ORALIDADE E ESCRITA NO DISCURSO JORNALÍSTICO: UMA PROPOSTA ENUNCIATIVO-DISCURSIVA DE ANÁLISE
Sérgio Roberto Costa (Unincor/TC)



Na cultura letrada contemporânea, paralelo às práticas de letramentos tradicionais, deu-se o surgimento de diversos gêneros discursivos e textuais (provocado pela invenção da imprensa e de outros instrumentos culturais), como os gêneros charge, crônica, editorial e outros do discurso jornalístico, que surgiram com a criação dos pasquins, folhetins e os atuais jornais e revistas. A produção e a recepção dos gêneros da mídia escrita (imprensa) e de outras mídias (eletrônica, por exemplo) constituiriam práticas sociais de linguagem bem representativas, com características próprias e específicas dos novos instrumentos e/ou suportes de comunicação, as quais circulam em ambientes ou espaços discursivos específicos. Nesses ambientes, a interface (lugar do livre trânsito das linguagens e suas modalidades, das imagens, das multissemioses) oralidade/escrita parece se dissolver de maneira relevante. A partir das idéias acima, selecionam-se, para análise dos gêneros da mídia escrita (imprensa), uma Charge de Glauco, um Editorial e uma Crônica de Opinião de Cony, publicados na Folha de S. Paulo. A análise das práticas discursivas dialógicas presentes nesses gêneros de textos do discurso jornalístico pode ajudar a entender a “quebra” das fronteiras entre oralidade e escrita, pois podem ser observadas nesses textos escritos estratégias discursivo-interacionais próprias da oralidade, as quais se transformam em estratégias específicas de um gênero (secundário) escrito diferente que surge com o advento da mídia impressa. Essa “quebra” se realizaria, então, na interface entre oralidade/escrita, o que viria quebrar velhas regras do cartesianismo, segundo concepção sócio-histórica (Bakhtin, 1929, 1953) das práticas lingüístico-discursivas dialógicas presentes nos eventos discursivos que nos circundam.