MARCAS HISTÓRICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA NO BRASIL EM TESTAMENTOS PRODUZIDOS NO SÉCULO XIX, EM MINAS GERAIS
Anderson Jacob Rocha (FESP/UEMG)



Esta comunicação tem como tema o estudo histórico-linguístico do português e de práticas cartorial e religiosa materializadas em dois testamentos produzidos em Passos, cidade de Minas Gerais, na segunda metade do século XIX. O trabalho empreendido examina, por conseguinte, a língua utilizada no Brasil naquela época e os fatos históricos inscritos naqueles documentos, que estão arquivados no Centro de Memória Estação Cultura da cidade de Passos. Por meio da exigência de um tratamento interdisciplinar entre língua e história, pudemos identificar aspectos constitutivos da memória social e religiosa de Passos, o que nos levou a correlacionar mudanças sociais e mudanças linguísticas, bem como aproximar as práticas cartoriais às práticas de religiosidade. Este dado nos permitiu descobrir, também, informações históricas acerca do homem e da língua em uso naquele contexto sociocultural.
Para alcançar nossos objetivos, constituímos como fundamentação teórico-metodológica da pesquisa a Historiografia Linguística, na medida em que ela se conceitua como uma maneira de reescritura de fatos da história da língua, por meio de princípios. Com isso, o ato pesquisador se desenvolveu por meio da aplicação do recurso da metalinguagem e da operacionalização de três princípios teórico-metodológicos norteadores daquela área de conhecimento: princípio da contextualização, princípio da imanência e princípio da adequação teórica. Esses princípios foram propostos por Konrad Koerner (1995) e aplicados aqui na análise dos testamentos selecionados. Esses procedimentos permitiram-nos inferir que, embora os documentos analisados não se configurem como espelho da realidade, na verdade, eles se abrem à nossa interpretação e possibilitam-nos a reconstrução de dados da realidade.