A QUESTÃO DA IDENTIDADE NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
Silvia Cristina de Oliveira Quadros (UNASP/EC)



Neste estudo apresentamos uma reflexão sobre o ensino de língua materna e a construção da identidade. A questão que se coloca é como a identidade linguística do aluno se caracteriza em um ensino de língua materna pautado em planos de ensino em que se evidencia o fazer-docente mais que o fazer-discente? Este trabalho se constitui com base em uma pesquisa que desenvolvemos em nível de pós-doutorado, em que analisamos documentos que regulam a educação, tais como o Plano Nacional de Educação, o texto da política da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, a Proposta Pedagógica de seis escolas públicas de uma cidade da Grande São Paulo, questionários respondidos por 22 docentes e 850 textos de alunos dessas seis escolas. O objetivo desse estudo é demonstrar que o percurso dos sujeitos alunos delineados pela Proposta Pedagógica, Planos de Ensino e discurso dos docentes influenciam a constituição da identidade linguística do sujeito-aluno. A análise do corpus se realizou com base na teoria semiótica, mais especificamente, da sociossemiótica. Os resultados desse estudo apontam que o sujeito-aluno não faz uso eficiente de todas as modalidades de sua língua materna, em especial, apresenta dificuldade de manejo da norma-padrão, e sua identidade linguística permanece estagnada, por isso, encontramos pessoas que saem do contexto escolar com os mesmos parâmetros que ingressaram. Concluímos que os planos da escola e do professor precisam permitir que o aluno possa assumir as diferentes identidades linguísticas de acordo com os diferentes contextos sociais.