O CORDEL EM SALA DE AULA
Sheila Aparecida de Moraes Ibiapino Spadafora (PUC-SP)



O cordel, pertencente principalmente à cultura nordestina, depois de muito parecer “esquecido” (em especial, no universo escolar), vem sendo sugerido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e apresentado em alguns manuais didáticos de Língua Portuguesa, uma vez que os alunos devem ser expostos à pluralidade cultural. Como acreditamos que é preciso diversificar os estudos de língua, ampliando conhecimentos e resgatando nossa cultura, temos o objetivo de apresentar, nesta comunicação, um projeto, com esse gênero, que envolveu alunos do 5º ano do Ensino Fundamental de um colégio particular e privilegiou a leitura e a produção escrita. A proposta, depois das etapas de descoberta do gênero, motivação por meio de leituras e encontro com um cordelista, foi a retextualização, em cordel, do épico A Odisseia, e os resultados obtidos permitem que consideremos ser preciso que o ensino de língua materna deixe de ser visto apenas como transmissão do que é considerado culto, mas sim como forma de mostrar ao aluno formas diferentes de comunicação, que lhe ajudem a conhecer as diversas maneiras de se comunicar, as diferentes culturas, a fim de identificarem a imensa variedade dos usos da língua, respeitando as diferenças. Além disso, levam-nos, ainda, a comprovar que, quando bem estimulados, os alunos são muito capazes de produzir textos coesos, coerentes e criativos, respeitando as características do gênero estudado e seguindo a proposta do professor e seus apontamentos no decorrer do processo, o qual deve constar de revisões e reescritas, etapas primordiais para o desenvolvimento da escrita.