MONTEIRO LOBATO E O PROTAGONISMO INFANTIL
Celia Maria Escanfella (DO - Centro Universitário SENAC); Ana Lucia Reboledo Sanches (Especialista – Centro Universitário SENAC); Patrícia Tavares Raffaini (DO – USP); Diego Douteiro Carrion (Grad. – Centro Universitário SENAC)



Resultado de pesquisa mais ampla e transdisciplinar em torno dos estudos sobre Cultura Infantil na perspectiva dos debates sobre protagonismo infantil, este artigo tem por objetivo problematizar a relevância da correspondência trocada por Lobato com crianças na produção de sua obra infantil. Para tanto foram analisadas cartas de crianças enviadas a Monteiro Lobato, disponíveis no arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP). Observa-se nesta correspondência tanto a preocupação das crianças com os problemas nacionais como a relação estreita com o universo ficcional das obras lobatianas. Evidencia-se que o discurso infantil instigava Lobato a considerar as sugestões e pedidos de seus pequenos leitores, tornando-os, de certa forma, partícipes de sua produção. Considera-se, a partir das análises, que a inovação literária simbolizada pela obra lobatiana para crianças, é resultado tanto de sua concepção de infância e do tipo de produção que deveria ser destinada às crianças, bem como da influência exercida por sua interação permanente com as crianças. Pode-se afirmar que sua capacidade de escuta das demandas infantis permitiu-lhe uma assimilação ponderada dos anseios identitários do grupo etário para o qual sua obra se destinava.