GALÁXIAS E CONSTELAÇÕES NO ATLAS LINGUÍSTICO DE MATO GROSSO DO SUL (ALMS)
Alessandra Cirrincione (USP)



O presente trabalho visa viabilizar um estudo de astrotoponímia no âmbito dos estudos de toponomástica no Brasil, valendo-se de duas cartas do questionário semântico-lexical do Atlas Lingüístico de Mato Grosso do Sul (ALMS), nomeadamente, QSL 0035.a – três marias e QSL 0036.a – via láctea e fundamenta-se na conferência de Sapir Language and Environment (1911), conforme a qual o léxico de uma língua reflete o ambiente físico e social dos falantes. O ambiente físico abrange os aspectos geográficos de uma região e os recursos econômicos. O ambiente social é constituído pelas forças da sociedade que modelam a vida e o pensamento de cada indivíduo. Portanto, analisando a língua e o fato cultural que dela emerge, compreende-se a maneira pela qual as comunidades lingüísticas enxergam e representam o mundo. O homem se aproxima simbolicamente do real através da nomeação, fonte geradora do léxico das línguas naturais, que é a forma de registro e de conhecimento do universo (BIDERMAN, 2001: 13). Constelações e galáxias são lugares no espaço sideral: têm nomes próprios e podem ser tratados como astrotopônimos. Nomear significa aplicar um significante a um referente específico, extralingüístico, presente antes ou atrás da linguagem como um evento cognitivo, produto da nossa percepção (DICK, 2001: 81). Esta comunicação sintetiza a terceira etapa da pesquisa e se concentra na classificação das lexias, empregando como método de análise as taxionomias toponímicas de Dick (1992: 31-34). A linha de pesquisa é nova e inovadora e as vinte e sete taxes provaram ser um excelente instrumento de análise.