ENTRE A ORTOGRAFIA E A PATOLOGIA
Mirian Aratangy Arnaut (NEAPEL- UNIFESP)
Clara Regina Brandão de Avila (NEAPEL- UNIFESP)
Maria Mercedes Saraiva Hackerott (IP-PUC-SP)


Apesar de serem bastante diferentes, as modalidades oral e escrita estabelecem um contínuo de relações. No sistema alfabético do Português do Brasil, observam-se dois tipos de regularidades: as independentes do contexto, onde há relação biunívoca entre fonema e grafema; e as dependentes do contexto, onde a relação entre fonema e letra varia de acordo com a posição na palavra ou das condições morfossintáticas. Assim, apesar da associação entre fonema e grafema exercer papel central no aprendizado da escrita, as crianças também precisam utilizar conhecimentos morfológicos e de ordenação das letras para saber escrever.
Por resultar de convenções sociais e acordos internacionais, a escrita alfabética está sujeita à normatização ortográfica. Os desvios destas regras têm sido objeto de constante preocupação de professores e fonoaudiólogos, sobretudo quando persistem ao longo das séries escolares. É preciso lembrar que ao cometer um erro ortográfico, a criança está manifestando uma reflexão sobre o sistema de escrita e muitas vezes é a partir destas manifestações que se identifica a necessidade de encaminhamento da criança para exames mais especializados ou tratamento fonaudiológico. O presente trabalho tem por objetivo analisar três descrições do sistema alfabético do Português do Brasil - LEMLE (1987), SCLIAR-CABRAL (2003), CAGLIARI (2009) - na tentativa de auxiliar no trabalho de identificação de patologias através da escrita de crianças do 4º ano do Ensino Fundamental.