A LINGUÍSTICA TEXTUAL E O ENSINO DE LP EM UM CONTEXTO DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Carmen Lúcia Bueno Valle (UPM)



O amplo acesso das classes populares aos bancos escolares trouxe nova configuração linguística à escola. A predominância de outro padrão linguístico, que não o da norma culta, tornou-se evidente: trata-se da variação linguística de ordem diastrática. A escola, no entanto, parece ter mantido os mesmos pressupostos teóricos norteadores de um ensino de LP voltado à elite, classe privilegiada até então no acesso à educação. Os insucessos são inevitáveis. É certo que tal cenário linguístico prescinde de uma proposta de ensino de LP que contemple estratégias de abordagem de conteúdo condizentes com a configuração da nova realidade linguística. É de fundamental importância que a escola se volte a um estudo sobre o tratamento que deve ser dado a essa variação, preservando-a, mas cumprindo sua função social de desenvolver as competências linguística e comunicativa de seus educandos, capazes de lhes possibilitar a mobilidade social. Buscou-se, assim, estabelecer uma identificação da variante não padrão utilizada, apresentando aos educandos a ordenação de outra variante: a padrão. Esse percurso fundamentou-se nos pressupostos teóricos da Linguística Textual, traduzidos em prática e por meio do estudo de textos dos mais diversos gêneros. Sem nenhuma abordagem ou emprego de nomenclatura estritamente gramatical, obteve-se um considerável avanço na apreensão e adequação de uso da norma culta, sem que se estigmatizasse a variante utilizada. Foram norteadores desse trabalho os estudos sobre variação lingüística de Marcos Bagno, Stella Bortoni-Ricardo e M.C. Mollica. Tomou-se como referência para o estudo da Linguística Textual as considerações teóricas e sistematização de Ingedore V. Koch.