REFERENCIAÇÃO METADISCURSIVA E CONSTRUÇÃO DO ETHOS NA CRÔNICA O RECITAL, DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
Claudio Brites (Universidade Cruzeiro do Sul)



Como se dá a relação entre enunciador e coenunciador na chamada metaliteratura (TAVARES, 2006)? Quais os recursos que o primeiro utiliza na construção de sua imagem diante do segundo? Um tópico evidente é o da escolha referencial, ou seja, como o enunciador se refere sobre o mundo, como fabrica a realidade. Pretendemos apresentar como se dá a relação entre a instância do ethos e o processo de referenciação na crônica metaliterária O recital, de Luís Fernando Veríssimo. As teorias que embasam nossa análise são: as concepções da Análise do Discurso de linha francesa, representadas por Amossy (2008) e Maingueneau (2008), relacionadas a ethos; e da Linguística textual por Mondada (2003), Jubran (2005), Morato (2005) e Koch sobre referenciação, especificamente referenciação metadiscursiva. “A peculiaridade dessa modalidade de referenciação, de estampar a gestão do processo verbal-interativo, tem sido definida como autorreflexividade discursiva, no sentido de que o discurso se dobra sobre si mesmo, constituindo-se como referência de si próprio” (JUBRAN, 2005, p. 220), sendo assim, é um há uma relação direta entre a “postura” discursiva desse tipo de referenciação e da metaliteratura, uma atitude metaenunciativa. Nosso trabalho se justifica não só pela importância dos temas aqui tratados (referenciação e ethos) para as reflexões correntes nos estudos de língua e linguagem, mas também porque são assuntos presentes em nossas pesquisas de mestrado a respeito de metaliteratura.