O ESTUDO DA NORMA SEMÂNTICO-LEXICAL EM QUATRO MUNICÍPIOS DO LITORAL DE SÃO PAULO
Márcia Regina Teixeira da Encarnação (USP)

Nesta primeira década do século XXI, a globalização, produto da informatização que está em todos os lugares, configura-se como uma séria ameaça às diferenças, às minorias étnicas e socioculturais e aos saberes locais e regionais. Em contrapartida, esse fator modificador acaba despertando uma nova consciência a respeito da valoração das identidades culturais e linguísticas, promovendo, assim, o interesse pelo reconhecimento dos saberes tradicionais, uma vez que, necessariamente precisam ser resgatados e registrados. Torna-se, então, obrigatória a tarefa de documentar os fatos linguísticos, pois daqui a pouco já estarão apagados na memória dos falantes, uma vez que é na língua - vista aqui como a realização concreta e heterogênea - que ficam expostas as contínuas modificações que ocorrem. É ela que se amolda, a fim de acompanhar o ritmo das inovações nas mais diferentes áreas do conhecimento humano, cumprindo fielmente a sua função de expressar a realidade por meio dos signos linguísticos. Tendo em vista a relação língua - espaço físico, encaminhamos nossa pesquisa para o enfoque geolinguístico e fizemos o registro da variação lexical dos falantes de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, a fim de revelar uma norma influenciada por fatores sociais, culturais e históricos. Para tratar a norma, neste estudo, focalizamos a noção de norma pela alta frequência de uso e incidência em todos os pontos da pesquisa. Para analisar e documentar a apuração estatística das lexias encontradas baseamo-nos nos postulados da Linguística Quantitativa de Muller e em seus estudos relativos à Estatística Lexical.