UM CADÁVER OUVER RÁDIO: IDENTIDADE E MORTE EM MARCOS REY
José Eduardo Botelho de Sena (PG DO – UPM)

Resumo: este ensaio analisa um dos 17 livros juvenis de Marcos Rey (1925-1999): Um cadáver ouve rádio (1983). Trata-se de um romance policial em que um grupo de adolescentes investiga a morte de um homem encontrado numa construção. A partir desse episódio, Rey conduz as personagens e o leitor a formarem a identidade desse homem em duas trajetórias que se complementam: a da morte e a da vida. O morto e o local dizem pouco sobre a natureza do crime. Resta, então, recorrer ao vivo, ao homem antes de se tornar um cadáver, para realizar a tarefa e é exatamente sobre essa linha narrativa que o romance se constrói. Os pressupostos teóricos que norteiam o presente estudo são as teorias literárias que tratam da identidade e também a estética da recepção. A análise do romance sob essas perspectivas relavam que a tentativa de atribuir um perfil identitário à vítima, seja pelos jovens investigadores do livro, seja pelos leitores de Marcos Rey, não é tarefa tão simples, pois a identidade, sobretudo de alguém já falecido, é múltipla e instável.