DISCURSO CIENTÍFICO: UMA PROPOSTA DE EXCURSÃO IMAGINÁRIA FEITA PELO BOTÂNICO FREDERICO CARLOS HOEHNE
Cileide Nogueira Lopes da Silva
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)


A presente comunicação centra-se na análise discursiva do botânico e naturalista Frederico Carlos Hoehne (1882-1959). Hoehne escreveu mais de 600 artigos científicos e de divulgação, principalmente sobre as plantas coletadas nas suas viagens e excursões. Na publicação “Iconografia de Orchidaceas do Brasil”, de 1949, no capítulo: “Onde e em que condições vegetam as Orchidaceas no Brasil (excursão mental pelo país)”, material que serviu-nos de corpus para análise, Hoehne convida o leitor a fazer a excursão. A medida que realizamos a viagem proposta, percebemos que são discutidas questões relacionadas à fitogeografia ou à proteção e uso racional da natureza. Segundo Orlandi (2004), ao trabalhar a questão do discurso de divulgação científica, o jornalista, ou o divulgador, que opera com uma tecnologia de linguagem, com o jornal, com a mídia, produz um duplo movimento de interpretação: o que é científico ao se produzir em versão jornalística desencadeia novos gestos de interpretação, produzindo um outro efeito-leitor, trata-se da passagem da metalinguagem, que é própria ao discurso científico, para a terminologia científica, deslocando seu modo de significar.
Apoiando-se em vertentes teóricas sob o ponto de vista da Análise do Discurso e, a partir de trabalhos de Orlandi (2004) sobre o efeito de “exterioridade da ciência”, buscaremos compará-lo com o encontrado no discurso de Hoehne e estabelecer se há nesse processo uma separação entre ciência e saber; se ocorre o discurso da ciência ou sobre a ciência; se o leitor do discurso de Hoehne poderá ou não tomar uma posição em relação a esse processo.