GEOLINGUÍSTICA, MEMÓRIA DISCURSIVA E ESCOLHAS LEXICAIS: ÁRVORE, MADEIRA OU PAU
Selma Sueli Santos Guimarães (USP)



Os estudos geolinguísticos e os atlas lingüísticos são conhecidos como instrumentos de documentação da variação diatópica em comunidades lingüísticas, em um determinado espaço de tempo sócio-histórico. Entretanto, a observação atenta das respostas dadas pelos sujeitos informantes ao questionário semântico-lexical e das notas referentes às cartas lexicais permite identificar registros da memória discursiva na qual esses sujeitos estão inscritos e da qual eles se apropriam em suas interações. Com base na Análise do Discurso de linha francesa que leva em conta o homem na sua história, considerando as condições de produção da linguagem por meio da relação entre a língua e os sujeitos que a falam e também as situações em que se produz o dizer, buscou-se, com este estudo, depreender e identificar a produção de sentidos e os registros da memória discursiva subjacente aos elementos textuais-discursivos presentes nas respostas do sujeito e também nas notas relativas às cartas lexicais. O presente trabalho focaliza as respostas a uma questão do questionário semântico-lexical utilizado no Atlas Lingüístico do Paraná, qual seja, “O que se derruba lá na mata para tirar uma tora, por exemplo?”. A análise permitiu observar que as diversas escolhas lexicais produzindo novos efeitos de sentido se constituem no registro da memória discursiva na qual se inscrevem esses sujeitos e da qual eles se apropriam em suas interações, corroborando a idéia de que o sentido se produz em um espaço social diretamente ligado à inscrição ideológica do sujeito, pois sua voz revela esse espaço social no qual ele se inscreve.