A METAMENSAGEM NO DIÁLOGO LITERÁRIO: “Mosca Morta”, de Luiz Vilela
Agnaldo Sérgio de Martino / PUC-SP



O objetivo do trabalho é o estudo das relações entre língua oral e linguagem literária, procurando mostrar, na literatura brasileira contemporânea, os recursos empregados pelos escritores para reproduzir a interação verbal espontânea nos diálogos das personagens. A linguagem em geral está condicionada a inúmeros fatores e apresenta uma grande quantidade de variedades, cujas fronteiras, na prática, dificilmente podem ser bem demarcadas. Elas variam: no tempo (variedades diacrônicas): cada tempo tem seu modo linguistico próprio de expressar suas ideias; no espaço (variedades geográficas), cada região apresenta particularidades no modo de usar o idioma; na hierarquia sociocultural (variedades socioculturais), os indivíduos possuem determinados níveis de instrução ou cultura acadêmica que revelam em sua linguagem; na situação de comunicação (variedades situacionais), a linguagem se adapta a cada situação comunicativa em que nos envolvemos; na forma de realização (modalidades), podemos usar a língua falada ou a língua escrita. Esses limites, na verdade, não são sempre muito claros, ou estabelecidos. São mais facilmente percebidas as variações socioculturais, pois se distinguem em culta e popular, assim como as variações situacionais, que se separam em formais e informais. Em relação à modalidade, nós nos comunicamos no cotidiano por meio da língua falada, e pouco pela língua escrita, porém sabemos que existe ligação entre elas. Pretende-se, nesse trabalho, aplicar os princípios da análise da oralidade ao texto literário, a fim de se verificar como ocorre esse continuum entre fala e escrita, salientando – dentre as várias características da oralidade – a metamensagem contida nos diálogos que constituem o texto escrito.