o ensino médio e já estudaram tais conteúdos, acreditamos não fazer sentido ensinar a língua portuguesa da mesma forma tradicional. Nossos objetivos nessa pesquisa são identificar e analisar dificuldades de leitura e produção de textos de alunos da área contábil e propor estratégias adequadas à superação das dificuldades identificadas por meio de uma Análise de Necessidades. A metodologia é de natureza qualitativa e situa-se na pesquisa-ação, ou seja, docente e pesquisadora. Como base teórica, utilizamos a Linguística Textual, a teoria dos Gêneros Textuais e do ensino para fins específicos, esta última tratada não como uma metodologia de ensino e sim, como uma abordagem de ensino, se valendo de estudos teóricos e práticos que possam ser aplicados a áreas específicas. Os resultados mostram que a Análise de Necessidades é parte fundamental para um ensino de qualidade em cursos para fins específicos.
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa; fins específicos; análise de necessidades.


LÍNGUA PORTUGUESA: SYNTAXE E CONSTRUCÇÃO DA LINGUA PORTUGUEZA,
DE THOMAS DA SILVA BRANDÃO, EM UMA PERSPECTIVA HISTORIOGRÁFICA

Wemylla dos Santos de Jesus– UEMA – PIBEX
Sônia Maria Nogueira– IP-PUC/SP – UEMA

Essa pesquisa reflete sobre o processo de ensino da Língua Portuguesa, no Brasil, na segunda metade do século XIX. Buscamos traçar o percurso historiográfico no ensino, tomando como corpus a obra de estudo Syntaxe e construcção da Lingua Portugueza, de Thomas da Silva Brandão (1888). Nessa perspectiva, embasamos nosso estudo em Historiografia Linguística, especificamente, com Köener (1996), partindo dos seus três princípios: contextualização, que trata de traçar o clima de opinião, ou espírito da época, imanência, que busca estabelecer um quadro geral da teoria e da terminologia usada nas obras e, adequação, que trata de introduzir aproximações modernas do vocabulário técnico, passando à análise. Assim sendo, para a adequação, utilizamos a obra de estudo Novas lições de análise sintática, de Adriano da Gama Kury (1984), a fim de contribuir ao enriquecimento do ensino de Língua Portuguesa, em Imperatriz/MA.Assim sendo, aHistoriografia Linguística torna-se fundamental ao estudo da Língua Portuguesa, uma vez que serve como base às informações gramaticais que temos hoje, por isso, a HL não pode ser desprezada aos pesquisadores da própria língua. A presente pesquisa encontra-se em seu estágio inicial.
PALAVRAS-CHAVE: Língua Portuguesa, Historiografia Linguística, ensino.

 

A CADA MODALIDADE, UMA IDENTIDADE: PORTUGUÊS MOÇAMBICANO

Beatriz Pereira de Santana (FMU)

Ao observar os países que vivenciaram o imperialismo português, nota-se a presença da língua bem como a influência da cultura e da religião portuguesa nos costumes dos povos colonizados, apesar da complexidade e singularidade de cada um desses povos. Logo, percebe-se que são os fatos históricos, linguísticos e culturais ocorridos ao longo do período colonial que permitiram construir simbolicamente o que atualmente denominamos de universo lusófono. Nesse espaço simbólico, Moçambique é um país que se destaca pela sua pluralidade linguística, com cerca de vinte línguas autóctones. Diante desse contexto moçambicano, esta comunicação tem como objetivo principal verificar em que medida a língua portuguesa tem sido (ou não), desde a sua implantação, elemento coesivo e identitário junto ao povo moçambicano. Para tanto, inicialmente apresentaremos o processo de implantação da língua portuguesa em Moçambique, com base nos estudos de Lopes (2004), Firmino (2002) e Gonçalves (2000), linguistas moçambicanos que versam sobre a língua portuguesa em/de Moçambique. Ainda, com base nesses autores, demonstraremos como o português assume e integra na sua estrutura características da cultura moçambicana, apontando, portanto, para uma nova modalidade do português e, consequentemente, uma nova identidade linguística moçambicana.

Palavras-chave: identidade linguística; língua portuguesa; Moçambique.

