VENENOS DE DEUS, REMÉDIOS DO DIABO DE MIA COUTO: UM DISCURSO SOBRE A IDENTIDADE NACIONAL MOÇAMBICANA.
Rúben Reis (PG ME – UFPI)



Analisa-se a o romance Venenos de Deus, remédios do Diabo, de Mia couto, procurado identificar nele um discurso sobre a identidade nacional de seu país. Partindo da formação histórica de Moçambique, com ênfase no período compreendido entre a chegada de Vasco da Gama em 1498, e o imediato pós-independência em 1975, identificam-se as origens de profundas cisões no campo das representações e no capo da configuração sócio-econômica, cisões características do país e presentes no romance. Fundamentando-se na crítica pós-colonial e nos estudos do nacionalismo na literatura, bem como nos conceitos de políticas de identidade, diáspora e narrativa de nação, reflete-se sobre a ideia de identidade nacional e analisa-se a construção dessa ideia de nação moçambicana na obra. Conclui-se que Mia Couto, intelectual diaspórico e pós-colonial, elabora uma representação da sociedade moçambicana. A construção de suas personagens se faz de tal maneira que cada uma representa uma força sociocultural politicamente ativa no Moçambique pós-colonial. Nessa construção das personagens, o autor apresenta uma visão de identidade nacional caracterizada pela diversidade, mostrando que Moçambique, um país construído sobre as ruínas de uma sociedade colonial, não pode adaptar-se a um conceito de identidade fixa, homogênea e definitiva, mas que sua identidade é constante motivo de divergências e por isso mesmo de uma viagem sem destino certo, em busca de uma identidade plural, flexível e tolerante sobretudo com a diferença.