OS NÓS DA ESCRITA AUTOBIOGRÁFICA: AS MÚLTIPLAS MANIFESTAÇÕES DO EU
Conceição Aparecida Bento (UMC – Villa Lobos)



A escrita autobiográfica é, muitas vezes, caracterizada pelo uso do pronome eu. É a chamada escrita do eu. O objetivo dessa comunicação é analisar e problematizar essa afirmação. Não há uma forma única do sujeito, presente nesses textos, dizer-se. Os desdobramentos assumidos e as formas escolhidas por ele para enunciar-se permitem pensar os engajamentos que esse sujeito realiza a respeito de si, dos outros e do mundo por meio da escrita. A base teórica dessa discussão será dada pelas idéias de Benveniste e Barthes. No caso de Benveniste, o interesse incide, sobretudo, nas investigações do lingüista sobre a relação do sujeito com a linguagem e nos modos como essa relação se explicita no texto. No caso de Barthes, o foco é o seu posicionamento sobre a escrita como forma de engajamento e adesão à linguagem, que, por sua vez, situa o sujeito na ficcionalização. A análise desses eixos será acompanhada por exemplos de autores brasileiros do século XX – Graciliano Ramos, Drummond, Murilo Mendes – que exercitaram a chamada escrita do eu, atualizando os seus significados e mostrando suas potencialidades.