ESTACIONAMENTO À RÍMEL: EMPRÉSTIMOS NA PUBLICIDADE ESCRITA EM PORTUGAL
Rosa Lídia Coimbra (Universidade de Aveiro/Portugal); Urbana Pereira Bendiha (Universidade de Aveiro/Portugal)


Partindo de uma apresentação teórica da noção de empréstimo e respectiva tipologia, propomo-nos apresentar um trabalho baseado numa recolha recente (2000-2010) de anúncios publicitários escritos, publicidade comercial e institucional na imprensa portuguesa, cartazes e folhetos.
Na constituição do corpus de análise, consideramos como empréstimos em Português aqueles que constituem entradas no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, de 2001.
Os anúncios com empréstimos foram divididos em dois grandes grupos, o dos empréstimos formais e o dos empréstimos temáticos.
Uma das vertentes da pesquisa prende-se com o estudo de possíveis relações entre as línguas de origem do empréstimo e o tipo de produto ou serviço anunciado, bem como do público alvo visado.
Este fenómeno é, em especial, recorrente em certos domínios, como a moda e a estética, uma vez que trazem consigo uma certa carga de sofisticação e exotismo que o correspondente vernáculo, quando existente, não seria capaz de veicular. Assim, esta utilização de termos de origem claramente estrangeira pretende fazer emergir toda uma carga conotativa por arrastamento com a evocação de outras culturas e outros modelos socio-económicos. Consequentemente, para além de uma vertente estritamente linguística, a utilização do empréstimo incorpora uma vertente mais alargada que está relacionada com questões culturais mais amplas, acerca dos modos pelos quais evocamos a diferença, como construímos significados estereotipados à volta de outras nações e de outros povos.
“(...) lorsqu’une langue “emprunte” des mots, elle s’enrichit de mille façons” (Henriette Walter, L’Aventure des Mots Français Venues d’Ailleurs, 1997, p. 11)