“TODOS OS NOMES”, DE JOSÉ SARAMAGO: UMA ANÁLISE DO SUJEITO DO LIMIAR A PARTIR DO GROTESCO E DA CARNAVALIZAÇÃO.
Sônia Maria de Araújo Cintra (PG ME – USP)



Típica personagem do limiar, o Sr. José, ainda sem identidade formada, lembra, no início do romance, o “homem do subsolo”, o qual, segundo Bakhtin, mais pensa no que os outros podem pensar a seu respeito, ele procura antecipar-se a cada consciência dos outros, a cada idéia dos outros a seu respeito, a cada opinião sobre sua pessoa. Entre as crises que se sucedem no tempo-espaço, o Sr. José vai constituindo sua autoconsciência inacabada. As transgressões que ele comete nas variadas situações para atingir seu objetivo vão, simultaneamente, revelando seu duplo e transformando a relação com o outro, também em processo de metamorfose. Quanto à metodologia, o principal apoio teórico de que se valeu, principalmente, foram os conceitos bakhtinianos homem do subsolo, duplo, sujeito do limiar, grotesco e carnavalização. Os resultados da analise, a partir do romance “Todos os Nomes”, de José Saramago, apontam para o processo dialógico da formação de autoconsciência do sujeito limiar, em desdobramento no duplo, e as consequências disso na relação dele consigo próprio, com o outro e com o mundo. É no exame de tais questões que esta comunicação pretende deter-se.