 

A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE LUSOFONIA EM UMA COLEÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO

Bruno Tateishi (PUC-SP).
(Mestrando em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem – Orientadora: Profa. Dra. Elisabeth Brait)

Apoiando-se em uma proposta dialógica do ensino de literatura, os autores da coleção Português: Linguagens, William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, estabelecem uma crítica à historiografia literária e propõem exercício sem que há o diálogo entre textos de literatura brasileira e diferentes linguagens e diálogo entre textos de literatura brasileira e outras literaturas. Na seção denominada Diálogos, portanto, os autores também constroem relações entre textos de nossa literatura e textos de literaturas de expressão em língua portuguesa, permitindo, ainda que de forma indireta, reflexões em torno da ideia de lusofonia. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo examinar como se dá a construção da ideia de lusofonia na coleção de livros didáticos Português:Linguagens do Ensino Médio. Para tanto, realizou-se uma breve definição do conceito de lusofonia e a sua importância para a constituição da identidade dos povos que falam o português. Por sua vez, a definição dos conceitos de diálogo e alteridade, segundo desenvolvidos por Bakhtin e o Círculo, foi realizada com o intuito de se compreender a proposta dialógica de ensino de literatura desenvolvida por Cereja e Magalhães em sua obra. Por último, foram analisados os exercícios propostos na seção Diálogos, dando enfoque àqueles que tratam do diálogo entre a literatura brasileira e as literaturas de expressão em língua portuguesa. Esta análise permitiu verificar como os autores da coleção, por meio desta proposta dialógica, constroem, além de uma nova forma de pensar o estudo de literatura, uma reflexão sobre a lusofonia.

Palavras-chave: Lusofonia; analise dialógica do discurso; livros didáticos.

 

ASPECTOS DA LUSOFONIA EM ANGOLA E MOÇAMBIQUE

Christianne Gally(PUC-SP)

Considerando a lusofonia como um “espaço simbólico e político”, um “espaço enunciativo da diversidade, das diferentes feições que o português foi assumindo nos diferentes países em que é falado (FIORIN, 2006), esta comunicação pretende analisar, a partir de duas canções de países diferentes –Angola e Moçambique –, as representações culturais aí contidas, uma vez que “pensar a lusofonia é, igualmente, pensar na função que o português desempenha em cada um dos contextos de sua ‘oficialidade’”, é “pensar numa área cultural lusófona, considerando história, ritos, mitos, costumes, valores... e todos os demais elementos que colaboram com a construção identitária de casa país onde também se fala o português”.( BRITO & BASTOS, 2007). O fator histórico é a chave para entender não só o processo de “adaptação” da língua portuguesa nos países colonizados como também a relação do indivíduo com o sentimento de pertencimento a sua realidade cultural. Angola não é o único país que busca sua identidade linguística: Moçambique, apesar de ter a língua portuguesa como oficial e símbolo da unidade nacional e de integridade do território, não a vê como representante “legítima” de sua nação, e, por isso, não aceitam a expressão lusofonia para designá-los. O discurso de unificação linguística dos países lusófonos, portanto, só será possível quando se levar em consideração as facetas identitárias, construídas por cada nação para expressar a sua diversidade, a sua multiplicidade.

Palavras-chave: lusofonia, Moçambique, Angola.

AS INFLUÊNCIAS AFRICANAS NA FORMAÇÃO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: BANTO UMA DAS VERTENTES DA LÍNGUA PORTUGUESA FALADA NO BRASIL

Elidiane de Farías; Eronita Figueiredo Cotta de Lucena; Michelle Ribeira de Oliveira.  (Uniítalo ; Uniítalo; Mackenzie )

A pesquisa apresentada é resultante do trabalho de conclusão de curso, cujo objetivo principal destina-se apresentar um breve estudo da influência das línguas africanas na formação do português brasileiro. Foi feito um retorno ao tempo para verificar como surgiram os primeiros contatos entre africanos e brasileiros para que pudéssemos constatar tal proximidade com nossa língua. O quimbundo uma das principais línguas bantas falada no Brasil foi escolhido para este estudo devido a sua maior influência ou presença nas regiões que tiveram os primeiros contatos com os negros no país. Dentre os autores utilizados destacam-se a contribuição de Fernández, Caniato, Rodrigues, Petter e Fiorin, que muitos esclarecimentos trouxeram ao tema abordado. Como procedimento de pesquisa, foi escolhida a metodologia de análise a Linguística Contrastiva ou Comparativa e a partir da leitura dos contos do livro Luuanda, de José Luandino Vieira utilizado como corpus de pesquisa por meio da análise semântica, morfológica, sintática e lexical comprovar tais influências nos resultados preliminares. Podemos concluir com este trabalho que a língua africana estudada teve influência na formação do português brasileiro e verificamos tal fato por meio de palavras presentes e utilizadas em nosso léxico até os dias atuais.

