RETOMANDO UMA POLÊMICA: CRIOULIZAÇÃO VS. DERIVA NATURAL NA GÊNESE DO PORTUGUÊS POPULAR BRASILEIRO
Fernando Vieira Peixoto Filho (PG-UFRJ)



No início deste século, ganhou corpo em alguns centros acadêmicos uma saudável discussão sobre a origem do português popular do Brasil (PPB). Rosa Mattos e Silva e Dante Lucchesi, sempre ancorados no fator histórico-social, eram alguns dos estudiosos que defendiam a hipótese da crioulização. Anthony Naro e Marta Scherre, preocupados sobretudo com aspectos morfossintáticos, pertenciam ao grupo dos que abraçavam a tese da deriva natural.
Neste trabalho, procura-se examinar os principais argumentos utilizados pelos adeptos das duas correntes. O plano é discutir algumas características marcantes do PPB, como o SN pluralizado apenas no determinante, uso do oblíquo tônico mim na função de sujeito e a concordância verbal irregular (pronome de 1ª. pessoa regendo verbo na 3ª. pessoa). É escopo também verificar o andamento das discussões nos últimos dez anos e oferecer, na medida do possível, algum posicionamento à guisa de conclusão. As perspectivas abraçadas na comunicação foram a princípio construídas por ocasião do Doutorado em Letras Vernáculas (Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002-2005). Utilizam-se como método estudos comparados sobre a história do português popular do Brasil.