DIÁLOGO DE FICÇÃO E ORALIDADE: ALGUMAS PROPOSTAS DE TRABALHO COM O TEXTO LITERÁRIO
Gil Negreiros (USP - FEPI)



Diálogos literários podem ser analisados a partir de teorias e métodos que se referem à oralidade? Se sim, como esse diálogo “construído”, escrito, pode ser discutido em sala de aula? São esses problemas que conduzem a conferência proposta. Nela, objetiva-se investigar o uso da oralidade na elaboração dos diálogos entre as personagens literárias. De forma mais precisa, busca-se definir, a partir de pressupostos teóricos da Linguística, os recursos linguístico-orais usados pelo escritor na montagem do diálogo. Também se discute como uma abordagem nesses moldes pode ser profícua em um trabalho escolar, nos níveis fundamental, médio e superior. Como corpus de análise, adota-se um conto, de autoria de Luiz Vilela. No texto escolhido, há marcas, nos diálogos produzidos, de certa “ilusão do oral”. Segue-se a perspectiva metodológica definida por Preti, que estabelece passos para uma análise atenta e cientificamente correta do fenômeno da oralidade no texto escrito literário. Descrita pelo autor como macro e microanálise das variações da linguagem, tal metodologia pode garantir um viável modelo teórico de análise da fala das personagens e dos narradores de primeira pessoa. A fim de cumprir o que propõe essa metodologia, o trabalho é dividido em três partes. Na primeira, discutem-se os referenciais teóricos que sustentam o trabalho, baseados, principalmente, na Análise da Conversação e na Sociolinguística Interacional, além de outros aspectos vinculados à Sociolinguística. Em seguida, apresenta-se o conto, escolhido como nosso corpus para, em seguida, em um terceiro passo, analisar o corpus literário, definindo como essa análise pode ser eficaz no trabalho linguístico em sala de aula.