Palavras chaves: África – Quimbundo - Brasil

DOCUMENTOS OFICIAIS PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISE DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO

Silvana Schwab do Nascimento – UFSM

Esta pesquisa tem como objetivo analisar o processo de elaboração dos documentos oficiais para o ensino de língua portuguesa produzidos no estado do Rio Grande do Sul no período de 1990 a 2010. Esse processo de elaboração inclui, além da análise dos documentos propriamente ditos, a investigação do que relatam, por meio de entrevistas, seus elaboradores no sentido de cotejar o discurso desses elaboradores com o produto resultante dessa elaboração. Neste estudo, assumimos a perspectiva teórica sócio-histórica bakhtiniana a partir da qual, ao tratar da verdadeira substância da língua, Bakhtin/Voloshinov (1929/2006) pontuam que esta é constituída pelo fenômeno social da interação verbal, realizada por meio da enunciação ou das enunciações. Até o presente momento, analisamos textos presentes no documento “Educação para crescer – Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino (1991-1995)”. Esses textos analisados nos permitiram observar como se organiza o discurso do documento oficial no que diz respeito à concepção de linguagem, levando em conta seu leitor (no caso, professores da rede pública) e como é apresentada a imagem desse professor no próprio documento. Também analisamos alguns relatos de elaboradores desses documentos. Nesse sentido, esta pesquisa vem contribuir para que se conheçam sentidos outros que constituem esses documentoss. É tentar compreender uma história que foi se construindo sobre o ensino da língua portuguesa e mostrar vozes que fizeram parte dessa história, seja do ponto de vista das posições teórico-metodológicas defendidas, seja do ponto de vista das tensões e relações que se estabeleceram no processo de construção desses documentos. 

Palavras-chave: documentos oficiais; ensino; língua portuguesa

O PROCESSO DE ENSINAR E APRENDER A LÍNGUA PORTUGUESA EM CONTEXTOS EDUCATIVOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA EM CABO VERDE

Marina Graziela Feldmann - PUCSP
Maria dos Reis Moreno Tavares - PUCSP

Resumo

Este texto sintetiza o resultado da pesquisa realizada no âmbito do Convenio Internacional entre o Programa Educação: Currículo da PUCSP e “L’Institut pour Développement et l’Éducation des Adultes”, Genebra. O objetivo foi analisar o significado do Crioulo e Língua Portuguesa em contextos educativos, partindo-se dos processos de práticas de produção de textos escritos em língua portuguesa por usuários da língua cabo-verdiana, o Crioulo. A pesquisa justificou-se pelo fato de que em Cabo Verde toda a comunicação oral cotidiana é feita em Crioulo, enquanto que os processos e práticas de ensinar e aprender acontecem em língua portuguesa, a língua oficial do país. A metodologia utilizada foi a da abordagem qualitativa. A pergunta norteadora foi: como está sendo ensinada a língua portuguesa na educação básica, visto que os aprendizes apresentam muitas dificuldades na produção de textos que dariam acesso à compreensão, produção e apropriação de novos conhecimentos? Os pressupostos teóricos estão fundamentados nas obras de Veiga (2004), Feldmann (2009), Sacristán (2001). O estudo revelou que durante a produção de textos em grupo, sobre um determinado conteúdo de aprendizagem, os estudantes utilizam a língua materna enquanto a língua portuguesa para a redação do texto escrito. Observou-se que a língua oficial que deveria ser utilizada na educação, está sendo secundarizada em relação ao crioulo, uma vez que pouco/ou nada se usa na comunicação oral.  A competência comunicativa que deve ser desenvolvida pelos estudantes a fim deles se apropriarem da língua para uso em contextos educativos diversificados precisa ser discutida e repensada.

Palavras-chave: Crioulo. Língua e comunicação bilíngue. Processo de ensinar e de aprender


 

ASPECTOS DA POLÍTICA LINGUISTICA PRESENTE NO GÊNERO RECEITA CULINÁRIA EM PORTUGAL, BRASIL E MOÇAMBIQUE DO SÉCULO XVI AO SÉCULO XX

        Nancy A. Arakaki (IP/PUC/SP – Faculdade Sumaré)  
        Raquel Diniz (PUC/SP)

Pretendemos demonstrar que o registro do gênero receitas culinárias sustentam políticas linguísticas implantadas no Brasil e em Moçambique à época em que Portugal mantinha o governo nesses países. Sob tal perspectiva, escolhemos como corpus a receita culinária da tradicional “canja de galinha”.

Sustentamos aqui a hipótese de que a instauração de políticas linguísticas no Brasil e em Moçambique assegura a identidade cultural européia firmando-se pela divulgação do Português como língua de unidade nacional. Afora isto, as políticas linguísticas mantêm e promovem o sentimento de pertença e de integração dos indivíduos que compõem a comunidade dos falantes de Português. E, por tratar-se de comunidades localizadas em três continentes – Europa – América do Sul – África Austral – é imprescindível que a descrição dessas políticas linguísticas abarque um viés sobre o conceito de lusofonia.

Sendo assim, verificamos que a chegada dos portugueses ao Brasil e a Moçambique trouxe não só a língua portuguesa, mas também a cultura europeia. O termo “congee” oriundo da cultura chinesa ou indiana entra para o léxico português e adquire a pronúncia lusitana seguindo à tradicional orientação de Fernão de Oliveira (1536) da necessidade de se “amansar a palavra estrangeira”. Para além disto, as receitas culinárias foram meios eficazes para difusão e implantação da Língua Portuguesa nas colônias.

