A ENUNCIAÇÃO E O ETHOS DISCURSIVO NA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO DO MST
Rosalina Brites de Assunção (UPM)



Este trabalho se propõe verificar como se constrói a figura do sujeito que enuncia, isto é, o ethos do enunciador, tendo como referência as marcas impressas no enunciado. Selecionamos como corpus de análise o texto: O que queremos com as escolas dos assentamentos, elaborado pela equipe constituída pelos Setores de Educação e de formação do MST, publicado no Caderno de Formação nº. 18, em julho de 1991. A análise do texto fundamentou-se nos pressupostos teóricos da análise do discurso de linha francesa e da teoria da enunciação. A análise do ethos discursivo teve como suporte teórico os estudos de Dominique Maingueneau, Patrick Charaudeau e Ruth Amossy. A abordagem da teoria da enunciação que orienta este trabalho são especialmente os estudos de Émile Benveniste, Mikhail Backthin, Jacqueline Authier – Revuz e José Luis Fiorin. Em seus estudos sobre o ethos discursivo Amossy (2005: 10) considera que “a construção de uma imagem de si, peça principal da máquina retórica, está fortemente ligada à enunciação, colocada no centro da análise lingüística pelos trabalhos de Benveniste”. Os resultados preliminares apontam que o texto examinado manifesta o ethos de um guia profético e revolucionário que, orientado por uma ideologia socialista, busca persuadir seu auditório sobre a necessidade de criar-se, a partir da educação, uma nova estrutura social, na qual sejam diferentes as relações estabelecidas entre os membros, as relações com a terra e a cultura.