VOZES DA FRONTEIRA BRASIL/URUGUAI: INTEGRAÇÃO OU RESISTÊNCIA?
Alessandra Avila Martin (UNIPAMPA/UCPel)



Para Chasteen (2003), “a região de fronteira começou como uma terra de ninguém que separava as possessões sul-americanas da Espanha das de Portugal”. Devido a essa característica de “ser terra de ninguém”, historicamente, a região de fronteira Brasil/Uruguai foi marcada por fortes conflitos entre portugueses e espanhóis, que lutavam pela ocupação do território. Esses conflitos acabaram por dividir territorialmente portugueses e espanhóis e essa divisão se deu ainda por meio da língua, cultura. No caso deste trabalho, a delimitação entre os dois domínios (português/espanhol) é por meio da ponte Mauá que divide os dois países, de um lado a cidade de Jaguarão/Brasil e de outro a cidade de Rio Branco/Uruguai. Diferentes autores afirmam que a fronteira é um espaço híbrido, aberto, heterogêneo. Essa afirmação sobre a fronteira nos impulsionou a realizar uma pesquisa-piloto com dezoito sujeitos nascidos em Jaguarão/RS. O objetivo do trabalho foi analisar as marcas da diferença em um contexto que é muito próximo de outro país e observar, a partir dos enunciados, as vozes que são representadas no entorno da identidade jaguarense. A noção de plurilinguismo proposta por Bakhtin nos permitiu compreender a diversidade de vozes que constrói identitariamente essa região, revelando que o sujeito fronteiriço abriga vozes que compartilham do hibridismo, mas também traz vozes que o rejeitam e, portanto, marcam mais a diferença. O referencial trazido pelos Estudos Culturais, especificamente por Hall (2003, 2006), também contribuiu na análise.