Concluímos que língua e cultura identificam povos e mantém certa uniformidade na diversidade desses países: Brasil, Moçambique e Portugal.

 

O ENSINO DE PLE NO TIMOR-LESTE: AVALIAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DA COOPERAÇÃO BRASILEIRA DO PQLP 2012.

Silvia Inês Coneglian Carrilho de Vasconcelos (DLLV-UFSC)
Rosilene de Melo (CAPES-TIMOR-LESTE)
Suillan Miguez Gonzalez (CAPES-TIMOR-LESTE)
Maria Irone de Andrade (CAPES-TIMOR-LESTE)

Nesta comunicação apresentamos reflexões e resultados acerca do trabalho desenvolvido na preparação de bolsistas do Ministério da Educação de Timor-Leste (ME), para cursar licenciaturas e pós-graduação no Brasil, pelas professoras do Programa de Qualificação de Docentes e Língua Portuguesa em Timor Leste (PQLP) 2012, da Cooperação Brasileira (CAPES-MEC-TIMOR-LESTE-ME), coordenado pela UFSC. A necessidade detectada pelo ME esteve relacionada à carência dos bolsistas a respeito de conhecimentos pertinentes à Língua Portuguesa e à Cultura Brasileira, já que foram aprovados em programas de pós-graduação nas universidades do Brasil. A proposta do Curso Preparatório de Língua Portuguesa e de Cultura Brasileira (CPLC) de caráter intensivo, visou preparar os bolsistas em relação ao desenvolvimento de habilidades específicas sobre o uso da língua portuguesa, a conhecimentos gerais sobre o País, sobre aspectos socioculturais e questões pertinentes à vida acadêmica a fim de promover melhor e mais rápida adaptação dos timorenses no Brasil e nas universidades. Para desenvolver as atividades, o projeto fundamentou-se na abordagem sociointeracionista e contou com aulas expositivo-dialogadas e com dinâmicas em grupo, apoiadas em vídeos, músicas, socialização de experiências prévias bem como o uso de diários e leitura de livros da literatura brasileira contemporânea. Os registros das atividades indicam que: a) houve envolvimento efetivo dos bolsistas em relação ao uso da língua; b) um aumento significativo das habilidades comunicativas em língua portuguesa; c) ampliação notável em referência aos conhecimentos geográficos e gerais do Brasil e seu devido cotejamento em relação ao Timor-Leste.

Palavras-chave: Português como língua estrangeira, Timor-Leste, cooperação brasileira

 

VARIAÇÃO VERBAL NÃO NORMATIVA POR FALANTES ELITIZADOS: UMA QUESTÃO DIACRÔNICA E SINCRÔNICA PÓS-MODERNA

Ana Lucia Pedrazzi – Centro Universitário Estácio Radial de São Paulo

Muito se discute acerca das variações linguísticas estigmatizadas por falantes pertencentes a grupos sociais desfavorecidos economicamente e com pouca escolaridade. Defende-se ainda a variação da fala de um indivíduo dentro de determinado grupo social para que, utilizando uma linguagem adequada àquele, seja aceito por ele. No entanto, o que se pretende expor neste trabalho é a questão ligada ao uso de uma variante considerada estigmatizada – a conjugação verbal da 3ª. pessoa do plural como 3ª. pessoa do singular – em discursos proferidos por falantes com nível superior de educação, que conhecem a norma culta, a receptores com as mesmas características socais e educacionais, em contextos nos quais se exige como linguagem adequada a padrão.

Observando a transgressão acometida por jornalistas, engenheiros e professores universitários, e por uma nutricionista em entrevista à mídia, questionou-se, após o discurso, o porquê da variação estigmatizada utilizada. Aos que puderam ser questionados, alguns negaram piamente o uso gramaticalmente incorreto; outros alegaram "relapsos", distração ou pressa.

Partindo destas observações e de estudos diacrônicos de que as línguas de origem indo-europeia possuem uma tendência a se tornarem mais simples em sua estrutura, e observando as características sociais atuais, conclui-se que a urgência na comunicação, a pressa e a impaciência, bem como o individualismo, frutos de uma sociedade pós-moderna, fazem com que, sem percebermos, utilizemos uma linguagem menos rebuscada e voltada para o individual. Ou seja, os falantes em questão acabam por conjugar a 3ª.pessoa do plural com desinência no singular porque pensam no único e não no coletivo.

Palavras-chave: variação linguística, diacronia, pós-modernismo

Uniítalo – Centro Universitário Ítalo Brasileiro

Mestrando do programa pós-graduação do curso de Letras - Linguística