ESTRUTURAÇÃO SEMÂNTICA DOS DITADOS POPULARES EM LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
Léa Dutra Costa (Colégio Técnico/ UFMG)

Enunciados como A resposta branda quebra a ira, a palavra dura suscita o furor; Infeliz o rato que só conhece um buraco e Tempo é dinheiro são conhecidas vulgarmente como provérbios ou ditados. As pessoas os sentem ou os entendem como expressão de um conhecimento resultante da experiência. Quando usados, para alguns fica uma (in)cômoda impressão de que uma lição moral fora aplicada. Enquanto ensinamento “popular”, no contexto de uso, aprenda a lição quem quiser, e se houver tempo! Noutros momentos, pode ser tarde para aprender ou pouco restar, como depreendido de “O novelário de Donga Novais”, do escritor mineiro Autran Dourado: Tem casamento que só se desfaz na eternidade, apertado nó de Deus. Mesmo os dois querendo, cão e gato, não podem se separar. E seu Donga completava rifoneiro: “casamento e mortalha no céu se talha”. E mudando para uma clave mais baixa: “xexéu e vira-bosta cada qual do outro gosta”. (DOURADO: 1989) Para alguns outros, entretanto, fica a pergunta: como se produzem e se interpretam lições em frases como estas?
Neste trabalho, a partir da perspectiva de GREIMAS (1975; 1979), BARTHES (1970), CÂMARA CASCUDO (1978) e DUCROT (1982; 1984) entre outros autores, buscamos chegar a uma resposta para essa pergunta. Discutiremos como certos caracteres formais, associados a questões relativas a referência engendram o significado de “sabedoria das nações”, de “verdades eternas e incontestáveis”.