ARGUMENTAÇÃO, RETÓRICA E CONDIÇÕES DO JUÍZO NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
João Geraldo Martins da Cunha (UFLA/MG)
Sandro Luís da Silva (UFLA/MG)


A interdisciplinaridade constitui-se em um ato consciente dos interlocutores, ou seja, eles transitam em várias áreas do conhecimento, para, dentre vários objetivos, fazerem-se presentes na realidade. Quando se pensa em argumentação, somos remetidos à Retórica e, assim, a uma noção técnica do discurso. O ato de argumentar está ligado às noções de ato de fala, de força ilocucional e de força argumentativa. É importante ressaltar que, à medida que o indivíduo argumenta, constrói uma imagem de si mesmo para o outro. Esta comunicação objetiva socializar uma reflexão, a partir do texto Apologia de Sócrates, de Platão, sobre a constituição do ethos por meio da argumentação e as conseqüências que essa construção traz no processo de comunicação. O que há de peculiar neste texto, Apologia de Sócrates, de Platão, entre outras coisas, é a engenhosidade de um discurso de defesa que, além de não se constituir em uma defesa propriamente pessoal, acusa. Evitando a superfície, a acusação direta, o texto esquiva-se do mérito para as condições do próprio julgamento, mobilizando todos os elementos da retórica, questiona a própria retórica: quem pode julgar se algo é justo ou não? São levantados os operadores discursivos que evidenciam a consistência argumentativa do texto, o qual procura persuadir o leitor. A base teórica deste estudo, valendo-se de elementos da Filosofia e da Análise do Discurso, pauta-se nos estudos de Amossy (2004), Possenti (2001), Citelli (2001), Guimarães (1981) e Koch (1997).