O TRABALHO COM GÊNEROS ESCRITOS NO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA DA UNIVERSIDADE NACIONAL DO TIMOR LESTE
Simone Michelle Silvestre (UNICAMP – CAPES)



É sabido que exercitar gêneros escritos e orais diversos é imprescindível para o exercício da cidadania de qualquer sujeito e que quanto mais cedo e com maior frequência este tipo de trabalho for feito melhor. Teóricos da Escola de Genebra, como Joaquin Dolz e Bernard Schnewlly (2004), defendem que o trabalho com gêneros diversos de circulação na sociedade, além de ampliar a competência linguística e discursiva do aluno, abre-lhe inúmeras formas de participação na sociedade ao fazer uso da linguagem e democratiza-lhe o acesso e o domínio a textos diversos. Agora, como foi trabalhar com gêneros e especificidades em um contexto de ensino e aprendizagem multilíngue, como é o caso de Díli, capital do Timor-Leste, onde a Língua Portuguesa, apesar do estatuto de língua oficial, junto do Tétum, não ser falada e escrita por grande parte da população, além de ter de dividir o espaço com o inglês, a bahasa indonésia e línguas locais, e onde o trabalho com gêneros não acontece? Durante o desenvolvimento do trabalho com gêneros escritos em um curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Língua Portuguesa, oferecido pela Universidade do Timor-Lorosa´e, em cooperação com a CAPES, trabalhou-se com propostas de acesso, reconhecimento e produção de dez modalidades textuais diferentes, além da atividade de reescrita das mesmas. Ao desenvolver um trabalho com gêneros diversos de circulação no contexto urbano timorense e que possibilitassem a projeção das vozes de cidadãos atuantes, pôde-se perceber o avanço no desenvolvimento da Língua Portuguesa e no domínio das estruturas e argumentos necessários para o desabrochar do exercício da escrita democrática e cidadã.