A SUBJETIVIDADE NA LINGUAGEM: AS UNIDADES DÊITICAS
Kelly Aparecida Mendes
Nádia Cristina Varjão
(PG ME – PUC-SP)


Benveniste inicia seus estudos sobre subjetividade na linguagem no final dos anos 60 com base no momento enunciativo e nas unidades que o compõem. Nestes estudos apresenta o que ele chama de aparelho formal da enunciação, composto por unidades lingüísticas (ou dêiticas) que se organizam em torno do “sujeito” (locutor) tomado como “ponto de referência” que precisa de um alocutário para o qual falará de um objeto extralingüístico num aqui e agora. A relação feita entre locutor e língua determina os caracteres lingüísticos da enunciação. Anos mais tarde, Kerbrat-Orecchioni, utilizando-se da apresentação do aparelho formal da enunciação feita por Benveniste e dos elementos dêiticos como constituintes deste “modelo”, realiza o aprofundamento desta abordagem e apresenta relações entre as unidades dêiticas e o processo de designação dos objetos que constituem a realidade extralingüística, ou seja, como o locutor e alocutário se relacionam com o objeto que pretende-se denotar: é a função referencial da linguagem. Deste modo pretende-se, à luz dos estudos de Benveniste e Orecchioni, entender como é possível identificar essas unidades dêiticas e como estas se relacionam com aquilo a que referem. Para tanto, partimos de um trecho da obra de Saint-Exupèry “O Pequeno Príncipe”, aplicando os conceitos de maneira a propor um trabalho em sala de aula no qual seja possível observar as unidades dêiticas presentes, a relação dessas unidades com o locutor, e sua importância na compreensão e produção textual.