O ‘FALAR’ DOS NIPO-BRASILEIROS DO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DO ASPECTO SEMÂNTICO-LEXICAL
Yuko Takano (USP)



O estudo da linguagem focaliza o uso em seu habitat e analisa os fenômenos que surgem em decorrência das relações entre língua, homem e a sociedade. A língua representa um instrumento de identificação tanto das comunidades lingüísticas quanto de sua identidade lingüística. Fishman (1971) argumenta que a língua é o símbolo da etnicidade. A história linguística da comunidade transplantada mostra que o falante em contato com outros grupos sociais e lingüísticos acaba desenvolvendo um fenômeno lingüístico atípico. A comunidade nipo-brasileira em cem anos de imigração seguiu a sua evolução, adaptando a língua de origem e criando uma nova variação lingüística que ora denominamos de variante nipo-brasileira. O repertório lingüístico destes falantes retrata a história, as culturas, as ideologias e os hábitos, os quais vão se incorporando no falar e na construção de identidade nikkei. Trata-se, portanto, de um fenômeno que evidencia a presença de dois universos linguísticos que se compartilham e se intercalam no plano conceitual, o qual é revelado nas entrelinhas do seu léxico. Propomos investigar o comportamento semântico-lexical dos bilíngües nipo-brasileiros do Distrito Federal. Para este estudo seguimos a orientação teórico\metodológica da Geolinguística que propicia o uso de cartas lingüísticas e de mapeamento na investigação da modalidade oral, objetivando a configuração do uso desta variante e a sua representatividade geográfica. Recorremos ao estudo dialetológico dos precursores como Alvar, Nascente, Amaral, Chambers e Trudgill e à Geolinguística de Coseriu, Aragão, Santos, Aguilera, entre outros, estes que preconizam os estudos da variação diatópica à luz dos pressupostos pluridimensionais.